Política

CRISE NO CLÃ DE BOLSONARO

Michelle Bolsonaro declara guerra aos enteados: "jamais negociarei valores"

Michelle passou a madrugada rebatendo enteados, inclusive a declaração misógina de Flávio de que ela "não é política",

Da Redação

Terça - 02/12/2025 às 10:58



Foto: Reprodução Michelle declara guerra aos enteados Flávio, Carlos, Eduardo e Jair Renan, filhos de Bolsonaro
Michelle declara guerra aos enteados Flávio, Carlos, Eduardo e Jair Renan, filhos de Bolsonaro

Uma semana após o marido ser encarcerado na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília, Michelle Bolsonaro (PL) declarou guerra aos enteados Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em torno da herança do espólio eleitoral de Jair Bolsonaro (PL).

Após implodir a aliança do PL com Ciro Gomes (PSDB) no Ceará, que foi costurada por André Fernandes (PL-CE) com aval de Bolsonaro, Michelle passou a madrugada rebatendo duramente os enteados e detonando o neotucano, que busca apoio e votos do bolsonarismo para disputar novamente o governo cearense.

Por volta das 3h desta terça-feira (2), Michelle soltou nota nos stories de seu perfil no Instagram, rebatendo os ataques de Flávio, Carlos e Eduardo, que a classificaram como "autoritária". A publicação acontece horas antes da reunião de urgência do PL, convocada para debater a guerra no clã.

Embora diga que "não vou" responder "às manifestações dos meus enteados", Michelle divulgou uma nota rebatendo todas os ataques, vindos especialmente de Flávio, que afirmou que a madrasta "não é política e precisa entender que a forma de tomar uma decisão às vezes é mais importante do que a própria decisão”, em declaração machista e misógina ao site Metrópoles.

"Eu respeito a opinião dos meus enteados, mas penso diferente e tenho o direito de expressar meus pensamentos com liberdade e sinceridade", afirmou, mirando Flávio em seguida.

"Antes de ser uma líder política, eu sou mulher, sou mãe, sou esposa e, se tiver que escolher entre ser política, mãe ou esposa, ficarei com as duas últimas opções", emendou Michelle, apresentando seu trunfo na guerra: o comando do eleitorado feminino na ultradireita.

Michelle abre a nota dizendo que "vivemos tempos difíceis" e que "nesses períodos, é normal que os nervos fiquem à flor da pele e podemos vir a machucar aqueles a quem jamais gostaríamos de magoar".

No entanto, a ex-primeira-dama deixa claro aos enteados e aos caciques do PL que não vai retroceder e incita apoiadores.

"Cada pessoa é livre para tomar as suas decisões, e eu o faço considerando, coerentemente, os meus valores: a minha fé e os princípios de uma política honesta, limpa e que verdadeiramente transforme a vida das pessoas - é nisso que acredito e é por esses objetivos que tenho trabalhado todos os dias", ressalta, indicando sua plataforma eleitoral, descrita no livro "Edificando a Nação: Sobre Bases e Valores".

Em seguida, ela passa a detonar a aliança costurada no Ceará por André Fernandes, que teve aval do marido, com o grupo político de Ciro Gomes.

"Eu jamais poderia concordar em ceder o meu apoio à candidatura de um homem que tanto mal causou ao meu marido e à minha família. Como apoiar (ou deixar de, caridosamente, admoestar quem apoia) um homem que foi responsável por implantar a narrativa que rotulou o meu marido como genocida? Como ficar feliz com o apoio à candidatura de um homem que xinga o meu marido o tempo todo de ladrão de galinha, de frouxo e tantos outros xingamentos? Como ser conivente com o apoio a uma raposa política que se diz orgulhoso de ter feito a petição que levou à inelegibilidade do meu marido e se diz satisfeito com a perseguição que ele tem sofrido?", dispara.

Michelle segue dizendo que "acredito em uma política diferente" e que "não basta derrotar o PT e a esquerda; é preciso fazê-lo mantendo-nos fieis aos nossos valores".

"No evento [no Ceará], vi nos olhos do povo que ama Bolsonaro o mesmo desconforto e insatisfação que eu sinto. Penso que derrotar o PT dessa forma seria o mesmo que trocar Joseph Stalin por Vladimir Lenin", disse a ex-primeira-dama, comparando Lula e Ciro aos dois líderes socialistas.

Michelle, então, enfatiza que não apoiará a aliança "ainda que essa fosse a vontade do Jair", ressaltando que "ele não me falou se é". 

"Peço aos meus enteados que me entendam e me perdoem, não foi minha intenção contrariá-los. Eu, assim como eles, quero apenas o melhor para o nosso herói, seu pai, meu esposo e o maior líder que esse país já teve - Jair Messias Bolsonaro", conclui.

Em seguida, Michelle seis vídeos com declarações de Ciro Gomes atacando o clã e uma notícia de Aécio Neves, líder do PSDB, dizendo que "não apoiaremos família Bolsonaro nem Lula em 2026".

Michelle encerra os ataques por volta das 4 horas desta terça-feira com novo recado aos enteados e aliados deles.

"E diante de todas as atrocidades, calúnias e difamações que Ciro Gomes lança contra mim, contra o meu marido, contra os meus enteados, seguimos firmes na verdade. Nada disso muda quem somos, nem o propósito que Deus nos confiou. Jamais negociareis os meus valores", conclui.

Fonte: Revista Fórum

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