Política

ENTREVISTA

Lula precisa de “frente ainda mais ampla” para superar a direita, diz José Carvalho

PCdoB do Piauí agenda plenária estadual e afina discurso rumo ao 16º Congresso Nacional do Partido previsto para outubro

Da Redação

Quarta - 25/06/2025 às 06:15



Foto: Pedro Sávio José Carvalho durante entrevista aos jornalistas Luiz Brandão e Roberto John no portal Piauí Hoje
José Carvalho durante entrevista aos jornalistas Luiz Brandão e Roberto John no portal Piauí Hoje

O diretório piauiense do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) confirmou para o fim de agosto a sua plenária estadual, etapa que definirá delegados e teses para o 16º Congresso nacional da sigla, previsto para outubro, em Brasília. A proposta é renovar pelo menos metade das direções municipais e trazer quadros jovens já testados em movimentos estudantis, sindicais e comunitários. 

“O PCdoB precisa aparecer com uma cara geracionalmente mais diversa”, afirmou o presidente regional José Carvalho Rufino, em entrevista ao Podcast do portal Piauí Hoje. “Também queremos chegar ao Congresso afinados em torno da reeleição de Luciana Santos na presidência do partido e da defesa de uma frente ampla em 2026”.

A plenária deverá reunir representantes de cerca de 50 municípios nos quais o partido mantém diretórios ou comissões provisórias. Até lá, esses núcleos realizam conferências locais para escolher seus delegados.

O debate estadual também definirá a estratégia eleitoral de 2026. O PCdoB pretende manter a cadeira da deputada estadual Elisângela Moura e, se possível, emplacar um nome na disputada chapa de 11 candidatos a deputado federal que a federação partilhada com PT e PV terá direito a lançar no Piauí. Carvalho defendeu “habilidade” na montagem da lista: “Queremos fortalecer a federação. Se houver liderança de fora disposta a vestir nossa camisa, conversaremos sem preconceito”.

Luíz Brandão, Zé Carvalho e Roberto John no estúdio do portal Piauí Hoje José Carvalho afirmou que o Congresso do PCdoB vai ratificar a estratégia de “defesa da democracia, do desenvolvimento com distribuição de renda e da reeleição de Lula”, além de indicar a necessidade de reforma política que aumente a representação popular no Parlamento.

Fundado em 1922, o PCdoB atravessou 103 anos de clandestinidade, resistência armada, participação nas Constituintes de 1946 e 1988 e presença contínua nos governos petistas. Entre suas bandeiras históricas, José Carvalho citou “reforma agrária, voto feminino e defesa intransigente da democracia”, acrescentando que o partido “jamais atuou isolado. Sempre acreditou na força das frentes”, em uma referência à participação em coalizões como a da era das Diretas-Já, a tríplice aliança PT-PCdoB-PV e, hoje, o governo Lula III.

Frente mais ampla

Durante a entrevista ao Podcast do portal Piauí Hoje, José Carvalho também avaliou que o Brasil convive com o Congresso mais conservador dos últimos 50 anos e, por isso, o governo Lula precisa ampliar alianças para assegurar governabilidade e chegar competitivo a 2026. 

“Desde as jornadas de 2013 estamos na defensiva. A direita se reestruturou, capturou pautas populares e hoje controla a agenda com a mesma lógica das ‘pautas-bomba’ de Eduardo Cunha”, disse. Para Carvalho, a derrubada recente do veto presidencial que segurava reajuste de 17 % na conta de luz é “exemplo cristalino” de uma Câmara “a serviço dos latifundiários, do sistema financeiro e dos mega-salários”.

Ele defendeu a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva como única candidatura capaz de manter unida a centro-esquerda e pregou uma coalizão mais larga do que a de 2022. “Precisamos de uma frente ainda mais ampla. Se quisermos derrotar esse projeto de extrema-direita, o arco deve incluir movimentos populares, setores médios, partidos do campo progressista e forças do centro democrático”, enumerou.

Na avaliação do dirigente, a popularidade do presidente não sobe na mesma velocidade dos indicadores econômicos porque “a máquina de comunicação dos adversários cria permanentemente um clima de crise”. Ele citou a resistência do Congresso à correção da tabela do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil como outro caso de boicote. “Quando o governo tenta aliviar o bolso do trabalhador, os mesmos que falam de responsabilidade fiscal empurram para 2026”.

Carvalho qualificou ainda a pauta internacional como elemento que pressiona o cenário brasileiro. Criticou o “genocídio a céu aberto” na Faixa de Gaza, classificou o governo de Donald Trump como “tirania disfarçada de democracia” e saudou as manifestações nos 50 estados norte-americanos contra a guerra. “O Brasil não pode ser expectador. Soberania e paz são inseparáveis do nosso projeto de desenvolvimento.”

Entrevista 

A seguir a entrevista de José Carvalho ao portal Piauí Hoje

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