O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escalou o ex-governador do Piauí Wellington Dias para organizar o lançamento da sua candidatura em 07 de maio e entregou uma delicada tarefa em suas mãos: evitar que as divergências internas da sua frente ampla ofusquem o evento.
Na quinta-feira (14), por exemplo, o presidente nacional do Solidariedade, Paulinho da Força, ficou incomodado com as vaias que recebeu em um evento com centrais sindicais. Guilherme Boulos, do PSOL, e o ex-presidente do PT Rui Falcão já fizeram críticas públicas ao ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), escolhido para vice na chapa.
A deputada federal Marília Arraes (Solidariedade-PE), deixou o partido por ter sido preterida pelo deputado Danilo Cabral (PSB-PE) na disputa ao governo de Pernambuco. Todos serão convidados para a cerimônia.
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Para desviar o foco dos conflitos, a ideia é dar ares de movimento ao evento do dia 7. Além de lideranças políticas, serão convidados artistas, economistas, cientistas e formadores de opinião de diversas áreas e das 27 unidades da federação.
Mais do que marcar a participação de Lula na disputa em outubro, o objetivo é organizar um ato contra os efeitos da gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL) e martelar em teclas como o retorno da fome e a alta inflação. Petistas o comparam ao movimento das Diretas Já, para dar mais destaque ao que os une do que ao que os separa.
Wellington Dias minimiza a situação e argumenta que mesmo em um casamento há divergências. Em uma aliança ampla, diz, é necessário ter maturidade para reconhecer as convergências: a defesa da democracia e o que chama de reconstrução do país em um cenário de "pós-guerra". "Parafraseando Lula, é hora de os líderes terem a coragem de colocar a pauta do povo em primeiro lugar", argumenta.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), também atua para minimizar as arestas em relação a outros partidos.
A deputada disse ao Paulinho da Força que a maioria do PT o apoia e acredita que as vaias que ele recebeu durante evento no sindicato foram isoladas e fruto de divergências entre sindicatos.
Ela diz que tentará encontrá-lo esta semana para conversar. Da mesma forma, Gleisi pretende buscar o presidente do PSD, Gilberto Kassab, para atraí-lo para uma aliança. Embora Kassab já tenha dito que quer ter candidato próprio, Gleisi insistirá na busca do apoio.
"Ainda não desisti. Somos persistentes", diz a presidente do PT sobre o PSD.
Fonte: FÁBIO ZANINI/FOLHAPRESS