Política

CPI DO INSS

Governo Lula se organiza para disputar relatoria da CPMI do INSS

Comissão que vai investigar fraudes bilionárias será instalada em agosto; Planalto e bolsonaristas disputam o controle político da investigação

Da Redação com informações do Brasil 247

Sexta - 20/06/2025 às 08:00



Foto: Ricardo Stuckert/PR Luiz Inácio Lula da Silva
Luiz Inácio Lula da Silva

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já se prepara para atuar com força na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar fraudes bilionárias em benefícios do INSS. A comissão será instalada em agosto, após o recesso parlamentar, e se tornou o novo foco de disputa entre o Planalto e a oposição ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Mesmo com aliados dizendo que a investigação pode atingir mais a gestão passada do que a atual, o governo sabe que a CPMI pode trazer prejuízos políticos e, por isso, quer garantir maioria no colegiado. A comissão terá 30 membros titulares, 15 deputados e 15 senadores, com poder para convocar autoridades, pedir documentos e sugerir punições.

Nomes de confiança 

Para tentar comandar os trabalhos da CPMI, o governo já apoiou o nome do senador Omar Aziz (PSD-AM) para a presidência. Ele é próximo ao Planalto e ficou conhecido por presidir a CPI da Covid, em 2021.

O cargo mais importante, porém, é o de relator, que será escolhido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). É ele quem ficará responsável por escrever o relatório final da comissão.

O Planalto quer que a relatoria fique com a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), autora do pedido de criação da CPMI e com boa relação com o governo. Já a oposição se articula para impedir a escolha de Tabata, argumentando que o relator deve ser “neutro”. Um deputado do União Brasil, partido de centro-direita, está entre os cotados.

O governo deve colocar parlamentares experientes na linha de frente da comissão para enfrentar a oposição. Estão cotados Paulo Pimenta (PT-RS), Maria do Rosário (PT-RS), Orlando Silva (PCdoB-SP) e Rogério Carvalho (PT-SE).

A ideia é evitar que o caso seja usado como arma política pelos bolsonaristas nas eleições de 2026.

Apesar disso, o Planalto enfrenta problemas até dentro da base. O PSD na Câmara, por exemplo, escolheu como titular o deputado Sidney Leite (AM), que já fez críticas ao governo. O suplente será o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), conhecido por confrontar o PT em outras CPIs.

Centrão

A disputa política para formar a CPMI já começou, mesmo antes da abertura oficial para as indicações. O governo tenta convencer líderes partidários a indicarem nomes aliados, mas encontra dificuldades. Há reclamações sobre a demora na liberação de emendas parlamentares e desânimo entre deputados da base.

Como em outras votações importantes no Congresso, o centrão deve ter papel decisivo na formação da maioria e na definição do relator.

Fraudes no INSS envolvem até R$ 6 bilhões 

O escândalo que será investigado envolve descontos indevidos em aposentadorias e pensões. Segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), os valores desviados podem chegar a R$ 6 bilhões.

A crise já levou à saída do ministro Carlos Lupi do Ministério da Previdência Social. A avaliação interna no governo é que o caso já afetou negativamente a imagem do presidente Lula.

Mesmo assim, assessores do Planalto esperam que parte da responsabilidade seja dividida com o governo anterior, já que muitos dos convênios com entidades suspeitas foram assinados ainda na gestão Bolsonaro.

A oposição, porém, quer focar apenas na gestão atual, dizendo que os descontos ilegais cresceram no novo governo e destacando ligações entre um irmão de Lula e uma das entidades investigadas.

A CPMI deve funcionar por 180 dias, ou seja, até o começo de 2026, pouco antes do início da campanha eleitoral. Por isso, a expectativa é de que o clima político no Congresso fique ainda mais tenso.

Fonte: Brasil 247

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