O delegado Roni Silveira, em entrevista ao Piauí Hoje, detalhou o esquema de corrupção desarticulado na manhã desta quinta-feira (28), que envolvia servidores do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-PI) e funcionários de autoescolas. Os envolvidos cobravam valores para ajudar alunos a obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
A Secretaria de Segurança Pública, por meio da Superintendência de Operações Integradas (SOI), em conjunto com a Polícia Civil e Polícia Militar, cumpriu 25 mandados de busca e apreensão e prendeu 17 pessoas envolvidas no esquema: 7 são servidores do Detran e os demais são instrutores de autoescolas. A investigação levou quase 10 meses para ser concluída.
Segundo o delegado, os instrutores atuavam de duas formas: existiam aqueles que cooptavam alunos no dia do exame, e aqueles que, percebendo uma certa insegurança no aluno durante as aulas, ofereciam uma "ajuda" para a aprovação, ajuda essa que custava em torno de R$ 400 a R$ 600.
O dinheiro pago aos instrutores era repassado para os servidores do Detran, e assim a aprovação do aluno era combinada.
Em uma das autoescolas alvos da operação, o próprio dono era responsável pela cooptação de candidatos. "O dono foi preso, foi alvo de busca e apreensão, e a atividade da autoscola foi suspensa por determinação judicial", explica o delegado.
Segundo Roni Silveira, é difícil dizer quanto dinheiro foi movimentado nesse esquema de corrupção. "A gente trabalha com afastamento de sigilo bancário fiscal de dois anos. Então pode ser que a gente traga isso até para um período anterior, porque nós estabelecemos um lapso temporal justamente para entender como eles funcionavam, não para desgastar toda a investigação, mas sim para entender como funcionava. E o lapso de dois anos já foi suficiente para termos uma boa surpresa", informa o delegado.
A engenheira Luana Barradas, diretora-geral do Detran-PI, informou que o órgão foi quem enviou as informações à Secretaria de Segurança Pública, visto que o Detran não tem autoridade policial para realizar investigação.
"O Detran teve papel ativo nessa investigação. Desde o início da gestão, nós firmamos um compromisso com a população de investir cada vez mais em tecnologia para que a gente traga mais lisura, transparência e segurança nos processos do órgão. Então, no segundo semestre do ano passado, nós implantamos o monitoramento eletrônico em todos os exames práticos do Piauí. Assim, nós recebemos relatórios com inconsistências que evidenciavam esse tipo de prática e colaboramos com a Secretaria de Segurança Pública nas investigações", disse.
"Nós analisamos as imagens que recebemos e realmente notamos que havia um comportamento estranho dos examinadores. O examinador aparecia de algum tipo de top, o examinador mexia na câmera do carro, algumas coisas realmente eram estranhas", confirmou o delegado.