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'Bullying de Trump contra Brasil está saindo pela culatra', diz jornal americano

Artigo no jornal The Washington Post diz que intimidação americana aumentou apoio interno ao presidente brasileiro e enfraqueceu a credibilidade dos EUA na região

Da Redação

Segunda - 21/07/2025 às 17:15



Foto: Montagem BBC Os presidentes Lula e Donald Trump
Os presidentes Lula e Donald Trump

Um artigo publicado neste domingo (20) no The Washington Post afirma que o “bullying praticado por Donald Trump contra o Brasil está saindo pela culatra”. O texto se refere às tarifas de 50% anunciadas pelo governo americano contra produtos brasileiros em protesto ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).

Assinado pelo colunista Ishaan Tharoor, o artigo aponta que a demonstração de força dos EUA acabou fortalecendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ganhou apoio popular e até de setores da elite brasileira diante da crise diplomática.

Segundo o jornal, enquanto países menores da região acabaram cedendo às pressões de Washington, a economia brasileira, mais robusta e diversificada, deu espaço para que Lula transformasse o conflito em uma oportunidade política.

Escalada diplomática

A tensão se intensificou após a Polícia Federal, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, realizar buscas em endereços de Bolsonaro. O ex-presidente recebeu tornozeleira eletrônica, teve restrições de deslocamento e está proibido de contatar diplomatas e investigados no caso do suposto golpe de Estado.

No mesmo dia, os EUA reagiram suspendendo o visto de entrada de Moraes e alegaram “caça às bruxas política” do STF contra Bolsonaro. Fontes diplomáticas ouvidas pelo Washington Post criticaram Trump pela decisão.

“É difícil conceber algo mais prejudicial à credibilidade dos EUA na defesa da democracia do que sancionar um juiz da Suprema Corte de outro país por discordar de suas decisões”, disse, sob anonimato, uma autoridade do Departamento de Estado americano.

Tarifa como presente político

Para o jornal, as tarifas funcionaram como um “presente” para Lula. Pesquisas apontam que a crise com os EUA renovou o apoio ao governo brasileiro e prejudicou interesses de elites empresariais que tradicionalmente financiam a oposição conservadora.

Um diplomata brasileiro ouvido pelo jornal ironizou: “O Papai Noel chegou mais cedo para Lula, e quem mandou o presente foi Trump, com esse ataque atrapalhado à soberania do Brasil”.

As tarifas, anunciadas em 9 de julho, entram em vigor em 1º de agosto. Os EUA são o terceiro maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China e da União Europeia. Analistas ouvidos pela BBC Brasil avaliam que é pouco provável que o governo Trump recue, ao contrário de outros episódios em que ameaças tarifárias foram revertidas.

Fonte: BBC News

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