
Cada vez mais, crianças e adolescentes estão se expondo nas redes sociais de forma aberta, o que gera grandes preocupações entre os pais e especialistas em segurança digital. Um estudo realizado pela empresa Unico e o Instituto de Pesquisas Locomotiva, divulgado no Dia Internacional da Proteção de Dados (28/01), revela que pelo menos uma em cada três contas de crianças e adolescentes de 7 a 17 anos no Brasil tem perfil totalmente aberto, permitindo que qualquer pessoa visualize suas postagens.
A pesquisa foi feita com 2.006 pais e responsáveis de crianças e adolescentes em todo o Brasil. Um dos dados mais preocupantes é que 47% dos jovens não controlam seus seguidores, o que significa que podem adicionar qualquer pessoa e interagir com desconhecidos. Esse comportamento, especialmente entre os mais jovens, está gerando grandes conflitos familiares, como Suzana Oliveira, mãe de uma menina de 12 anos, que mora em São Paulo.
Exposição nas redes sociais
Suzana observa com preocupação que sua filha, mesmo com o acompanhamento da mãe, continua a deixar seu perfil aberto nas redes sociais, incluindo Instagram e Snapchat. Isso permite que qualquer pessoa, mesmo sem autorização, visualize suas publicações. Ela destaca que, apesar de monitorar o uso de celular e restringir o tempo de tela, crises de ansiedade e estresse têm sido provocadas pelo uso excessivo das redes sociais.
Segundo Diana Troper, especialista da Unico, a situação é preocupante porque as informações acessíveis em perfis abertos podem ser usadas para a prática de crimes, fraudes e outras atividades maliciosas. Troper ressalta que essas informações expostas são especialmente perigosas para pessoas vulneráveis, como crianças e adolescentes.
Embora 89% dos pais acreditem estar preparados para garantir a privacidade de dados de seus filhos, 73% não sabem o que pode causar vazamentos de informações. O levantamento também aponta que 75% das crianças e adolescentes no Brasil possuem um perfil em alguma rede social, o que coloca esses jovens em risco. Além disso, 61% compartilham fotos pessoais, marcam localizações e identificam membros da família nas plataformas.
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) determina que dados pessoais só podem ser coletados com o consentimento do usuário, o que torna ainda mais importante que os perfis dos menores sejam fechados para evitar riscos.
A pesquisa destaca que, apesar da maioria dos pais acreditarem que devem educar seus filhos sobre proteção de dados, 73% não sabem como evitar vazamentos de dados. Diana Troper enfatiza que a educação digital e a conscientização sobre o que pode ser feito para proteger as informações pessoais são fundamentais para garantir a segurança online dos jovens.
Entenda os riscos e como prevenir
Os riscos de uma exposição excessiva nas redes incluem o acesso a links suspeitos, o uso de redes públicas de wi-fi, o compartilhamento de senhas e o uso de aplicativos duvidosos. Essas atitudes podem resultar em vazamentos de dados, facilitando a fraude digital e roubo de informações pessoais.
Uma recomendação para evitar esses problemas é garantir que as contas nas redes sociais estejam configuradas para privacidade. Isso ajuda a proteger as informações pessoais, incluindo fotos e localizações, que podem ser usadas por criminosos para criar mapas de vulnerabilidades.
Medidas para proteger os filhos
A mãe de Pedro Santana, de 13 anos, e de Clara Santana, de 10, Keila Santana, de Brasília, destaca que seus filhos não têm perfis abertos e que o uso das redes sociais é limitado. Pedro, por exemplo, usa as redes apenas para conversar com amigos e não publica fotos. Keila afirma que acompanhar o comportamento digital dos filhos é um desafio, mas acredita que a educação e o controle parental são essenciais para proteger as crianças dos conteúdos prejudiciais que circulam online.
Luciana Alencar, mãe de dois meninos, também compartilha a preocupação com os conteúdos que seus filhos podem acessar nas redes sociais, como misoginia, homofobia e outros preconceitos. Ela se preocupa com a reprodução desses conteúdos, que podem ser prejudiciais ao desenvolvimento de seus filhos.
No caso de Ian Fernandes, mais velho, a mãe se tranquiliza por ele decidir passar menos tempo nas redes e mais tempo praticando atividades como jogar futebol. Ian assegura que ele pretende manter seu perfil aberto apenas no mundo presencial.
O aumento do uso das redes sociais por crianças e adolescentes exige que os pais estejam mais atentos à privacidade digital e aos riscos que a exposição excessiva pode causar. Além de monitorar o uso, a educação digital e a conscientização sobre as implicações legais e sociais da exposição online são essenciais para garantir a segurança e o bem-estar das futuras gerações.
Fonte: Agência Brasil