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DESCOBERTA

Sítio arqueológico descoberto na UFPI, em Teresina, revela que indígenas vivam na área

Foram encontrados no sítio arqueológico do campus de Teresina, mais de 1 mil artefatos de populações ceramistas de língua do tronco tupi

Alinny Maria

Quarta - 17/07/2024 às 10:24



Foto: Arquivo/UFPI Artefatos de cerâmica localizados em Sítio Arqueólogico nas dependências da UFPI
Artefatos de cerâmica localizados em Sítio Arqueólogico nas dependências da UFPI

Pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI) encontraram um sítio arqueológico com artefatos de cerâmica indígena no próprio campus da instituição localizada no bairro Ininga, na zona Leste de Teresina. A descoberta revelam aspectos importantes das antigas populações ceramistas de língua do tronco tupi, ancestrais dos povos Tupinambá.

Segundo a UFPI, a descoberta ocorreu ainda no ano de 2016, quando um aluno realizava um experimento de plantio no Centro de Ciências Agrárias (CCA). O aluno encontrou encontrou cerâmicas que foram identificadas como pertencentes às populações Tupinambá

Desde então, o Sítio Arqueológico Ininga tem sido um campo de pesquisa ativa, integrando os alunos diretamente nas investigações arqueológicas. No local, já foram recuperados mais de mil artefatos que estão em processo de curadoria para posterior análise.

Este sítio arqueológico além do potencial para pesquisas, permite contribuir para o desenvolvimento das atividades de ensino e aprendizado dos alunos de graduação e pós-graduação. A cultura material evidenciada é representada por cerâmicas, líticos e material histórico, ocorrendo peças até 70 centímetros de profundidade. A maior parte dos artefatos cerâmicos e líticos são oriundos da ocupação por população Tupi, sendo um dos primeiros sítios relacionados a estes povos na região.

Corpo acadêmico durante visita ao sítio arqueológico / Foto: UFPI

O professor de Arqueologia da UFPI e um dos responsáveis pelas pesquisas, Ângelo Correa, explica a importância do sítio:

 "Nós temos vários campos de pesquisa aqui na Universidade Federal do Piauí, e um deles é o estudo de populações ceramistas. Essas populações, que eram agricultoras e produziam artefatos cerâmicos como panelas e potes, são antepassadas dos povos Tupinambá. A descoberta do Sítio Ininga dentro do campus universitário foi um marco, pois nos permitiu integrar o ensino teórico e prático de forma inédita."

Além do valor educativo, o Sítio Ininga tem revelado artefatos significativos. Entre as descobertas, estão ferramentas de pedra lascada e polida, lâminas de machado e fragmentos de cerâmicas ricamente decoradas. Essas cerâmicas, conhecidas como policromas, são únicas fora da bacia amazônica e possuem pinturas com combinações de linhas pretas, pontos pretos e faixas vermelhas sobre um fundo claro.

"A cerâmica dessas populações é notável pela sua riqueza gráfica e morfológica. Encontrar essa cerâmica polícroma, que é característica dos povos de língua tupi, confirma a presença e a extensão da ocupação dessas populações na região de Teresina e arredores". conclui o professor.

Atualmente, as pesquisas no Sítio Ininga continuam, focando na prospecção intensiva para determinar a extensão do material e planejar futuras escavações. Além disso, análises físico-químicas das argilas e tintas estão sendo conduzidas para entender melhor os métodos de produção e os hábitos alimentares dessas populações antigas.

O impacto dessas descobertas vai além do campo acadêmico, pois contribui para a valorização e preservação do patrimônio histórico-cultural do Piauí. Com o Sítio Ininga, a UFPI avança no conhecimento sobre as populações tupinambás, e também oferece uma oportunidade única para os estudantes vivenciarem a arqueologia na prática.

Fonte: Com informações da UFPI

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