
Existem histórias de amor que mais parecem montanhas-russas emocionais: intensas, turbulentas e imprevisíveis. Em um momento, tudo parece perfeito. No outro, tudo desmorona. São os chamados relacionamentos cíclicos — vínculos marcados por idas e vindas constantes, em que o término nunca é definitivo e o recomeço raramente é saudável. Embora possam parecer movidos pela paixão, na realidade, esse “vai e volta” frequente muitas vezes mascara padrões destrutivos, que afetam a autoestima, o equilíbrio emocional e a saúde mental dos envolvidos.
A ilusão do recomeço
Uma das principais armadilhas dos relacionamentos cíclicos é a esperança de que “dessa vez vai ser diferente”. Cada reconciliação vem acompanhada de promessas de mudança, declarações intensas e a sensação momentânea de alívio. No entanto, com o tempo, os velhos problemas ressurgem. A dinâmica se repete: desentendimentos, frustrações, mágoas acumuladas — e mais uma separação.
Esse ciclo vicioso cria uma dependência emocional difícil de quebrar. Muitas pessoas permanecem presas nesse looping por acreditarem que o amor verdadeiro supera tudo, inclusive os danos recorrentes. Mas, na prática, o retorno contínuo à mesma relação problemática raramente leva à evolução do casal — pelo contrário, tende a aprofundar as feridas.
O impacto na autoestima e na identidade
Cada término representa um colapso emocional. E cada reconciliação exige um esforço para ignorar as dores passadas. Com o tempo, a pessoa passa a duvidar de si mesma. Será que está exagerando? Será que está esperando demais? Será que vai conseguir alguém melhor? A insegurança se instala.
A identidade também se dilui. Em muitos casos, quem vive um relacionamento cíclico deixa de fazer planos individuais, de se conectar com os próprios desejos e objetivos. Vive-se em função da relação — e mais especificamente, em função de “salvar” essa relação. A vida gira em torno do outro, e não mais em torno de si. Aos poucos, o “eu” se perde.
A dependência emocional disfarçada de amor
É comum confundir esse tipo de dinâmica com amor intenso, mas o que existe, na maioria das vezes, é dependência emocional. O medo de estar só, o apego à ideia de um “nós”, a dificuldade de aceitar o fim e a idealização do parceiro criam uma prisão emocional. A sensação de falta, quando se está longe, e o prazer do reencontro reforçam a ilusão de que “um não vive sem o outro”. Mas esse sentimento, em vez de indicar conexão saudável, revela uma relação de apego tóxico.
Além disso, a oscilação constante entre rompimento e retorno mina a confiança, a estabilidade e a segurança — pilares essenciais de um relacionamento saudável. Quando um casal termina e volta repetidas vezes, perde-se a clareza sobre os próprios limites e o respeito mútuo pode ser comprometido.
Por que é tão difícil sair?
Romper definitivamente com um relacionamento cíclico exige mais do que força de vontade. Muitas vezes, envolve romper com padrões emocionais enraizados, enfrentar medos profundos (como o de estar só ou o de fracassar) e abrir mão de uma história construída ao longo do tempo. Além disso, há o fator da esperança: a expectativa de que tudo ainda pode se transformar.
Também há o julgamento externo. Muitas pessoas permanecem presas a esse tipo de relação por medo de críticas (“vocês não se acertam nunca mesmo”), ou por vergonha de mais uma tentativa fracassada.
O caminho para o fim do ciclo
O primeiro passo é reconhecer o padrão. Admitir que o relacionamento não está evoluindo e que as idas e vindas estão causando mais dor do que crescimento é fundamental. Em seguida, é necessário trabalhar o autoconhecimento e a autoestima. Terapia, apoio de amigos e familiares, e momentos de introspecção são recursos poderosos nesse processo.
É importante entender que o amor verdadeiro não é um campo de batalha constante. Não exige sofrimento contínuo, nem esforço desesperado para manter algo que insiste em se desmanchar. Relacionamentos saudáveis são construídos sobre estabilidade, diálogo, parceria e respeito — não sobre reencontros depois de feridas abertas.
Conclusão
Relacionamentos cíclicos não são sinônimo de intensidade ou paixão verdadeira — são sinais de desequilíbrio emocional, medo e carência afetiva. Romper com esse ciclo é um ato de coragem e amor-próprio. É compreender que recomeçar pode ser necessário — mas não com quem já te quebrou diversas vezes. A verdadeira transformação acontece quando você decide voltar para si, se priorizar e construir um novo caminho, longe do caos que aprisiona e destrói. Porque merecer amor também é merecer paz.
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