
O Piauí deu início à construção da maior usina de hidrogênio verde do planeta, localizada na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Parnaíba, no litoral do estado. A obra, liderada pela multinacional espanhola Solatio Energia Livre, começou com a limpeza de uma área de 154 hectares e deve gerar mais de 2 mil empregos diretos na primeira etapa.
Com um investimento inicial de R$ 27 bilhões, o projeto é o primeiro no mundo em escala industrial voltado à produção de hidrogênio verde (H2V). A planta terá capacidade para gerar 400 mil toneladas de hidrogênio e 2,2 milhões de toneladas de amônia verde por ano, voltadas principalmente para exportação à Europa.
A limpeza do terreno deve durar entre cinco e sete meses. Após essa fase, começarão as obras civis e a instalação dos sistemas elétricos, hidráulicos e dos equipamentos. A usina está prevista para entrar em operação no segundo semestre de 2029, com conclusão total estimada para 2031.
Por que o Piauí?
A escolha do estado se deve a dois fatores principais: a abundância de água subterrânea e a produção local de energia renovável. O estado produz atualmente sete vezes mais energia (quase 100% limpa) do que consome, o que o torna ideal para projetos desse porte.
Além disso, o alto consumo de energia da usina — estimado em 3 GW, três vezes o consumo atual de todo o Piauí — deve impactar positivamente na arrecadação estadual. Hoje, impostos sobre energia (como o ICMS) beneficiam principalmente estados consumidores; com a Solatio consumindo dentro do próprio território piauiense, a arrecadação ficará no estado.
Empregos e potencial industrial
Até 2031, a expectativa é de criação de cerca de 2.300 empregos diretos na construção. Após a conclusão, centenas de postos qualificados serão necessários para a operação da usina. O projeto também deve atrair novas indústrias, como fábricas de fertilizantes e siderúrgicas voltadas à produção de aço verde.
Segundo a Agência Investe Piauí, a produção de amônia — matéria-prima para fertilizantes — pode transformar o estado em um polo estratégico, ajudando a reduzir a dependência nacional de importações. Já o presidente da ZPE Piauí, Álvaro Nolleto, destacou que o minério de ferro produzido no estado pode ser usado na fabricação de aço com hidrogênio verde, altamente valorizado no mercado europeu.
Cuidados ambientais
A obra segue normas ambientais rigorosas, segundo os responsáveis técnicos. A limpeza da área é acompanhada por engenheiros e biólogos, e medidas como afastamento prévio da fauna com uso de som, paralisação em caso de ninhos e preservação de espécies nativas estão sendo adotadas.
Além disso, a empresa já iniciou o preparo de viveiros para o replantio de mudas e a recomposição da vegetação. Todas as licenças ambientais foram emitidas pelos órgãos competentes, e a área foi isolada para garantir a segurança.
Energia limpa em destaque
O projeto coloca o Piauí em posição estratégica no mercado global de energia limpa. O hidrogênio verde, produzido por eletrólise da água com energia renovável, é considerado uma das principais alternativas aos combustíveis fósseis, apesar de ainda ter custo elevado e depender de infraestrutura para transporte e armazenamento.
O estado já vem se destacando no setor. Na semana passada, Teresina sediou a Brazil Energy Conference 2025, reunindo mais de 5 mil participantes. O evento resultou na assinatura da Carta Brazil Energy, que será levada à COP30, com compromissos pela transição energética e justiça climática.
Com a nova usina, o Piauí se posiciona como protagonista na produção de combustíveis sustentáveis e deve atrair uma nova cadeia de investimentos para a região.
Fonte: CCOM-PI