
Celebrado nesta quarta-feira, 18 de junho, o Dia do Orgulho Autista convida a sociedade a repensar visões estereotipadas e a valorizar a neurodiversidade. A data é marcada pela luta por respeito, inclusão e reconhecimento do autismo como uma forma legítima de ser. Para mães como a enfermeira Leia Carrias, a jornada entre o diagnóstico e o orgulho passa por aprendizado diário, quebra de preconceitos e muita escuta.
Leia é mãe de Luke, de 7 anos, e Lana, de 5, duas crianças autistas que transformaram a forma como ela vê o mundo, e a si mesma. "Quando recebi o diagnóstico, meu conhecimento sobre o autismo era muito limitado, como ainda é o de muitas pessoas", lembra.
Leia Carrias e Luke - Foto: Arquivo pessoal
O que antes era medo e incerteza, deu lugar à esperança e orgulho ao acompanhar o desenvolvimento dos filhos. "O progresso deles, a superação dos limites, as expectativas sendo alcançadas... Eu nem acreditava que eles fossem falar, muito menos ser alfabetizados", relata.
Hoje, ela estimula que Luke e Lana se reconheçam e se expressem livremente. “Encorajo meus filhos a se expressarem tanto em casa quanto em público, sem reprimir suas estereotipias. Explico, de forma leve, o que significa ser uma criança autista, para que cresçam com consciência e aceitação de quem são.”
Apesar dos avanços nas discussões públicas, Leia acredita que ainda há um longo caminho até que o autismo seja realmente compreendido como parte da diversidade humana. "A sociedade gosta de pensar que sabe o que é o autismo, até mais do que quem vive isso todos os dias. Mas nós, pais atípicos, sentimos de forma crua que ainda há muito o que aprender."
Ela também compartilha como lida com os olhares curiosos e os conselhos não solicitados. "Quanto aos olhares, lido com indiferença. Quanto aos conselhos, com resistência. Quando vale a pena, argumento; quando não, faço ‘ouvido de mercador’."
Para que o orgulho autista vá além dos discursos e se torne prática cotidiana, Leia defende o convívio como principal ferramenta de transformação. “É na convivência que acontece o aprendizado. Falar é fácil, viver é diferente. Também é preciso acabar com os estigmas de que todo autista é superinteligente ou completamente incapaz. Cada pessoa autista é única.”
(*) Lília Ferreira é estagiária sob supervisão da jornalista Nayrana Meireles -DRT 0002326/PI