
Em uma entrevista recente, Vera Paiva, filha do deputado federal Rubens Paiva, revelou um episódio ocorrido em 2014, quando Jair Bolsonaro, então deputado federal, cuspiu em um busto em homenagem ao seu pai na Câmara dos Deputados. Rubens Paiva foi preso e morto pela Ditadura Militar instalada no Brasil em 1964. Ele é considerado desaparecido porque o corpo nunca foi encontrado e devolvido à família.
O pior é que os horrores da Ditadura Militar continuam impunes. Nenhum militar, incluindo general, foi punido pelos crimes que cometeram em todo país. Esse é um dos motivos que levaram militares de alta patente a tentar um novo golpe de estado no Brasil, em 2022, num movimento liderado pelo ex-presidente Jaír Bolsonaro e alguns generais do gabinete dele, conforme revelou a Polícia Federal.
Vera, que é professora e ativista, também lembrou que, na época, havia um cartaz pendurado na porta do gabinete de Bolsonaro. A imagem mostrava um cachorro com um osso na boca, acompanhada da frase: "quem procura osso é cachorro".
Bolsonaro posa em frente a um cartaz em que prega anistia para torturadores da Ditadura Militar "Foi um um dos primeiros marcos de memória, uma iniciativa do deputado Paulo Teixeira, de produzir um busto do meu pai, que é o único desaparecido político do Congresso Nacional, da Câmara e do Senado. É o único parlamentar cuja condição é desaparecido”, disse Vera em entrevista ao programa “Em Detalhes”, do Instituto Conhecimento Liberta (ICL), em março deste ano.
Segundo Vera, no dia da inauguração, Bolsonaro passou em frente ao busto, provocando, e cuspiu. “Entre a Câmara e o Senado, tem o busto de Rubens Paiva. No dia da inauguração, lotado de gente, o Bolsonaro passa na frente, no meio da família, provocando, como todo covarde, e dá uma cuspida nesse primeiro marco e símbolo de memória e de homenagem a Rubens Paiva”, contou.
Vera destacou que, quando visita o local, é como se estivesse indo a um “túmulo que não existe”. “Esse é um lugar que a gente peregrina. Quando vai a Brasília, qualquer pessoa da família ou amigos vão lá, levam flores, fazem homenagem, tiram uma fotografia e mandam para gente. Quando eu vou lá, é como se eu tivesse ido num túmulo que não existe”, afirmou.
Fonte: Diário do centro do mundo