Uma caravana formada por 50 estudantes da Universidade Federal do Piauí (UFPI) parte na manhã desta segunda-feira (10/11) com destino a Belém (PA) para participar da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30). O grupo, que tem a coordenação da professora Socorro Arantes e do professor Mairton Celestino, é composto em boa parte por estudantes indígenas, cujo protagonismo é central para as discussões que levarão ao evento.
A abertura oficial da COP-30 será realizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, às 10h desta segunda-feira. A conferência, que segue até o dia 21 de novembro, é considerada um dos fóruns globais mais importantes para debater e negociar ações contra o aquecimento global. A escolha de Belém para sediar o evento reforça o papel crucial da Amazônia na regulação do clima do planeta.
O ponto central da participação da comitiva da UFPI é fortalecer as pesquisas de mestrado e doutorado de estudantes indígenas que investigam a gestão ambiental e territorial como estratégias de enfrentamento à injustiça climática. Esta é a proposta financiada pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
Na Zona Azul, o espaço administrado pela ONU e destinado a credenciados e negociadores oficiais, o grupo vai apresentar a experiência de internacionalizar a ciência indígena. A apresentação focará nos diálogos de conhecimentos entre Brasil, país com mais de 300 povos indígenas, e a Bolívia, onde cerca de 48% da população se autodeclara indígena, segundo o último censo do país.
Protagonismo e conexão entre biomas
O tema do evento liderado pela UFPI na COP é "Jovens Indígenas, Emergência Territorial na Proteção dos Ecossistemas Cerrado para Justiça Climática". A iniciativa prioriza a voz dos jovens indígenas, defendendo que a geração atual deve deter conhecimentos para enfrentar a crise climática atual e pensar alternativas que unam saberes tradicionais e científicos.
"O protagonismo de jovens indígenas é fundamental para a promoção da justiça climática a partir dos territórios", destaca a professora Socorro Arantes. O trabalho apresentado evidencia projetos socioambientais comprometidos com os biomas de pertencimento dos estudantes, criando redes de relação entre a Amazônia e o Cerrado. Esses ecossistemas são entendidos como partes integradas, conectadas pelos saberes ancestrais e conhecimentos científicos na construção da justiça entre os povos.
A participação dos estudantes da UFPI ganha ainda mais relevância diante dos dados sobre desmatamento. O Cerrado, conhecido como a "caixa d'água do Brasil", já perdeu cerca de 50% de sua vegetação nativa, segundo dados do MapBiomas. É um bioma fundamental para a regulação hídrica de várias regiões e um grande sumidouro de carbono. Levar essa pauta para um fórum global, com a perspectiva única dos povos originários que nele habitam, é um passo crucial para pressionar por políticas de conservação eficazes.
A COP-30 representa, portanto, não apenas um palco para negociações entre países, mas uma vitrine para soluções práticas e ancestrais. A comitiva da UFPI leva na bagagem a ciência produzida no Piauí, mostrando ao mundo que a justiça climática passa, necessariamente, pelo reconhecimento e pela valorização dos conhecimentos dos povos indígenas.
A professora Socorro Arantes acompanha um grupo de alunos da UFPI à COP 30
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