O Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Júlio Romão está liberando os alunos às 11h por falta de merenda escolar. Localizada no bairro Gurupi, na zona Sudeste de Teresina, a creche funciona em tempo integral e atende pelo menos 300 crianças.
Janine Nóbrega, diretora adjunta do CMEI Júlio Romão, disse ao Piauí Hoje que a escola oferece quatro refeições ao dia e que os alimentos que a escola possui atualmente não são suficientes para atender à demanda. Os alimentos para a merenda escolar são enviados todo final de mês, o que ainda não aconteceu neste mês.
Os alimentos que a escola tem em estoque só seriam suficientes para alimentar as crianças por mais uma semana, com o funcionamento em um turno.
"A escola está sem merenda para ofertar para as crianças, a capacidade que nós temos não é suficiente para atender a demanda das quatro refeições diárias às quais elas têm direito. Então, funcionando modo parcial, elas têm o primeiro lanche e o almoço, as crianças saem da escola com o almoço", disse Janine.
Além disso, com o filho em casa, a rotina da estudante também fica afetada, pois ela tem as aulas e o estágio da faculdade.
Janine Nóbrega também informou que, até o momento, a Secretaria Municipal de Educação (Semec) não deu nenhuma resposta sobre a situação, e que outras escolas municipais também estariam liberando os alunos por falta de merenda.
A Escola Municipal São Sebastião, também na zona Sudeste de Teresina, liberou os alunos pelo mesmo problema. Uma mensagem foi enviada para os pais do alunos informando da suspensão das aulas.
A Semec foi procurada e não se pronunciou até a publicação desta matéria. O espaço continua aberto para esclarecimentos.
Mães lamentam suspensão das aulas
Marlubia Caroline, estudante de Pedagogia e estagiária, é mãe de Pietro Lorran, de 4 anos, uma criança atípica que estuda no CMEI Júlio Romão. Segundo ela, a suspensão das aulas afetam a rotina do seu filho e sua adaptação.
"A falta da merenda causa um desfalque, uma quebra na adaptação. Ele já tem a adaptação do horário escolar e vem esse problema que vai prejudicar, pois quando voltar no turno normal será uma nova adaptação de rotina para ele", afirma.
A pedagoga Antônia Zoralha, mãe da pequena Antonella Neves, também expressou sua insatisfação ao Piauí Hoje.
"Isso é inaceitável, é inadmissível. As gestão da escola já avisou que só tem insumos para fazer a merenda até sexta-feira, e se não normalizarem, vão ter que suspender as aulas. Não só eu, mas muitas mães serão prejudicadas. Nós que temos a escola como o único apoio, é o único local onde podemos deixar nossos filhos", desabafou.
Segundo Antônia, muitos pais vão precisar tirar dinheiro do bolso para pagar alguém para ficar com as crianças.
"A escola é um local de segurança, onde a gente se sente protegida, com nossos filhos protegidos. E nesse momento nós não temos essa proteção. Por uma irresponsabilidade da prefeitura, que não cumpriu com as suas obrigações, que é passar um insumo para a escola, para as crianças", declarou.
Itamara Holanda, mãe do José Gael, mora em Teresina há apenas oito meses. Ao Piauí Hoje, ela contou que teve dificuldades para arrumar um emprego e agora que conseguiu está enfrentando mais essa dificuldade.
"Eu estava bem aliviada porque o Gael estudava meio período e quando eu consegui essa vaga, já me trouxe mais um conforto, né? E aí, com menos de uma semana que o menino estava estudando, a gente recebeu aquela mensagem, informando que as crianças só poderiam ficar na escola meio período, por falta de insumo", disse.
Itamara disse que terá que sair do trabalho, pois em Teresina as pessoas cobram muito caro para cuidar de uma criança. "No meu caso é bem difícil, porque a escola era realmente uma rede de apoio. Eu não sei como é que vai ser. Eu vou faltar no trabalho a semana inteira por conta disso, e isso será descontado do meu salário. E nós queremos saber como é que fica essa situação, não pode deixar do jeito que está", declarou.
A cozinheira e empregada doméstica Janaina Fernandes Pereira é mãe de duas crianças que estudam no CMEI Júlio Romão. "É um descaso essas crianças estarem saindo cedo por conta de merenda. Eu trabalho o dia todo e por esse motivo meus filhos estão estudando na creche de tempo integral. Isso é um absurdo! Cadê as autoridades? São quase 300 crianças na creche, fica difícil para os pais que assim como eu trabalham o dia todo e precisam que as crianças fiquem na creche", afirma.