Teresina registra diariamente cerca de 25 mortes, segundo informações de agências funerárias da capital. Com a pandemia de Coronavírus, quatro casos confirmados na cidade acenderam um alerta nas autoridades que, por sua vez, tomaram resoluções duras suspendendo o funcionamento de serviços no âmbito da administração pública e privada a fim de evitar atividades que possam gerar aglomeração de pessoas e assim conter o avanço da doença.
O Covid 19 já provocou o colapso de diversos serviços no mundo inteiro, entre eles, os funerários como cremações e enterros. A Itália registrou quase 800 mortes de quinta para sexta-feira (20), foram exatamente 793 óbitos. Em Bergamo, norte do país, foi necessária intervenção do Exército para retirar corpos que os serviços funerários não deram conta. O país sofre ainda com número grande de agentes funerários contaminados pelo novo vírus. No Brasil já são 18 mortos, sendo 15 somente em São Paulo.
Sem nenhum óbito no estado, o Piauihoje.com conversou com empresários que oferecem serviços funerários na capital e observou que há dúvidas sobre a capacidade de atendimento do setor e, sobretudo, uma torcida para que cenário semelhante ao da Itália não aconteça aqui, além da adoção de procedimentos que também objetivam enfrentar a disseminação do Covid 19 como distribuição de álcool gel e máscaras em velórios e a orientação para que estes ritos, neste momento, fiquem restritos apenas aos familiares mais próximos, para não causar mais aglomerações.
Dorian Coelho, diretor-presidente da Funerária Ana Pax, situada no Centro Sul, conta que as vendas de caixões estão paradas no momento e comenta o contexto italiano.
“A coisa tá séria, [lá na Itália a doença] avançou por falta de interesse do governo italiano que deixou a população aglomerada e não fez nada a tempo”.
O empresário tem convicção de que a melhor atitude para o momento é, de fato, o isolamento. “Acho que tem que ficar recolhido mesmo pra não propagar [o coronavírus] porque aqui não temos estrutura. Se der pane [como a da Itália], eu mesmo fecho a funerária. Não tem como atender, quem vai pagar se tá tudo parado”, diz.
De acordo com o empresário, a capital possui 14 funerárias e a Ana Pax vende em média oito caixões por mês em Teresina. Coelho afirma que não teria como atender uma demanda maior, caso o novo vírus se alastre. “Se tiver um surto não tem como [atender]. Ninguém estoca caixão, se estocar o cupim come’, comenta.
Já para Luciano, responsável pelo setor de vendas da Funerária Nova Vida Eterna, as condições são totalmente diferentes. O funcionário afirma que a empresa tem total capacidade para atender uma demanda inicial da pandemia, caso haja óbitos no estado.
“Nós estamos preparados, por enquanto não tem nenhum caso em Teresina e por isso o atendimento tá normal, tá no mesmo nível, a gente sempre tem um estoque bom, não tem problemas de estoque e também não aumentou nada, estamos com o mesmo padrão de venda”, afirma.
Para o vendedor da empresa que comercializa 70 caixões por mês, a crise do Covid 19 logo vai passar. “Minha opinião é que vai passar, o efeito tá sendo pouco, não tem caso aqui”, disse.
A reportagem tentou contato ainda com as funerárias Lótus e São José para comentar o contexto, mas não obteve retorno para esta publicação.
PAX UNIÃO
Ontem (21), o Piauihoje.com publicou matéria onde mostrou um caminhão com caixões sendo descarregados em frente às funerárias Pax União e São João Batista, na Avenida Miguel Rosa. Neste domingo (22), a assessoria de comunicação da Pax União divulgou nota afirmando que a imagem usada na publicação era antiga e classificou a matéria como Fake News.
O portal entrou em contato com Felipe Duailibe, que confirmou ter sido ele quem fez o flagra do carregamento na sexta-feira (20), por volta das 17h, não se tratando, portanto, de imagem antiga e fora de contexto como a assessoria da empresa afirmou.
Na sequência a nota divulgada pela Pax União e print da conversa com o leitor Felipe.
Matéria relacionada
Carregamento de caixões na Avenida Miguel Rosa assusta teresinenses