
O rapper Oruam lançou na madrugada deste domingo (5), a faixa "Freestyle Depois da Cadeia", seu primeiro trabalho musical desde que deixou a prisão no final de setembro. A canção traz reflexões pessoais e críticas à mídia e ao sistema penal. O lançamento viralizou nas redes sociais e provocou uma avalanche de comentários entre fãs, apoiadores e críticos.
Prisão e saída de Bangu
Mauro Davi dos Santos Nepomuceno foi preso em 22 de julho, no Rio de Janeiro, por acusações que incluem tráfico de drogas, associação ao tráfico, resistência, desacato, ameaça e lesão corporal. Ele foi levado ao Complexo Penitenciário de Bangu, onde permaneceu até obter liberdade provisória no dia 29 de setembro, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Embora em liberdade, Oruam segue sob medidas cautelares impostas pela Justiça: uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno, proibição de deixar o Rio sem autorização judicial e comparecimento regular ao fórum.
Desabafo em forma de música
O clipe de “Freestyle Depois da Cadeia” foi divulgado nas redes sociais do próprio artista. Com tom confessional, o rapper aparece com a tornozeleira visível e canta versos que retratam a dor do cárcere, a sensação de abandono e o impacto da prisão sobre sua família.
“Estava lá na prisão, muitos lembraram de mim. Muitos choraram. Lágrimas de crocodilo não entram no céu... E na TV disseram que eu era bandido, vi que meu pai estava triste comigo. Deus, perdoa esse pecado meu.”
A letra ainda menciona sentimentos de frustração com a cobertura da imprensa e com a forma como foi julgado pela opinião pública. Em outro momento, Oruam parece se referir ao pai, o traficante Marcinho VP, e às comparações feitas com sua trajetória."Fiz errado, mesmo tentando fazer o certo (...) O Estado massacra demais."
Repercussão nas redes
O freestyle rapidamente se espalhou pelas plataformas digitais e dominou discussões no X (antigo Twitter) e TikTok. Parte do público celebrou o retorno do rapper, elogiando a autenticidade da letra e a coragem de transformar a experiência traumática em arte. Outros, porém, questionaram se o lançamento não estaria reforçando uma estratégia de marketing em torno da criminalização.
A polêmica não é nova. Em fevereiro deste ano, Oruam também foi preso por "dar cavalo de pau" com um carro em frente a uma blitz, e logo após a liberação, anunciou o álbum “Liberdade”. Na época, foi acusado por internautas de ter usado a prisão como ferramenta promocional. O episódio rendeu críticas severas e até movimentou a base parlamentar para discutir projetos de lei que proíbem a contratação de artistas com suposta apologia ao crime.