Educação

FALTA INCLUSÃO

Estudante surda luta por acessibilidade em libras na UFPI: "Me senti muito prejudicada"

A UFPI atribui a dificuldade à extinção do cargo de intérprete de libras durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro

Por Marília Lélis

Terça - 18/03/2025 às 18:28



Foto: Foto: Reprodução UFPI não disponibiliza intérprete de libras para aluna surda e colegas fazem vaquinha para pagar profissional
UFPI não disponibiliza intérprete de libras para aluna surda e colegas fazem vaquinha para pagar profissional

A estudante Ana Beatriz, matriculada na Universidade Federal do Piauí (UFPI), enfrenta desafios para garantir seu direito à acessibilidade em libras no ambiente acadêmico. Por meio de um intérprete, ela desabafou: 'Quando eu cheguei aqui, não tinha acessibilidade. Minha mãe precisou mobilizar alguém para me auxiliar'. A jovem, que entrou pelo sistema de cotas para pessoas com deficiência, espera que a instituição contrate um intérprete de libras urgentemente: 'Minha vontade é permanecer, não desistir'.

A UFPI atribui a dificuldade à extinção do cargo de intérprete de libras durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, além da falta de previsão orçamentária em 2024 para realizar um processo seletivo. Enquanto isso, a mãe de Ana, Maria Aparecida Aragão, questiona: 'Como abrem vagas para pessoas com deficiência sem profissionais para acompanhá-las?'. A família relata frustração: 'Ela chorou e quis desistir ao ver a ausência de acessibilidade'.

Solidariedade dos colegas: vaquinha para custear intérpretes

Diante da demora da universidade, colegas de turma organizaram uma vaquinha virtual para arcar com os custos de intérpretes particulares, que cobram até R$ 150 por hora. 'Divulgamos nas redes sociais para ampliar o alcance e conseguir ajuda', explicou o estudante Emanuel Gomes. Como a carga horária do curso exige até dois profissionais por dia, a iniciativa se tornou vital para Ana não perder o ano letivo.

UFPI responde
Em nota, a universidade reforçou que está 'estudando alternativas' para resolver o caso, mas destacou que a extinção do cargo e a limitação orçamentária impedem ações imediatas. O núcleo de acessibilidade da instituição, citado pela família como ponto de contato inicial, ainda não ofereceu uma solução definitiva.

Enquanto a burocracia persiste, Ana Beatriz segue dependendo da mobilização da família e da solidariedade dos colegas para concluir o curso. O caso reacende o debate sobre a efetividade das políticas de inclusão em instituições públicas e a urgência de orçamento prioritário para acessibilidade.

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