Arte e Cultura

SEMANA DO PATRIMÔNIO

Iphan prepara programação para celebrar Semana do Patrimônio em Teresina

A programação incluiu uma visita guiada na Estação Ferroviária de Teresina, nesta quarta-feira (14)

(*) por Ingrid Santana

Quarta - 14/08/2024 às 15:15



Foto: Ingrid Santana Estação Ferroviária
Estação Ferroviária

Para celebrar o Dia do Patrimônio Cultural no dia 17 de agosto, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) do Piauí, preparou uma programação especial com visitas guiadas na Estação Ferroviária e na Floresta Fóssil, nos dias 14 e 15, na Semana no Patrimônio Histórico.

Estação Ferroviária de Teresina. Foto: Ingrid Santana

Nesta quarta-feira, no 1° dia, houve uma visita guiada para apresentar a conclusão da obra de restauro da Estação Ferroviária de Teresina com estudantes do curso de Arquitetura. A visitação foi coordenada pela arquiteta e chefe do serviço técnico do escritório do Iphan em Parnaíba, Diana Melo.

Visita técnica com estudantes de Arquitetura guiada pela arquiteta Diana Melo, a primeira à esquerda. Foto: Marília Cordão

A Estação Ferroviária de Teresina foi tombada como Patrimônio Histórico do Iphan em 2013. Marília Cordão, chefe da divisão técnica do Iphan, conta que a obra de restauro do Iphan começou em março de 2023 e foi finalizada em julho de 2024. Em 2018, o Iphan Piauí contratou a empresa Taesa e a construtora responsável foi a Retrofit para o projeto de restauro da Estação.

Marília Cordão, chefe da divisão técnica do Iphan

Até o ano passado, o prédio principal da Estação estava ocupado pela Companhia Metropolitana de Transporte Público (CMTP), era a parte administrativa deles. O prédio vai funcionar como a sede do Iphan - PI. Também funcionará como espaço de arte, cultura, lazer e cidadania, uma Biblioteca, a administração do Metrô de Teresina e o Instituto de Tecnologia do Piauí, ligado ao Investe Piauí.

Vãos da Estação Ferroviária. Foto: Ingrid Santana

Diana Melo, conta que algumas características do espaço original foram mantidas para respeitar a passagem do tempo e que outros lugares, a estrutura, as janelas, a pintura e outros detalhes arquitetônicos são feitos a partir de trilhos de trem, principalmente nas paredes da estação. Ela conta que acompanhou o projeto de restauro e a sua execução.

Acompanhei o projeto de restauro e logo depois a execução. Quando você está no Governo, as coisas tem que andar em linha de produção, então a parte que deu mais trabalho foi o levantamento de dados. E quando a Refésia foi extinta, os que foram considerados valorados e tombados passaram paro o Iphan, junto com a SPU. Os que não foram ficaram apenas com o SPU. Então, ainda teve essa questão que teve que negociar com a CMTP que ocupava esse prédio até então, e assim teve que negociar uma nova estrutura para eles. A Estação que é o prédio principal mais icônico e importante voltado para a cultura, explica.

A Estação é o prédio principal mais icônico e importante voltado para a cultura. Toda a parte de instalação de ar-condicionado, fiação que estava toda exposta, a gente removeu tudo. Aqui no vão, vocês percebem que as portas e as janelas são diferentes. Dois vãos aqui perderam, eles foram tampados, não sei porquê, e tinham uma janelinha só de cobogó. Então, no processo de restauro, dentro do projeto também foi proposto que a gente tomasse o original. Baseado na simetria do prédio, no histórico que a gente já tinha, sabia que os vão se repetiam com portas e janelas. A tinta e o reboco usados no vão são feitos de mineral para trazer um traço mais original possível. No processo, primeiro foi feito a limpeza e a prospecção, nesse último é procurado o original e qual técnica foi utilizada, para isso vamos abrindo janelas de prospecção e cavando até a gente achar o que é original. Tinha uma junção do tijolo baiano com o tijolo maciço que era original, então você já identifica que aquilo não era original. A mesma coisa aconteceu com o piso lá em cima que já estava ruim, a parte de madeira também que foi feita prospecção. Depois da prospecção, houve o descascamento de toda a parte de reboco, que houve a remoção das esquadrias, foi montada marcenaria aqui. Então, começaram a trabalhar tanto a parte de demolição e construção dos galpões", explana a arquiteta.

Ela diz que o piso não foi mantido o original, porque estava impregnado. Em algumas salas foi mantida toda parte de requadro e as internas foram trocadas. Na parte mais alta da Estação, há o mirante que dá acesso a uma vista privilegiada da cidade de Teresina.

A estudante de Arquitetura, Mykaelly Campelo, do 4° período da UNIFSA, conta que o restauro da Estação Ferroviária é muito importante, pois resgata a nossa cultura e faz reviver momentos muito importantes da história da cidade de Teresina.

Mykaelly Campelo, estudante de Arquitetura da UNIFSA. Foto: Ingrid Santana

Inclusive a restauração de imóveis, de objetos que nos permite ver o passado. É muito importante essa experiência, principalmente, para os alunos de Arquitetura, como também para todas as pessoas, reviver o passado e conhecer um pouco da nossa história piauiense, da nossa arquitetura, os nossos objetos, imobiliários e reviver esse passado é muito importante. Ter essa importância do nosso patrimônio histórico e cultural e, principalmente, pra gente saber as novas técnicas que eles utilizaram de construção, reviver essas técnicas, saber também como preservar o nosso passado pra gente viver um futuro melhor, declara a estudante.        

João Antônio, estudante de Arquitetura do 7° período da UNIFSA (Universidade Santo Agostinho), fala que é interessante que os prédios públicos de Teresina vão ter um novo significado, como é o caso da Estação Ferroviária. "O passeio tá ótimo, bastante intuitivo, a gente vê a revitalização dessa estação que antes não era utilizada e vai ser prédio do Iphan. É bastante interessante ver os prédios públicos daqui de Teresina vão ter um novo significado, vão poder trazer mais cultura do nosso estado e para Teresina", afirma.

João Antônio, estudante de Arquitetura da UNIFSA. Foto: Ingrid Santana

História da Ferroviária

A construção do Conjunto Estação Ferroviária de Teresina teve início em 1922 e foi inaugurada em 1926, no século XX, e o engenheiro foi o general José dos Santos e Silva. Foi construída pela Companhia Geral de Melhoramentos do Maranhão, com o objetivo de solucionar o problema de transporte entre São Luís e Teresina.

O prédio já teve diversos usos, como pavimento térreo voltado para as atividades comerciais e transportes; e o pavimento superior com dormitórios para funcionários do complexo. Acima do pavimento, ainda há uma torre vista para a cidade.

Foi tombada em 2013 pelo Iphan, em reconhecimento como símbolo do processo de integração do país. A estação era ornamentada com madeira lavrada e o telhado era composto por telhas Marselha apoiado em peças de mão-francesa, na fachada há simetria, como também reentrâncias dos volumes com um dinamismo à estação. 

(*) Ingrid Santana é estagiária sob supervisão do jornalista Luís Brandão

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