Arte e Cultura

Mulheres quebram barreiras da masculinidade na sanfona

Isolda Dantas iniciou seus estudos na sanfona no Palácio da Música em 2021, já aposentada

Redação

Sexta - 05/03/2021 às 19:01



Foto: Divulgação Isolda Dantas
Isolda Dantas

Em um mercado composto em sua maioria por homens, sendo mais comum a figura masculina no mundo da sanfona, foi necessário que algumas mulheres dessem o pontapé inicial para quebrar a barreira do machismo imbricada no acordeon. Através dos cursos de sanfona oferecidos pelo Palácio da Música de Teresina, desde 2014, muitas mulheres estão conseguindo adentrar no mercado musical.

Isolda Dantas iniciou seus estudos na sanfona no Palácio da Música em 2021, já aposentada. Ela é um exemplo de paciência e mostra que nunca é tarde para realizar um sonho e iniciar uma nova jornada. “Minha família não deixava eu tocar sanfona por eu ser mulher, meu pai tocava pra sustentar a família e isso era encarado só como um trabalho, não como uma arte. Como existia um respeito enorme de filhos para com os pais, nunca me atrevi a tocar nos instrumentos dele. Hoje, estou aposentada e fazendo muitas coisas que não podia fazer por não ter tempo ou permissão. Eu tinha que trabalhar e sustentar a família, pois sempre fui provedora dela.”, conta Isolda Dantas.

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Nesta área também acompanhamos casos onde a família inspira as futuras musicistas e os papéis são trocados, onde, de estímulo, os pais passam a serem os estimulados. “Meu pai, Juarez Moura, é sanfoneiro, mas aprendeu a tocar o instrumento sozinho na adolescência, sem técnica e, por isso, não consegue ensinar. As bases do que temos hoje foram construídas sobre o trabalho dele como sanfoneiro. Desde criança vivo cercada pelo acordeom, ouço ele tocando e consertando o instrumento. Por esse motivo me interessei em aprender a tocar sanfona. Ele consegue tocar ouvindo a música, mas sem técnica.”, explica Joaria Moura, que agora, com o acesso à teoria e prática técnica da sanfona, ensina o que aprende a seu pai.

Ainda há certo estranhamento quando mulheres são avistadas tocando sanfona. Mas a música, como toda forma de expressividade artística, existe para diminuir segregações físicas e ideológicas. “Sanfona é o instrumento mais lindo do mundo. Sempre vi os homens tocando e era muito comum, precisava de força e nada melhor que a mulher, para além da sua doçura, completar a beleza deste instrumento. O desejo de tocar sanfona emergiu quando percebi que poderia alcançar corações, almas, lembranças. Quando percebi que poderia emocionar e ser emocionada. Antes, eu já gostava, porque Gonzagão pra mim é indescritível. Mas quando vi, em uma novela, a Lucy Alves tocando, tive a certeza que era o melhor investimento que eu poderia fazer”, exalta a aluna Carol Santos.

Algumas alunas têm um progresso técnico tão grande que ganham destaque perante os professores. Écore Nascimento já era cantora quando resolveu se dedicar também à sanfona. E ela se empenhou com tampo afinco, que em apenas um ano foi convidada pelo maestro Ivan Silva a ser mais um membro da Orquestra Sanfônica Seu Dominguinhos, grupo de sanfona profissional mantido pela Prefeitura de Teresina. “Eu sempre amei estar no meio musical, seja cantando ou só apreciando. Acompanhava o trabalho da Orquestra Sanfônica e aquilo sempre me tocava. Com o surgimento do grupo ‘As Fulô do Sertão’, no qual eu já fazia parte como cantora, veio o último pontapé pra que eu me matriculasse no curso de acordeon, no Palácio da Música. A minha dedicação era proporcional à minha paixão e logo outras portas se abriram. Hoje sou a acordeonista do grupo (As Fulô) e também da Orquestra Sanfônica. Por ser mulher, muitos desafios surgiram, como o peso do acordeon, o preconceito por parte dos músicos mais experientes, etc. De fato, no meio musical, ainda era algo novo na época. Hoje, graças a Deus, temos a oportunidade de poder inspirar outras garotas e mostrar nossa capacidade.” Hoje, além de instrumentista, ela é coordenadora, produtora e única mulher da Orquestra.

O Palácio da Música é mantido pela Prefeitura de Teresina, por meio da Fundação de Cultura Monsenhor Chaves. Para mais informações sobre novas turmas, basta acessar o site fcmc.teresina.pi.gov.br ou seguir as redes sociais da Fundação Monsenhor Chaves e do Palácio da Música.

Fonte: Ascom PMT

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