Arte e Cultura

CULTURA

Exposição da Fundaj estreia em shopping

"Carnaval: Nassau, Frevo, Cana e Caju" resgata fantasias da década de 1930 e recorda presença do pintor Manoel Bandeira

Redação

Terça - 09/02/2021 às 15:09



Foto: Divulgação Exposição
Exposição

A exposição 'Carnaval: Nassau, Frevo, Cana e Caju', da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), já pode ser conferida no Piso 1 do Shopping Recife, em Boa Viagem. A mostra, com curadoria de Rita de Cássia Araújo e Rodrigo Cantarelli, estreou nesta segunda-feira (8) e integra a programação do Carnaval de Todos os Tons — uma iniciativa multiplataforma da instituição federal para o período momesco, que não será celebrado em 2021 devido à pandemia. Ao todo, dez croquis de fantasias para agremiações produzidas pelo pintor Manoel Bandeira (1900—1964), para o Anuário do Carnaval Pernambucano, foram ampliadas em tamanho humano para a montagem.

Conheça o projeto “Antologia Escritores da Língua Portuguesa 7- Bilíngue Português/Inglês”

Secult inicia apresentações do Boca da Noite no interior do estado

Fundaj lança Carnaval de Todos os Tons

"O ano de 2021 continua com essa questão grave da pandemia. Infelizmente, neste ano, o Carnaval será ainda mais diferente. Mais digital, com pouca programação física. Seguindo todas as regras sanitárias, estamos fazendo aqui no shopping center em homenagem a essa grande festa no Estado, do Recife, de Olinda e do Interior. Um Carnaval diferente, mas querendo acender a alegria no coração das pessoas", declarou o presidente da Fundaj, Antônio Campos, que destacou as homenagens da iniciativa ao centenário do cronista Antônio Maria (in memorian), ao Maestro Duda, no Concurso Nordestino de Frevo, e ao pintor Manoel Bandeira, nesta exposição.

Na exposição, além das réplicas de aproximadamente 1,70 cm, o público confere partituras de frevos criados por Nelson Ferreira e Sebastião Lopes nos Anos 1930, a exemplo do frevo Passo do Caroá, como marketing da indústria têxtil. Curadora da exposição, Rita de Cássia aponta para a formação de comunidades em torno destas fábricas e o surgimento de agremiações, mas não esquece o papel do Estado Novo nestes carnavais. "Havia um propósito educativo do próprio governo, que enxergava um canal de comunicação no Carnaval. Essas fantasias eram para agremiações e tinham, também, versões mais sofisticadas para bailes e salões."

Ainda na montagem, o visitante conhece um pouco da trajetória de Bandeira. Natural de Escada, na Zona da Mata, o pintor foi integrante do Modernismo. "Nem sempre com o devido mérito", aponta outro curador, Rodrigo Cantarelli. "A obra dele está inserida aqui dentro da trajetória de consolidação do Movimento Moderno. Ele é um artista da primeira geração, que tem nomes de renome internacional como Vicente do Rego Monteiro, Lula Cardoso Ayres e Cícero Dias. Talvez por ter se dedicado à indústria gráfica tenha caído no esquecimento. Sua produção é grande, afinal ele trabalhou mais de 50 anos, com capas para livros, revistas e jornais."

Para a coordenadora do Centro de Estudos da História Brasileira (Cehibra), da Fundaj, parcerias como esta são importantes para garantir a aproximação do público com os acervos da Casa. Em especial em um espaço tão popular, com volume de pessoas e um público tão eclético e variado. "É uma oportunidade de uma visibilidade enorme para um acervo que é rico e importante para a nossa cultura. Você não pode brincar o Carnaval, mas não pode deixar de viver o Carnaval. Você pode compreender como os artistas sempre estiveram presentes, que os acervos documentam isso e que a Fundação preservou este acervo, que está à disposição."

À promotora de vendas Elizonete de Oliveira, 61 anos, chamou atenção os traços do artista, tão característicos à primeira metade do Século 20. "Minhas tias e meus pais usavam bastante este tipo de fantasia. Não cheguei a usar, mas acho muito bonito. Na minha época, quando criança, participava de tudo dos carnavais. Sinto saudade de como eram antigamente, dos carnavais de clubes", recorda. A médica Fátima Diniz, 74, se emocionou. "Saudade da simplicidade que a gente está perdendo. Em meio a tanta coisa desnecessária, algo como essa obra toca o coração da gente e desperta o saudosismo pelos carnavais que tinham corso e se jogava confete e serpentina."

Fonte: Thais Caroline Mendonca

Siga nas redes sociais

Compartilhe essa notícia: