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B-R-O BRÓ

B-R-O BRÓ aumenta o risco de queimadas e incêndios florestais no Piauí

Ações humanas são o principal fator responsável pelo risco de queimadas e incêndios florestais nesse peíodo

(*) Por Ingrid Santana

Segunda - 12/08/2024 às 13:41



Foto: Reprodução/Revista Nordeste B-R-O BRÓ aumenta o risco de incêndios e queimadas florestais no Piauí
B-R-O BRÓ aumenta o risco de incêndios e queimadas florestais no Piauí

Com o B-R-O BRÓ, período mais quente no ano que inicia em setembro e vai até dezembro, aumenta potencialmente a ameaça de queimadas e incêndios florestais no Piauí. A vegetação mais seca, a baixa umidade do ar e falta de chuvas criam um cenário propício para incêndios e queimadas, provocados na maior parte das vezes pelas ações humanas. 

Os danos provocados pelos incêndios e queimadas florestais causam grandes prejuízos ambientais, econômicos e bem-estar da população piauiense. Com relação à saúde, aumenta o desconforto físico e piora a situação de pessoas que possuem problemas respiratórios. A grande maioria das ocorrências de queimadas acontecem devido às ações humanas que degradam o meio ambiente e o mínimo descuido em atividades rotineiras pode ser fatal. Além disso, os focos de fogo podem prejudicar a rede elétrica de toda uma região, como também ocasionar problemas em setores essenciais.

Segundo Sara Cardoso, climatologista e coordenadora da SEMARH-PI, (Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí), os incêndios florestais causam danos para a fauna e a flora. "É deixado uma 'cicatriz de queimada', a vegetação e o solo são consumidos pelo fogo, precisando de um tempo para se recuperar e, por isso, ele fica improdutivo, ficando mais difícil a produção na área afetada por um determinado tempo. Alguns animais silvestres perdem seu habitat nesses eventos de incêndios florestais, eles são forçados a migrarem para outras áreas que não são endêmicas de sua sobrevivência e, por isso, algumas espécies podem entrar em colapso e até mesmo desaparecer do local. Os incêndios florestais colocam cada vez mais gases poluentes na atmosfera e, por isso, o calor é retido próximo da superfície o que traz essa condição de altas temperaturas, baixa umidade e eventos extremos climáticos", explica.    

O Sul do Piauí é região mais prejudicada pelos incêndios durante o período do B-R-O BRÓ, por ser um território de grandes produções agrícolas, principalmente de grãos, localizada na divisa com o estado do Maranhão. "Aqui no Piauí, ainda se utiliza a técnica das queimadas controladas e, às vezes, essas queimadas perdem o controle e se transformam em incêndios florestais. Assim, a região Sul por ter muita radiação solar, poucas nuvens, baixa umidade do ar e altas temperaturas é uma área mais propícia para ter incêndios florestais. A partir de julho, a área fica com uma vegetação até mais ressecada o que serve de combustível para os incêndios consumirem o nosso território", diz Sara Cardoso.

Desde o início de janeiro e fevereiro deste ano, foi feito um diagnóstico e treinamentos com a equipe de brigadistas que começaram em março e se estendem até o presente momento. Em 2023, formou-se 25 brigadas e neste ano até agora são 29 brigadas de combate anos incêndios florestais com a projeção de aumentar essa formação até o final do ano. Na atual gestão, já foram formados de 2023 até agora, 680 brigadistas em todo o estado, eles entram em campo até a chegada do corpo de bombeiros, finaliza.   

Sara Cardoso, climatologista e coordenadora da SEMARH-PI. Foto: Arquivo pessoal

Conforme o Boletim de Incêndios Florestais, da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (SEMARH), publicado no dia 5 de agosto, o Piauí alcançou 144 focos de fogo e 39 focos de calor. Os municípios mais afetados por foco de fogo são:

  • Alto Longá
  • Antônio Almeida
  • Baixa Grande do Ribeiro
  • Bertolínia
  • Boa Hora
  • Bom Jesus
  • Canto do Buriti
  • Currais
  • Floriano
  • Gilbués
  • Guadalupe
  • Jerumenha
  • Landri Sales
  • Marcos Parente
  • Nazária
  • Nazaré do Piauí
  • Oeiras
  • Parnaguá
  • Piracuruca
  • Regeneração
  • Ribeiro Gonçalves
  • Santa Cruz do Piauí
  • Santa Filomena
  • São Francisco do Piauí
  • Sebastião Barros
  • Sebastião Leal
  • Teresina
  • Uruçuí

Em relação aos eventos críticos de fogo até o dia 5 de agosto, as cidades mais atingidas são: Parnaguá, Floriano e Nazaré do Piauí, Oeiras, Piracuruca e Gilbués. 

Boletim de Incêndios Florestais no Piauí da SEMARH. Foto: SEMARH/PI

De acordo com a tenente coronel do Corpo de Bombeiros de Teresina, Najra Nunes, na época do B-R-O BRÓ, as temperaturas costumam elevar bastante e a cada ano vem aumentando cada vez mais. Isso, consequentemente, provoca a diminuição da umidade do ar e a vegetação fica mais seca. "Então, esse cenário é propício para a rápida propagação dos incêndios e as pessoas aproveitam essa situação para fazer a queima da vegetação, por vários motivos como preparar o solo para plantio e para a eliminação de resíduos. A maior parte, quase em sua totalidade, as queimadas são causadas pelo ser humano. É muito raro a autocombustão na natureza, pode acontecer, mas é difícil", esclarece.

Najra Nunes, tenente coronel do Corpo de Bombeiros de Teresina. Foto: Arquivo pessoal

Ela reforça que o Corpo de Bombeiros de Teresina se planeja para combater os incêndios antes do B-R-O BRÓ, no período das chuvas e depois com a chegada da estiagem. "O preparo é feito com o envio de viaturas, com as picapes que proporciona um combate mais célere em lugares de difícil acesso que as viaturas maiores não conseguem entrar. O Corpo de Bombeiros também realiza palestras em comunidades rurais e vários municípios onde é solicitado para orientar a população para que a gente consiga acabar com essa cultura das queimadas. As pessoas precisam ter consciência de que queimar a vegetação é um crime ambiental", conclui Najra Nunes.

Bombeiros trabalham no combate aos focos de incêndio. Foto: Corpo de Bombeiros

Luciana Machado, analista ambiental e coordenadora regional substituta da Coordenação Regional Parnaíba vinculada à Gerência Regional Nordeste, o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade) no Piauí, tem adotado a estratégia de Manejo Integrado do Fogo que analisa tanto os aspectos ecológicos/ambientais, como os aspectos sociais e econômicos de ocupação, o uso do solo e as técnicas tradicionais de manejo/produção agrícola.

Luciana Machado, analista ambiental do ICMBio no Piauí. Foto: Grazielle Rodrigues/Centro de Pesquisa Histórica e Cultural

Essa estratégia é atualizada anualmente com as informações de cobertura de solo, risco de incêndio, equipamentos disponíveis e estratégias de prevenção e combate. Além do treinamento contínuo das equipes de brigadas, a participação das comunidades locais e demais parceiros como o Estado e municípios na construção do Plano de Manejo Integrado do Fogo é que fortalece tanto as ações de prevenção como otimizam as atividades de combate quando estas são necessárias, explica.

No combate de às queimadas e incêndios florestais, o trabalho dos brigadistas é o principal recurso utilizado. "Além disso, as Unidades de Conservação do ICMBio estão equipadas com veículos, equipamentos de combate como bombas, costais, sopradores, ferramentas e, principalmente, equipamentos de proteção individual (EPI's) para os brigadistas para grantia da integridade física em todas as ações que executa, da prevenção ao combate", conclui.

Ainda no âmbito do ICMBio, as Unidades de Conservação que apresentam riscos de incêndio são: a Área de Proteção Ambiental da Serra da Ibiapaba, o Parque Nacional das Sete Cidades, o Parque Nacional da Serra da Capivara, o Parque Nacional da Serra das Confusões, Estação Ecológica Uruçuí-Una e o Parque Nacional Nascentes do Rio Parnaíba.

(*) Ingrid Santana é estagiária sob supervisão do jornalista Luiz Brandão

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