Brasil

CASO VITÓRIA

Pai de Vitória Regina passa a ser suspeito na investigação da morte da filha

Carlos Alberto Souza é considerado investigado após contradições nos depoimentos; defesa nega envolvimento

Lília Pâmela

Segunda - 10/03/2025 às 11:09



Foto: Reprodução Vitória Regina de Sousa e seu pai, Carlos Alberto Souza
Vitória Regina de Sousa e seu pai, Carlos Alberto Souza

A investigação sobre a morte de Vitória Regina de Sousa ganhou uma reviravolta nesta semana com a inclusão do pai da jovem, Carlos Alberto Souza, na lista de suspeitos. A Polícia Civil confirmou a mudança no status de Carlos Alberto, que passou a ser investigado após contradições encontradas em seus depoimentos, o que alterou o andamento das apurações.

Segundo os investigadores, o comportamento de Carlos Alberto chamou atenção, por ele pedir terreno ao prefeito de Cajamar logo após a confirmação da morte de Vitória. Além disso, a polícia está aguardando depoimentos de testemunhas-chave, previstos para esta semana, com o intuito de esclarecer o envolvimento de todos os investigados.

A defesa de Carlos Alberto, representada pelo advogado Fábio Costa, afirmou que tentará reverter a acusação nos próximos dias, classificando-a como “absurda”. O advogado também alegou que o pai de Vitória sequer foi ouvido formalmente pela polícia, o que teria gerado a falta de detalhes sobre o dia do desaparecimento. “Recebo essa notícia com surpresa. Que pai desejaria a morte da própria filha?”, questionou Carlos Alberto ao repórter Roberto Cabrini.

Carlos também negou que Vitória tivesse qualquer intenção de sair de casa e explicou que não mencionou inicialmente as ligações feitas para a filha na noite do desaparecimento, ocorrida em 26 de fevereiro, porque considerava isso um comportamento natural. "Claro que liguei várias vezes. Qual pai não faria isso quando uma filha some? E essa história de mudança é mentira. Ela ia para a casa da minha outra filha apenas porque era mais perto do trabalho dela no shopping", afirmou, visivelmente abalado.

Documentos obtidos pelo programa “Câmera Record” revelam que algumas atitudes de Carlos Alberto foram decisivas para que ele fosse incluído na investigação. Um trecho do relatório de investigação menciona que a relação entre pai e filha poderia estar abalada, o que teria levado Vitória a querer morar com a irmã.

Além disso, o programa teve acesso a mensagens trocadas entre pai e filha no dia do desaparecimento. Em uma delas, Carlos pergunta se Vitória iria para a casa dos pais ou para a residência da irmã, Verônica, e menciona que o carro da família estaria pronto no dia seguinte, após ter apresentado problemas. Vitória respondeu que voltaria para casa dos pais.

Na sequência, Carlos enviou um áudio dizendo: “Tá bom, então. Cuidado, viu?”. A partir das 1h15 da madrugada, o aplicativo de mensagens registrou várias tentativas de ligação feitas por ele, que não foram atendidas.

Fábio Costa, advogado de Carlos Alberto, reiterou que o pai de Vitória não pode ser apontado como suspeito sem que a investigação seja concluída. "Isso ainda é um relatório de investigação, não uma conclusão do inquérito. Apontar o pai como suspeito dessa forma coloca a vida dele em risco", afirmou Costa, acrescentando que pretende conversar com o delegado responsável para entender melhor a situação.

Entenda o caso

Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, desapareceu em 26 de fevereiro de 2025, em Cajamar, São Paulo, e seu corpo foi encontrado em 5 de março na zona rural da cidade. 

Imagens de câmeras de segurança mostraram Vitória deixando o shopping onde trabalhava e indo para um ponto de ônibus, onde embarcou em direção à sua casa. Testemunhas afirmaram que ela desceu do ônibus nas proximidades de sua residência, mas não foi mais vista. Seu corpo foi encontrado em estado avançado de decomposição, com ferimentos e a cabeça raspada. 

A investigação da Polícia Civil apontou que o crime teria sido motivado por ciúmes, configurando-se como um assassinato passional. Segundo as autoridades, o assassinato foi cometido Daniel, um homem que teria tido um relacionamento com o ex-namorado de Vitória. Após cometerem o crime, Daniel e outros dois suspeitos teriam transportado o corpo de Vitória para uma área rural. 

Os três suspeitos foram localizados em uma área de mata em Cajamar.

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(*) Lília Pâmela é estagiária no portal Piauí Hoje.com sob supervisão do jornalista Luiz Brandão - DRT-PI -960

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