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DIREITOS HUMANOS

Morte de Rubens Paiva completa 54 anos com legado de luta reconhecido

História ganhou repercussão com o filme Ainda estou aqui

Da Redação

Segunda - 20/01/2025 às 10:20



Foto: Acervo Família Rubens Paiva/Divulgação Rubens Paiva
Rubens Paiva

A prisão e morte do ex-deputado federal Rubens Paiva (1929 - 1971) ganharam nova visibilidade, especialmente após o lançamento do filme Ainda Estou Aqui, de Walter Salles. A história de sua luta, marcada por dor e resistência, revisita a memória de um homem que foi um defensor incansável da justiça social e da reforma agrária, além de ter liderado uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava o financiamento ilegal de campanhas eleitorais. A repercussão do filme oferece uma nova oportunidade para resgatar o legado de Paiva, relembrando seu caráter idealista e corajoso, conforme destacam pesquisadores e biógrafos.

O filme, lançado no final de 2023, foi baseado no livro escrito por Marcelo Rubens Paiva, filho do ex-parlamentar. Rubens Paiva foi levado à força da sua casa, no Rio de Janeiro, no feriado de 20 de janeiro de 1971, por agentes do Centro de Informações da Aeronáutica (CISA). Ele foi brutalmente torturado no quartel da Força Aérea Brasileira (FAB) e, posteriormente, entregue aos militares do Exército nos porões do DOI-CODI, onde foi assassinado, segundo a Comissão Nacional da Verdade, em 2014. O atestado de óbito de Paiva só foi obtido pela família em 1996, marcando uma reparação importante à memória do político.

Além disso, Paiva teve papel de destaque na CPI que investigava financiamentos ilegais de campanhas, com suspeitas de envolvimento de recursos externos. Seu trabalho como vice-presidente da comissão o colocou em rota de colisão com os setores conservadores, que viam nele uma ameaça aos seus interesses, especialmente no cenário político conturbado da época.

Rubens Paiva - Secretaria de Estado da Cultura / SP

Após o golpe de 1964, Paiva foi cassado e perdeu seus direitos políticos. Mesmo assim, ele não se afastou das causas pelas quais lutava, se exilando na Europa por um breve período, antes de retornar ao Brasil de maneira inusitada, sem alertar as autoridades. Esse retorno, que foi uma surpresa para sua esposa Eunice Paiva, mostrou sua determinação em continuar suas atividades políticas e sociais.

O Legado de Rubens Paiva: Memória e Justiça

O engajamento de Rubens Paiva com a luta política e contra o regime militar não cessou, mesmo após o AI-5 de 1968, e ele se manteve ativo, apoiando movimentos como o MR-8 e buscando apoio a exilados políticos. Sua atuação foi acompanhada de perto pelos militares, que o mantiveram sob vigilância constante.

Busto do ex-deputado Rubens Paiva - Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil

A importância de Rubens Paiva e sua luta foram resgatadas com o filme de Walter Salles, que traz à tona o sofrimento da esposa Eunice e a dor da perda de Paiva, ainda que sua história continue a ser uma referência de coragem e compromisso político. O escritor Emiliano José, que também foi perseguido durante a ditadura, observa que o resgate de figuras como Paiva serve para iluminar a crueldade dos anos de repressão e garantir que o país não se esqueça desses períodos sombrios

Após mais de 50 anos de sua morte, a história de Rubens Paiva continua a ser um símbolo de resistência, e sua memória segue sendo recuperada, não apenas por meio do cinema e de livros, mas também pela busca de justiça. As investigações sobre seu assassinato levaram à denúncia de militares envolvidos na sua morte, e o caso continua sendo um marco na luta pela memória e justiça no Brasil.

Rubens Paiva - Divulgação/Acervo da família

Fonte: Agência Brasil

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