A Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, é um paradoxo: enquanto é vista como poluída, também é um cartão postal da cidade, com ícones como o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor.
Na parte menos visível da baía, os manguezais desempenham um papel crucial na transição entre ambientes marinho e terrestre. Esses ecossistemas são vitais para a mitigação das mudanças climáticas e estão sendo preservados por pescadores locais, como Nilo Ferreira Filho, que agora também guia turistas ecológicos.
Nilo, que tem 72 anos, observa que a preservação do manguezal é essencial para a pesca. Ele explica: “Preservar o manguezal é bom para criar os peixes. É onde conseguimos o sustento”. Carlos Eduardo Antônio de Paula, também pescador, concorda, enfatizando que o manguezal é uma parte importante de suas vidas.
Lucimar Machado, uma pescadora que lidera projetos de turismo ambiental, destaca a importância de mostrar a beleza dos manguezais, transformando a percepção negativa que muitos têm. Ela faz passeios de caiaque e ensina os visitantes sobre a pesca sustentável, reforçando a ideia de turismo de base comunitária.
Segundo Pedro Belga, da ONG Guardiões do Mar, cerca de 650 famílias na baía vivem da catadora de caranguejos e 5 mil dependem da pesca. Lucimar também menciona que 83% dos brasileiros conhecem os manguezais, mas 58% nunca os visitaram, indicando um grande potencial para o turismo ecológico.
A restauração dos manguezais é fundamental, e Alaildo Malafaia, presidente da Cooperativa Manguezal Fluminense, enfatiza a importância do conhecimento tradicional dos pescadores. Ele explica como técnicas locais melhoraram a sobrevivência das mudas plantadas.
Os manguezais têm um potencial de R$ 49 bilhões no mercado de crédito de carbono, e Belga defende que as comunidades locais devem se beneficiar desse mercado. Ele acredita que, se bem implementado, esse sistema pode financiar projetos socioambientais nessas comunidades.
Apesar dos esforços, a poluição continua sendo um grande desafio. A analista ambiental Natália Ribeiro ressalta a necessidade de conscientização para evitar o lixo nas ruas, que acaba poluindo a baía.
Fonte: Agência Brasil