A Justiça do Ceará condenou o bolsonarista Edmilson Ferreira da Silva a 12 anos e seis meses de prisão pelo assassinato do eleitor petista Antônio Carlos Silva de Lima, morto com golpes de faca em um bar na zona rural de Cascavel, no interior do estado do Ceará. O crime ocorreu em 24 de setembro de 2022, em meio ao acirramento político das eleições presidenciais daquele ano. A sentença foi proferida na segunda-feira (24), após julgamento por Júri Popular, e divulgada nesta quarta-feira (25).
De acordo com a decisão, Edmilson deverá cumprir a pena em regime fechado. Ele está preso preventivamente desde o dia do crime e, embora tenha o direito de recorrer, teve negado o pedido para aguardar o processo em liberdade.
O juiz Vinicius Rangel Gomes, da 1ª Vara da Comarca de Cascavel, classificou o crime como motivado por intolerância política e destacou o risco à democracia representado pela violência com base em posicionamentos ideológicos. “O motivo que levou o réu a ceifar a vida da vítima revela-se não apenas torpe, mas profundamente inquietante: intolerância à orientação política da vítima. Não se trata aqui de mera divergência de ideias, o que é próprio da democracia; trata-se do repúdio violento e mortal à existência do outro enquanto sujeito de opinião e expressão”, afirmou o magistrado na sentença.
Edmilson foi condenado por homicídio duplamente qualificado: por motivo torpe e por dificultar a defesa da vítima. Para o Ministério Público, a sentença reconhece o impacto nocivo da intolerância política e reforça a necessidade de responsabilização em casos de violência motivada por opiniões divergentes.
Assassinato ocorreu em bar durante eleições de 2022, após briga sobre apoio a Lula - Redes Sociais
A defesa do réu ainda pode apresentar recurso ao Tribunal de Justiça do Ceará, mas a decisão de mantê-lo preso durante o processo de apelação já foi confirmada pelo juiz da comarca.
O caso
O assassinato aconteceu por volta das 18h45 no distrito de Guanacés, zona rural de Cascavel. Conforme o Ministério Público do Ceará (MP-CE), Edmilson chegou ao bar acompanhado da esposa e de um amigo. Ao entrar no estabelecimento, cumprimentou os presentes e, em tom provocativo, perguntou em voz alta: “Quem é Lula aqui?”
Segundo a denúncia, Antônio Carlos, identificado como apoiador do então ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva, respondeu à provocação, o que deu início a uma discussão acalorada entre os dois. A troca de ofensas rapidamente se transformou em agressão física. Edmilson então sacou uma faca e desferiu três golpes contra o petista.
Gravemente ferido, Antônio foi socorrido e levado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cascavel, mas não resistiu aos ferimentos.
Testemunhas ouvidas durante a investigação confirmaram que a motivação do crime foi política. O dono do bar, que presenciou o episódio, afirmou em depoimento que a discussão foi iniciada por conta das escolhas dos candidatos à presidência. “O crime teria motivação devido à escolha de candidatos para o cargo de presidente, sendo que o declarante afirma saber que a pessoa de Antônio falava ser eleitor do ex-presidente Lula”, relatou à Justiça.
Fonte: Brasil 247
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