Brasil

A força da mulher que cuida de quatro pessoas com deficiência

Eliane Raimunda Martins, de 40 anos, cuida de quatro pessoas com deficiência. O Instituto Gabi teve – e ainda tem – papel importante na história de três deles

Redação

Quinta - 27/02/2020 às 21:11



Foto: Divulgação Eliane, à frente, com a mãe Odete, as irmãs Indaiá e Iara, o irmão Éder e o filho, Thiago
Eliane, à frente, com a mãe Odete, as irmãs Indaiá e Iara, o irmão Éder e o filho, Thiago

Nestes quase vinte anos de existência, o Instituto Gabi – entidade que oferece atividades que capacitam crianças, adolescentes e jovens com deficiência para viver melhor em sociedade, com mais qualidade de vida – coleciona histórias inspiradoras. Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, o Gabi compartilha a história da dona de casa Eliane Raimunda Martins, de 40 anos, que cuida de três irmãos e de um filho com deficiência.

Eliane soube da existência do Instituto Gabi por meio de uma amiga. “Fui recebida de portas abertas”, recorda. Na ocasião, levou as irmãs gêmeas Indaiá e Iara, atualmente com 43 anos, e o irmão Éder, de 44 anos. Ambos têm a Síndrome do X frágil, que causa deficiência intelectual de leve a grave. O filho de Raimunda, Thiago, de 21 anos, também é portador da Síndrome, e é atendido em outra instituição.

 “As gêmeas estavam há sete meses no Gabi quando surgiu uma oportunidade no mercado de trabalho”, recorda Eliane. “Elas se desenvolveram bastante, o que foi fundamental para conseguirem um trabalho na agência Thompson Brasil indicada pela entidade”. Indaiá e Iara, segundo a irmã, fazem trabalhos manuais em uma equipe composta por oito pessoas com deficiência. “Elas melhoraram muito e gostam muito de trabalhar lá”.

Éder continua do Instituto Gabi. “Ele tinha muita crises compulsivas e mobilidade reduzida. Com o trabalho dos educadores do Gabi, está bem melhor”, comemora Eliane.

O dia a dia de Eliane é bem corrido. Ela divide o cuidado com os irmãos e o filho com a mãe, Odete. “Como ela é idosa, eu procuro poupá-la”, destaca. “Diariamente, eu levo e busco as gêmeas no trabalho e os rapazes para as instituições. Se sobra um tempinho, o que é difícil, vou à igreja ou dar uma volta no shopping”.

Com tanta responsabilidade, será que esta mulher tem tempo para olhar para si e se cuidar? Eliane diz que pensa mais nos irmãos e no filho do que em si mesma. “Procuro cuidar da minha saúde, mas só vou ao médico quando dá. Se eu pudesse ter mais tempo para mim, faria um curso de cuidadora, de Libras e voltaria para as aulas de inglês, que eu fiz um tempo e gostava muito”.

Eliana finaliza dizendo que sua fé é que suporta a caminhada – árdua, de acordo com ela, mas que valeu a pena até aqui. “Sou cristã e vou aos cultos de quarta e domingo. É muito importante para mim sempre acreditar em Deus. Peço muita força e misericórdia porque não é fácil. Quando acho que não vai dar certo e desanimo, peço a Deus que me ajude a levantar”.

O Instituto Gabi - O Instituto Gabi foi fundado em 2001 pelo casal Iracema e Francisco Sogari, quando sua primogênita Gabriele, então com seis anos de idade, foi vítima de um motorista embriagado. Para superar a dor e manter viva a memória da menina, nasceu o Instituto Gabriele Barreto Sogari, com a missão de apoiar pessoas com deficiência e seus familiares. Junto com o filho João Filipe, atleta e estudante de direito, a família iniciou um longo caminho de superação.

A trajetória foi marcada por muito trabalho e doação – sempre contando com o apoio de voluntários. Mas o dia a dia ainda é um desafio para o Gabi. “Ainda estamos lutando pela sustentabilidade. Precisamos garantir a continuidade, preparar pessoas para prosseguirem com o mesmo propósito”, diz Francisco Sogari. “No entanto, o que nos orgulha é saber que chegamos à maioridade com um projeto sólido e de qualidade, reconhecido por mais de 1300 famílias que passaram pelo Gabi. O poder público, a mídia, acadêmicos e muitos voluntários sempre apoiaram o projeto, que, inclusive, serve como fonte de pesquisa e informação”.

O Instituto Gabi atende, hoje, mais de 60 crianças, adolescentes e jovens. Oferece atividades que os capacitam a viver melhor em sociedade, com mais qualidade de vida. Mantém um projeto de geração de renda, o Mães Artesãs, além de apoio psicológico. E, para atingir seus objetivos, há mais de 10 profissionais em atuação, devidamente regulamentados e registrados no Conselho Regional.

A entidade possui um convênio com a Prefeitura de São Paulo no Núcleo de Apoio à Inclusão Social para Pessoas com Deficiência (NAISPD), e conta com o Espaço Multidisciplinar, próprio, onde fica o Bazar de Oportunidades, uma importante fonte de renda para o Instituto; a clínica de atendimento às mães do Núcleo Conveniado e da comunidade; e a sede administrativa.

O Instituto Gabi vem ganhando, cada vez mais, o reconhecimento da sociedade e do poder público. Ganhou o Prêmio Relevância Social da Câmara dos Deputados e o Prêmio Melhores ONGs do Brasil 2019. Seu fundador, Francisco Sogari, recebeu o título ‘Cidadão Paulistano’, conferido pela Câmara Municipal de São Paulo.

Para saber mais acesse www.institutogabi.org.br ou @institutogabi (Facebook) ou @institutogabioficial (Instagram).

Fonte: J Jaê Comunicação

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