Meia Palavra

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Protagonista do "show de besteira" considera o Congresso uma "máquina de corrupção"

Paulo Guedes disse ao governador do Ceará, Camilo Santana, que Rodrigo Maia perdeu o apoio das ruas

Paulo Pincel

Sexta - 28/06/2019 às 10:56



Foto: Jornal de Brasília Paulo Guedes e Rodrigo Maia trocam farpas públicas
Paulo Guedes e Rodrigo Maia trocam farpas públicas

Como bem disse à revista Época o recém-demitido ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, o general Carlos Alberto Santos Cruz: o “show de besteiras” do governo Bolsonaro tem que continuar. Não se sabe até quando os brasileiros aguentam, nem até onde Congresso e  Judiciário vão tolerar.

Enquanto Bolsonaro viajava para o Japão - e na escala da comitiva em Sevilha, na Espanha, viu um sargento da Aeronáutica [uma “mula qualificada” nas palavras do vice-presidente Mourão] ser preso em flagrante com 39 kg de cocaína no Nº 2 [o avião da FAB que viaja levando seguranças, assessores e outros], que fazia a escolta do Nº1 [o outro Boeing onde viajam o presidente e comitiva pra cima e pra baixo] - o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), gastava tempo, saliva e sola de sapato em várias reuniões com os governadores, tentando reincluir Estados e municípios na reforma da Previdência.

Como o circo dos horrores andava calmo demais, o superministro Paulo Guedes tratou de jogar gasolina para apagar a fogueira da reforma. Com seis palavras, PG pode ter enterrado o que já foi considerado um “pacote de maldades” do governo Bolsonaro contra os trabalhadores e que hoje virou moeda de barganha de Estados falidos em troca da liberação de dinheiro pelo governo federal.

Máquina de corrupção

Durante reunião de Paulo Guedes e sua legião de assessores e o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), o ministro afirmou que poderia ter dito ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que o “Congresso é uma máquina de corrupção”, uma “boa resposta” à critica de Maia de que “o governo virou uma usina de crises permanentes”.

Segundo Paulo Guedes, Rodrigo Maia faz críticas públicas a ele e ao ministro da Justiça, Sergio Moro, e cresce entre seus pares no Congresso, mas perde apoio nas ruas.

Show de besteira

A avaliação de Santos Cruz, demitido por Bolsonaro a mando de Olavo de Carvalho, guru de Jair e seus rebentos, é oportuna demais para se esquecida. “Tem de aproveitar essa oportunidade para tirar a fumaça da frente para o público enxergar as coisas boas, e não uma fofocagem desgraçada. Se você fizer uma análise das bobagens que se têm vivido, é um negócio impressionante. É um show de besteiras”, detonou o general “Isso tira o foco daquilo que é importante. Tem muita besteira. Tem muita coisa importante que acaba não aparecendo porque todo dia tem uma bobagem ou outra para distrair a população, tirando a atenção das coisas importantes. Tem de parar de criar coisas artificiais que tiram o foco. Todo mundo tem de tomar consciência de que é preciso parar com bobagem”, disse Santos Cruz á Época.

Mais cuidado

A deputada Margarete Coelho (Progressistas) comentou na quinta-feira (27), a troca de gentilezas entre Guedes e Maia. E advertiu que sem esse diálogo não haverá viabilidade de se votar nada. “Cada declaração mal colocada, como por exemplo do ministro da Economia [sobre a “máquina de corrupção”] ou qualquer representante do governo, repercute muito aqui nessa Casa. Temos que ter esse cuidado de entender a gravidade do momento e a necessidade de que todos nós tenhamos como objetivo resolver a questão da previdência", defendeu Margarete Coelho, em entrevista à TV Cidade Verde.

Na terça-feira (2), os governadores retornam a Brasília para a quinta e definitiva reunião com Rodrigo Maia e o relator da reforma da Previdência, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). Se até lá Bolsonaro, Guedes & Cia. não aprontar mais uma.

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Paulo Pincel

Paulo Pincel

Paulo Barros é formado em Comunicação Social-Jornalismo/UFPI; com Especialização em Marketing e Jornalismo Político/Instituto Camilo Filho

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