Meia Palavra

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Comissão da Câmara encarregada da reforma da Previdência vira "balcão de negócios"

Cada deputado federal que votar a favor da reforma de Bolsonaro vai ganhar R$ 20 milhões em emendas

Paulo Pincel

Quarta - 03/07/2019 às 18:40



Foto: Agência Brasil Governadores deixam a residência oficial de Rodrigo Maia
Governadores deixam a residência oficial de Rodrigo Maia

Virou uma quitanda, um "balcãozão de negócios" a Comissão Especial encarregada de votar a reforma da Previdência da Câmara dos Deputados. O dono da "bodega" é o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que negociou pessoalmente a liberação de R$ 20 milhões por voto a favor da reforma. Cada deputado que votar a favor do relatório do deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP) vai ter liberada essa bolada em emendas para obras de "fachada", que começam e nunca terminam. Emendas que, na sua grande maioria, servem unica e exclusivamente para desvio de dinheiro público.

A negociata na Câmara dos Deputados inclui, além da liberação das emendas parlamentares, outras imposições de setores específicos, como a aposentadoria especial para policiais federais e rodoviários, além da nomeação de apadrinhados de parlamentares em cargos federais.

Calote

Só que o governo Bolsonaro comprou, mas ainda não pagou. Os valores das emendas, prometidos por Lorenzoni para ver a reforma aprovada, não foram empenhados e os aliados do Palácio do Planalto - e os “independentes” do Centrão - decidiram segurar a votação no Plenário da Câmara até que a conta seja paga.

O Brasil perde

O governador do Piauí, Wellington Dias, que participou de seis reuniões com o presidente da Câmara, Rdorigo Maia (DEM-RJ), lamentou hoje (3), que Estados e municípios tenham ficado fora da reforma. “Os sistemas de Previdência dos Estados e municípios, e estou falando de mais de 3 mil planos diferentes de Previdência, vão prosseguir. E o resultado é que quem vai perder é o Brasil. Se a gente quer, de verdade, acabar com privilégio no Brasil, há necessidade de ter um regramento único para o sistema geral, assim como estamos avançando no regramento único de previdência complementar”, avisou o governador.

Dias lembrou que o Brasil, que a Constituição Federal estabelece o regramento da Previdência, que, se aprovada como proposta por Bolsonaro, vai valer apenas para a União e o INSS. “Agora vão surgir centenas de previdências, ou seja, nós temos uma reforma que é apenas para previdência da União e para o INSS”, lamentou.

Rombo monstro

Caso Estados e municípios fiquem foram da reforma da Previdência, haverá um déficit de R$ 100 bilhões nas contas desses entes. “Infelizmente, nós temos uma meia reforma. Uma reforma que deixa um problema de R$ 100 bilhões, que é o déficit da previdência de Estados e municípios fora do sistema da previdência”.

Wellington Dias defende que o momento não é de polemizar, quem é governo, que é oposição, mas de pensar no país. “Eu creio que os 27 governadores, e destaco aqui os governadores do Nordeste, pensando no Brasil, inclusive, muitas vezes num diálogo que não é fácil com os partidos, no diálogo com as nossas bancadas, mas pensando no Brasil, porque entendemos que, independente de quem é governo, quem é oposição, é necessário encontrar uma solução para o Brasil, e, pelo visto, não é esse o desejo expresso no relatório”, criticou o governador do Piauí, que ainda vai tentar reverter no Senado, onde todos os estados têm a mesma representatividade – três senadores, cada - a situação criada na Câmara dos Deputados, que pode detonar a economia de Estados e municípios e quebrar de vez o Brasil.

Fonte: MEIA PALAVRA

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Paulo Pincel

Paulo Barros é formado em Comunicação Social-Jornalismo/UFPI; com Especialização em Marketing e Jornalismo Político/Instituto Camilo Filho

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