Reginaldo Furtado, com seu livro “Chagas Rodrigues e a Hidrelétrica de Boa Esperança” permite a reparação daquilo que historiadores gostam de chamar de apagamento de memória ou que os comentaristas da obra consideração uma reparação de injustiça histórica. Sem embargo dos esforços de outras pessoas em favor da hidrelétrica, um marco modernizador da economia do Piauí, o livro do advogado parnaibano, é uma contribuição fundamental para a história política e econômica do Piauí na segunda metade do século XX.
Há que se mencionar o fato de que Chagas Rodrigues, governador do Piauí entre 1959 e 1962, foi um desbravador de uma área essencial ao desenvolvimento, o planejamento, o que se documenta na obra de Reginaldo Furtado, cujo registro está para além do que se vê no título de seu robusto trabalho.
Boa Esperança, a hidrelétrica do título do livro, pode até ser percebida no andar da leitura como uma contraposição àquilo que se deu a Chagas Rodrigues, conforme a narrativa escorreita de Reginaldo Furtado: a injustiça do não reconhecimento de seu papel em obra tão fundamental ao desenvolvimento econômico do Estado; a cassação do ex-governador, que perdeu seu mandato de deputado federal; o silêncio que se seguiu pela imposição autoritária.
A narrativa ancorada em documentos históricos – o que inclui fotos das décadas de 1950 a 1970 – permite um olhar acurado sobre o período retratado no livro, bem assim a identificação das personalidades políticas envolvidas no processo político de então: além do protagonista da obra, Chagas Rodrigues, nomes como o de Petrônio Portella, recebido nos Estados Unidos nos anos 1960 pelo presidente John F. Kennedy.
O fato de conhecer o autor, Reginaldo Furtado, torna esse livro ainda mais caro a mim. Cresci em minha casa já sabendo sobre o talento e capacidade de trabalho deste advogado e escritor, de quem, depois, só recebi boas referências de outros dois grandes homens, o desembargador Nildomar Silveira, Genu Moraes e Raimundo Martins de Sousa, o Pereirinha, este último um dos mais próximos amigos de Chagas Rodrigues, e certamente fonte para o livro que resgata parte da memória deste grande piauiense.
A relevância do livro, que eleva a importância do autor, mereceu um lançamento na sede da OAB, no dia 7 de dezembro de 2022, ano que se celebrou o centenário de Chagas Rodrigues. Também em Parnaíba a obra foi apresentada em uma noite de autógrafos, no auditório Vicente Correia, do Senac. Nos dois eventos centenas de pessoas estavam presentes para ter acesso a um livro que, seguramente, poderá e deverá ser obra referencial para a história e memória do Piauí, do desenvolvimento econômico do estado, da política piauiense na segunda metade do século XX e ainda para a cidade de Parnaíba, de onde vêm o protagonista e o autor.