Filosofia de Vida

Filosofia de Vida

"A ansiedade é como uma locomotiva que quanto mais acentuada, acrescenta vagões."

O especialista dá dicas de como controlar a ansiedade dentro de um conceito único

Fabiano de Abreu

Quarta - 22/04/2020 às 08:42



Foto: Vida em Equilíbrio Ansiedade
Ansiedade

A ansiedade, o medo e o pânico são conceitos intrínsecos e complementares entre si. No entanto, muitas das vezes é difícil distinguir o significado de cada um e como eles entram e moldam as nossas vivências. O filósofo, psicanalista e especialista em estudos da mente humana Fabiano de Abreu partilha conosco a sua perspectiva e explicação destes conceitos.

"A ansiedade é como uma locomotiva que quanto mais acentuada, acrescenta vagões."

"Ansiedade é diferente do medo mas o medo é o gatilho que a ativa. Ela te traz a sensação de perigo mesmo sem ter a ameaça por perto, se concentra numa ideologia futura mas sem ações determinadas. Ela é a motivação para a ação. ", explica o estudioso.

Contudo, o nosso passado e aquilo que vivemos e deixamos nele podem ser também motivações fortes na ativação da nossa ansiedade.

"A ansiedade também é a resposta para traumas que estejam escondidos do consciente, guardados no inconsciente. Por outro lado, podem ser pulsões, ações e reações predestinadas e não realizadas. Essa pendência ativa a ansiedade e armazena as "possíveis realizações", ou seja, algo que deveria ter sido concluído e não o foi, assim como todos os tipos de pendências. ", explica Abreu.

Como refere o psicanalista, há em nós a necessidade de conclusão, de ver o término de tarefas. Neste momento, "A ansiedade é a necessidade de realização que ainda não encontrou desfecho. Ela atravessa todos os campos da arquitetura da mente, nasce na memória primitiva, é passada para o inconsciente, joga no inconsciente toda a pendência, nos chama a atenção no subconsciente e se instala no consciente.".

"Ansiedade torna-se sinónimo de pendência"

Para tentarmos compreender melhor como a ansiedade nos pode afetar e como se desencadeia, Fabiano de Abreu dá-nos um exemplo muito prático fazendo uma comparação muito fácil de entender. 

"Defino a ansiedade da seguinte maneira;  imagine um móvel com milhares de gavetas. Vamos chamar esse armário de armazenador de pendências, de coisas que tenho que fazer e de acontecimentos que me desagradaram e não os resolvi.

Há gavetas de traumas não resolvidos e de vontades e objetivos não realizados. Neste armário da pendência as gavetas podem ser abertas de acordo com os acontecimentos da vida.

Cada gaveta pode representar um ponto em meio a nuances de um acontecimento, ou seja, caso aconteça algo no presente que arremeta a um trauma passado, este trauma resultou em várias gavetas. Cada uma delas é uma consequência diferente para este trauma. Quanto maior a quantidade de gavetas abertas, maior a ansiedade.

Então imagine que este trauma do passado foi tão grave, que as nuances das respostas traumáticas cabem em 10 gavetas. Quando acontece algo no presente que arremeta a este trauma passado, 10 gavetas da ansiedade e das chances traumáticas são abertas.

Se o trauma coube em 3 gavetas por não ter sido tão grave, são 3 gavetas da ansiedade abertas. A potência da ansiedade está relacionada ao número de gavetas neste caso.

Já as gavetas dos pensamentos do que temos que fazer, das realizações que queremos alcançar e ainda não agimos para que fossem realizadas são moldáveis às vivências.  Se o medo, a turbulência do dia-a- dia causa um terremoto em meu quarto e as gavetas deste tipo de ansiedade se abrem, (supúnhamos 8), temos 8 potências de ansiedade que são abertas em simultâneo.

Quanto maior a quantidade de gavetas, maior o estresse e isso fará abrir mais gavetas. O acumulado de situações leva a um ponto de  confusão mental e é neste momento que respiramos. Que é a primeira saída para controlar este terremoto pois tomámos consciência da situação.", explica Fabiano.

O psicanalista afirma que o estado de ansiedade faz parte do Homem, que é um motor de busca. É essencial para nos motivarmos a agir. 

"A ansiedade faz parte de nós, tem que existir para que possamos ter reações. Sem a ansiedade, ficaríamos estagnados diante do perigo. Ela nos alerta para que possamos agir. A não ação ou reação, resulta em estresse e este, com mais intensidade, pode levar ao pânico. A ansiedade sem reação pode nos levar a um sentimento de tristeza e, se acumulado e contínuo, a depressão pode ser o resultado final. ", explica o filósofo.

Por outro lado há sempre a necessidade de a controlar. A ansiedade tem de ser mantida na medida certa para que com isso possamos tirar algum partido do que nos provoca.

Segundo Fabiano de Abreu: "O que podemos fazer para amenizar a ansiedade e tirar proveito dela? Primeiro faça exercícios de respiração, sempre funciona. Em meio a tantas ideias e pensamentos, o medo de perdê-los pode levar ao estresse então, faça anotações com ordem de prioridade. Use o telemóvel ou caneta e papel, eu prefiro este último pois incentiva a vencer a preguiça. Falando dela, é o que pode nos impedir de agir então, para vencer a preguiça, conte até três e faça logo pois, estará usando a ansiedade para agir e assim ativando ainda mais ansiedade para logo concluir. 

Caso a ansiedade tenha levado a um estresse que o tira fora do eixo, busque o equilíbrio em meio a pensamentos positivos, busque a natureza pois temos uma relação muito íntima à ela e esta energia poderá ajudar.".

Se em algum momento se sentir arrebatado pelo imensidão da ansiedade, se deixar de conseguir raciocinar direito, se perder totalmente o foco, nesse caso:

"Tem horas que vale mais a pena se retirar, descansar, desligar e logo voltar ao normal, afinal, se o que perdeu da memória era tão importante, então, uma hora vai voltar.", concluí Abreu.

O conceito de ansiedade pelo filósofo estará em seu mais novo livro que será lançado este ano, 'Viver Pode Não Ser Tão Ruim' volume 2, 'Das Frasetas ao Contexto', onde o escritor juntará algumas de suas frases e explicar o conceito delas. 

Projetos para o futuro. 

Livro sobre o navegador António de Abreu, seu ascendente direto e a história que leva o navegador ao rei Rolo da Normandia.

Livro 'Viver Pode Não Ser Tão Ruim' volume 2 - Das Frasetas ao Contexto. 

Publicação da teoria 'Nova Arquitetura da Mente' - na revista científica Neurociência e Psicologia.

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Fabiano de Abreu

Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues é PhD em Neurociências; Doutor e Mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências; Mestre em Psicologia; Mestre em Psicanálise com formações em neuropsicologia, licenciatura em biologia e em história, tecnólogo em antropologia, pós graduado em Programação Neurolinguística, Neurociência aplicada à Aprendizagem, Psicologia Existencial Humanista e Fenomenológica, MBA, autorrealização, propósito e sentido, Filósofo, Jornalista, Especialização em Programação em Python, Inteligência Artificial e formação profissional em Nutrição Clínica. Atualmente, é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Membro ativo da Redilat - La Red de Investigadores Latinoamericanos; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Professor e investigador cientista na Universidad Santander de México, diretor da MF Press Global, membro da Sociedade Brasileira de Neurociências e da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo, nos Estados Unidos. Membro da FENS, Federação Européia de Neurociências; Membro da Mensa International, Intertel e Triple Nine Society (TNS), associação e sociedades de pessoas de alto QI, esta última TNS, a mais restrita do mundo; especialista em estudos sobre comportamento humano e inteligência com mais de 100 estudos publicados.

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