Filosofia de Vida

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Fazer o bem é uma maneira inteligente de buscar o bem estar próprio

O filósofo Fabiano de Abreu aponta que há um medo intrínseco e real de descobrir em nós mesmos aspectos que desprezamos

Fabiano de Abreu

Domingo - 26/04/2020 às 09:15



Foto: wemystic.com Felicidade
Felicidade

Em momentos difíceis como a pandemia do covid-19 muitos têm exercitado a generosidade com o próximo através de doações de mantimentos, dinheiro ou buscando uma forma de tornar a quarentena alheia menos penosa, exercitando o que há de melhor no ser humano. No entanto, segundo a teoria do filósofo e psicanalista Fabiano de Abreu, fazer o bem ao próximo é uma maneira inteligente de buscar o próprio bem estar.

Abreu explica que nem todas as pessoas são de fato humanas no que tange ao comportamento: "Algumas pessoas que se fazem de humanas são desumanas. Se fazer é uma estratégia para esconder o seu verdadeiro EU desumano. A maioria de nós não têm consciência de si mesmos e os motivos são diversos. Muitas vezes, por preguiça ou falta de interesse, os acontecimentos da vida nos levam a esconder como somos por dentro, influências, crenças (e não falo apenas das religiosas), e a superficialidade com que nos olhamos, nos fazem criar um personagem para o mundo que não se assemelha ao que realmente somos e sentimos." 

Medo do autoconhecimento

O filósofo aponta que há um medo intrínseco e real de descobrir em nós mesmos aspectos que desprezamos ou dos quais nos envergonhamos: "O nosso cognitivo, de uma forma mais ou menos aprofundada nos ajuda a diferenciar o caminho certo do errado. Na maioria das vezes, isso acontece quando as nossas atitudes ou ações são errôneas, e são executadas dentro dessa consciência. Nós sabemos que estamos a enveredar por um caminho que não é o correto mas a vontade e o desejo de atingir um objetivo faz com que negligenciemos esse fato. Ter consciência de que as mesmas mãos que criam são as mesmas que destroem dá-nos uma percepção real do ser humano."

O Bem como parte da personalidade

Abreu aponta que nem todos são fingidores e que realmente há pessoas que tendencialmente são mais empáticas, propícias a praticar o bem de uma forma real e inata: "Essas pessoas fazem o bem sem olhar a quem e sem precisar de valorização externa. A própria ação é o veículo da satisfação pessoal e não necessitam do reconhecimento do outro para se sentirem melhor. A sensação de bem estar vem da sua própria natureza." 

No entanto, isto não é algo natural para todos: "Porém, algumas pessoas fingem ser quem não são para angariar benefícios próprios advindos do reconhecimento de sua ação benfeitora. Ao passo que, quanto mais se alimentam da vaidade, mais precisam desse alimento que não às satisfazem nunca.Fazer o bem deve sempre estar desassociado da vaidade e isso pode ser trabalhado dentro de nós ao longo da vida.Há quem de forma inteligente perceba o quanto se colocar a serviço do bem é necessário para se obter um retorno positivo para si mesmo então, cognitivamente acabam por fixar essa atitude no inconsciente." 

Máscara da Bondade

O filósofo aponta que nas crises humanitárias, como a do novo coronavírus, alguns podem vestir máscaras de bondade para no fim beneficiarem-se com a situação: "Existem momentos em que a humanidade precisa da ajuda de todos os seres humanos, como esse que vivemos durante a pandemia. Mas pessoas que desenvolveram personalidades nocivas se aproveitam da crise e vestem a mascara da bondade. As boas ações servem para disfarçar nuances da personalidade que não são gratas." 

Segundo a sua teoria, esta falsa bondade seria uma forma de compensar o seu lado malvado: "É quase como um pedido de perdão, uma compensação moral. Essas pessoas acreditam que o mal pode ser apagado pelo bem. Elas colocam as suas ações numa balança e as tentam equilibrar. Se a sua consciência está pesada pois prejudicou alguém, tentará compensar com uma ação positiva oferecida a outro ser humano, e dessa forma, vai tentando balancear o seu eu interior, atormentado e necessitado do próprio perdão." 

Fazer o bem ao próximo é cuidar de si mesmo

Para o estudioso, ainda que se faça o bem ao próximo por egoísmo ou razões não altruístas, é o melhor caminho a se tomar: "Mas é importante analisar como nos sentimos quando fazemos o bem. E se nos faz bem, mesmo que for por egoísmo, por amor somente a nós e por nossa própria satisfação, devemos fazer. Após algum tempo, assumindo a obrigação de fazer o bem, mesmo contra a vontade, a nossa personalidade absorverá o novo comportamento como natural, e a nossa consciência manifestará uma satisfação real, que nos manterá e nos alimentará da verdadeira bondade que, pouco a pouco, nascerá em nossos corações."

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Fabiano de Abreu

Prof. Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues é PhD em Neurociências; Doutor e Mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências; Mestre em Psicologia; Mestre em Psicanálise com formações em neuropsicologia, licenciatura em biologia e em história, tecnólogo em antropologia, pós graduado em Programação Neurolinguística, Neurociência aplicada à Aprendizagem, Psicologia Existencial Humanista e Fenomenológica, MBA, autorrealização, propósito e sentido, Filósofo, Jornalista, Especialização em Programação em Python, Inteligência Artificial e formação profissional em Nutrição Clínica. Atualmente, é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; Membro ativo da Redilat - La Red de Investigadores Latinoamericanos; Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Professor e investigador cientista na Universidad Santander de México, diretor da MF Press Global, membro da Sociedade Brasileira de Neurociências e da Society for Neuroscience, maior sociedade de neurociências do mundo, nos Estados Unidos. Membro da FENS, Federação Européia de Neurociências; Membro da Mensa International, Intertel e Triple Nine Society (TNS), associação e sociedades de pessoas de alto QI, esta última TNS, a mais restrita do mundo; especialista em estudos sobre comportamento humano e inteligência com mais de 100 estudos publicados.

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