O Correio Braziliense publicou, neste domingo (26), um artigo do ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), em que ele fala sobre o crescimento social do Piauí nos últimos 20 anos, destacando a cidade de Guaribas, que foi o primeiro município a receber a implantação do Programa Fome Zero por ser um dos mais pobres do Brasil na época.
Em seu artigo "Piauí, do jegue à Hilux", o ministro ressalta o sucesso alcançado com aplicações de políticas públicas no estado durante os governos em que foi titular a partir de 2003.
VEJA O ARTÍGO NA ÍNTEGRA:
No meio da Serra das Confusões, existe uma cidade que não é mais a mesma de 20 anos atrás. Guaribas (PI), município que, em 2003, foi o primeiro do Brasil a receber o Fome Zero, hoje é um exemplo emblemático do impacto positivo das políticas públicas na transformação social.
"Do jegue à Hilux", Irineu Maia foi uma das muitas pessoas de Guaribas que teve a vida transformada nos últimos anos. Em 2001, aos 43 anos, foi para São Paulo em busca de melhores condições de vida: na época, a situação era muito triste, lembra. O trabalho, quando tinha, era na roça. Porém, em 2003, as coisas começaram a mudar em Guaribas, conta orgulhoso. Ele lembra que, quando morava no interior do Piauí, antes de ir para São Paulo, andava de jumento. Ainda em terras paulistas, os conterrâneos começaram a relatar as transformações que a cidade estava vivendo com a chegada dos programas sociais. Foi aí que decidiu voltar: "Porque os daqui, de Guaribas, estavam melhor que eu lá em São Paulo".
A cidade que um dia foi o município com o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil voltou a enxergar um futuro. E seus moradores, também. Irineu voltou para a cidade natal em 2006, casou e teve filhos. Com os programas sociais, como o Bolsa Família, apoiando, a vida de todos prosperou. "Ajudou muito, a gente podia montar um negócio e ter pra quem vender". Empreendedor nato, já teve na cidade uma loja de roupas, uma churrascaria e hoje tem um hotel. Ele achava que nunca veria sequer asfalto na cidade e, hoje, anda de Hilux. Para o futuro, sonha com os estudos dos filhos. "Falo para eles: estudem, estudem. No meu tempo, não tinha como."
Nos últimos 20 anos, o Piauí deu um salto notável, saindo da categoria de baixo desenvolvimento humano para a de alto. Segundo o IDH, que mede o bem-estar da população, o estado passou de 0,48 em 2000 para 0,71 em 2020, um crescimento de 48%. Esse avanço coloca o Piauí na faixa de desenvolvimento humano alto, segundo a classificação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
O Piauí viveu toda essa transformação impulsionado pela universalização de programas de transferência de renda, como o Fome Zero, e, posteriormente, o Bolsa Família. E esses dados são confirmados pelo estudo Mapeamento dos índices de desenvolvimento social, desenvolvido pelo pesquisador do Pnud Antônio Claret.
Os ótimos resultados do Piauí são uma combinação de fatores e de políticas públicas que tiveram um papel muito relevante. Atuação de múltiplos atores — governamentais, sociais, empresariais — em várias frentes, proteção da pobreza, acesso à segurança alimentar, educação de qualidade, tudo junto no mesmo balaio foi fundamental para o resultado alcançado.
O crescimento do PIB, a participação do estado no PIB nacional e a redução da desigualdade de renda foram fatores determinantes para o aumento do IDH. A renda média do piauiense, medida pelo PIB per capita, cresceu 64% entre 2002 e 2022, enquanto a diferença entre a média nacional e a do estado diminuiu significativamente.
No Piauí, o Índice de Gini, que mede a concentração de renda, caiu de 0,61 em 2010 para 0,52 em 2021, indicando uma distribuição mais justa da riqueza. A pobreza também recuou consideravelmente: o percentual da população em situação de pobreza e extrema pobreza caiu 70% entre 2000 e 2013.
O Piauí também obteve resultados expressivos na área da educação. O analfabetismo caiu pela metade entre 2000 e 2021, enquanto a taxa de conclusão do ensino fundamental pela população adulta mais que dobrou. O estado lidera o ranking nacional de crianças na escola desde 2019, com 97% das crianças de 5 a 6 anos frequentando essas instituições.
O desempenho dos estudantes também melhorou consideravelmente. O Piauí ultrapassou a média da Região Nordeste nos anos iniciais do ensino fundamental e está acima das projeções do Ministério da Educação. Nos anos finais do ensino fundamental, a nota geral do estado supera a média regional e acompanha as projeções oficiais.
Digo, com orgulho, que o Piauí trilhou um caminho notável de desenvolvimento humano nas últimas duas décadas. Ao manter o foco em políticas públicas eficazes e na busca constante por melhorias, o estado chegou a níveis que muitos achavam não serem possíveis. Mas ainda há muito por fazer, muitos sonhos a serem realizados. E, com o auxílio de políticas públicas integradas, não há limites para os moradores de Guaribas, do Piauí e de todo o Brasil.