Artigos & Opinião

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Calou-se um homem de letras

Nota de pesar da Fundação Quixote

Fundação D. Quixote

Segunda - 29/11/2021 às 09:23



Foto: Divulgação Assis Brasil
Assis Brasil

Saiu de cena hoje (28/11/21) Francisco de ASSIS Almeida BRASIL (89 anos de idade)), um dos grandes nomes da moderna literatura brasileira. Certa feita Assis afirmou: "Eu não vivi; tive apenas vida literária". Não era força de expressão: o autor de Beira Rio Beira Vida escreveu mais de cem obras, de literatura infanto-juvenil a ensaios filosóficos. Piauiense, de Parnaíba, Assis Brasil viveu quase sempre distante do Piauí. Jornalista, professor, ficcionista e crítico literário, tornou-se conhecido a partir de 1965 quando publicou Beira rio beira vida, romance que lhe rendeu o Prêmio WALMAP.  obra integra a Tetralogia Piauiense, que se completa com A Filha do meio quilo, O salto do cavalo cobridor e Pacamão. Dez anos depois, voltaria a ganhar o mesmo prêmio com Os que bebem como os cães.

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          Quando H. Dobal foi homenageado pela Academia Brasileira de Letras (2002), na companhia de alguns amigos, fui ao Rio de Janeiro com o poeta. Já no final da homenagem, apareceu Assis Brasil escorando-se nas paredes do auditório. Com voz sumida, explicou: "Estou saindo de uma depressão terrível" e mais não disse. Cumprimentou o Dobal e desapareceu.

         Em 2006, os organizadores do SALIPI resolvemos homenageá-lo. Coube a mim a incumbência de convidá-lo. Assis Brasil agradeceu a homenagem, mas afirmou que, por problemas de saúde, não poderia vir a Teresina. Recorremos à professora Francigelda Ribeiro, amiga do escritor, para tentar convencê-lo a vir. Depois de demorada negociação, o escritor afirmou que viria, mas, em hipótese alguma, falaria ao público. Contrafeito, veio.

         Às 19 h, Assis Brasil adentrou o auditório do Centro de Convenções de Teresina para a abertura da 4ª edição do SALIPI. Ao ser anunciado, as 700 pessoas que lotavam o espaço levantaram-se e o aplaudiram por mais de dez minutos. Aturdido, emocionado e feliz, Assis agarrou o microfone e falou mais de 40 minutos. Afável e cordial, respondeu às perguntas, distribuiu autógrafos, ressuscitou... Emocionado, não me contive e repeti G. García Márquez:" O que a felicidade não curar nada cura".  No ano seguinte, Assis mudou-se de mala e cuia para Teresina onde, festejado pelo público e sob o guarda-chuva do afeto de Leonardo, escreveu mais uns dez livros.

        Seu silêncio deixa-nos mais pobres e mais tristes. De qualquer forma, sua obra permanecerá viva.

Texto: Prof. Cineas Santos

Fonte: Salipi 2021

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