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DENÚNCIA

Família de paciente denuncia erro médico em cirurgia realizada no HU

A paciente de 36 anos passou pela cirurgia e está internada há 51 dias, sem previsão de alta

Da Redação

Sexta - 26/04/2024 às 10:56



Foto: Imagens enviadas ao Piauí Hoje Eliane Basila da Silva está internada há 51 dias desde a cirurgia
Eliane Basila da Silva está internada há 51 dias desde a cirurgia

Teresina (PI) - A trabalhadora doméstica Eliane Basila da Silva, de 35 anos, ficou em coma após por uma cirurgia de retirada de pedra na vesícula no Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI), em Teresina. A família acusa erro médico durante o procedimento cirúrgico. Eliane está internada há 51 dias no HU-UFPI, sendo 14 deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Não há previsão de alta.

A paciente tem duas filhas, uma de 7 e outra de 14 anos, e mora no bairro Porto do Centro, região da Vila Bandeirantes, na zona Leste de Teresina. A família está aflita com a situação e teme que Eliane tenha sequelas. 

O irmão de Eliane, o auxiliar de serviços gerais Valbinar Basila da Silva, disse que quer entender o que aconteceu com sua irmã para ela ter ficado no estado em que encontra depois de passar por uma cirurgia a laser no dia 7 de março.

"O diretor do hospital mandou nos chamar ontem para uma reunião, mas eu disse para ele que quero uma reunião com a presença dos médicos que operaram ela [Eliane] para gente saber o que aconteceu. Eu descobri que tem um médico residente na equipe e quero saber se esse médico operou minha irmã só, pois residente só pode operar com o auxílio de um profissional e isso é o que está na cabeça da gente. Foi uma cirurgia a laser e não era para chegar no ponto que chegou, por isso eu quero o resultado do que aconteceu lá. Minha irmã completou 36 anos domingo (21), no leito de UTI", relata o irmão mais velho de Eliane. 

Ao todo, Eliane tem cinco irmãos e todos estão unidos para cobrar providências do hospital acerca do quadro de saúde da irmã. O caso foi levado para a Governança Clínica do hospital.

"Nós somos de uma família humilde, pobre, nós não temos recursos nenhum pra arcar com qualquer consequência que virá acontecer com a nossa irmã. Então, o hospital tem que se responsabilizar. Pra isso eu estou entrando com uma ação porque foi erro médico sim! Eles não assumem, mas foi. Não assumem porque eles são uma classe unida e não vão dizer que teve erro médico, mas teve. Teve erro médico e teve negligência por parte dos médicos que custava agilizar os exames da nossa irmã", acusa Valbinar.

A família também relatou que após a cirurgia a laser, três grampos se romperam e foi necessário uma nova cirurgia para fechar os buracos. Depois ela passou por uma terceira cirurgia. A partir de então, Eliane teve complicações, o que acabou afetando seus pulmões.

"A menina estava perdendo secreção biliar, comprometeu os pulmões dela. Está com dois pulmões infeccionados. Não consegue respirar sem ajuda de aparelho. Estamos pedindo socorro por essa paciente, pedindo pelo amor de Deus para ela viver. Queremos saber se essa infecção pulmonar foi causada pelo derramamento de secreção biliar,  desde a primeira cirurgia até a terceira. E aí comprometeu os pulmões dela, ela fica cansada com falta de ar e com febre, vomitando", denuncia Valbinar. 

Por fim, o irmão destacou que os médicos que fizeram a última cirurgia estão sempre presentes e repassando informações para a família, mas os médicos anteriores desapareceram. 

"Na próxima reunião nós queremos a explicação dos médicos da equipe da primeira e segunda cirurgia que foi feita na nossa irmã. Ela está lá lutando pela vida, ela está lá entubada. Não conseguiram tirar a intubação dela, porque também ela tem um pouquinho de ansiedade e depressão, e os pulmões dela ainda continuam comprometidos. Nós estamos, do mesmo jeito, sem dormir de noite, preocupados com ela, que ela é uma menina jovem, a caçula, a mamãe vive chorando. Nós nem disse para mamãe que ela está entubada, porque a mamãe está operada há quatro meses. Nós estamos numa situação muito difícil. Aí, eles marcaram a reunião, mas só tinha o diretor. Eu levei o caso até a diretoria, mas eu vi na situação que não estava tendo agilidade. Até os exames que era para fazer rápido, estava demorando", disse o irmão.

OUTRO LADO 

O Portal Piauí Hoje entrou em contato com a assessoria de comunicação do HU-UFPI, que enviou uma nota informando que houve uma intercorrência (lesão em via biliar) durante o procedimento cirúrgico, e que foi tratada de forma adequada. Segundo o hospital, trata-se de uma complicação e não erro médico.

Veja a nota na íntegra:

O Hospital Universitário da UFPI (HU-UFPI) informa que a paciente em questão se encontra internada nesta unidade de saúde em leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) sob cuidados multiprofissionais.

A paciente foi submetida, no início da internação, à cirurgia para retirada da vesícula, tendo evoluído no pós-operatório com intercorrência (lesão em via biliar), complicação inerente ao procedimento cirúrgico amplamente conhecida e prevista na literatura, que foi prontamente diagnosticada pela equipe médica e tratada de forma adequada.

No momento, o quadro clínico da paciente é estável, com resposta satisfatória às condutas adotadas. Ela permanece sendo acompanhada pela equipe do HU-UFPI.

A família, desde o início da internação, está sendo informada sobre a evolução da paciente por boletins diários. Além disso, os familiares estão recebendo suporte da Ouvidoria e da equipe multidisciplinar do HU-UFPI, formada, entre outros profissionais, por assistentes sociais e psicólogos.

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