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Estudantes em ocupação na UFPI: 'Somamos mais de mil escolas ocupadas no Brasil'

Estudantes que ocupam prédio da reitoria deram entrevista ao Piauihoje.com

Sexta - 21/10/2016 às 20:10



Foto: OcupaUFPI (Facebook) Estudantes ocupam reitoria da UFPI
Estudantes ocupam reitoria da UFPI

Desde a última terça-feira (18), estudantes ocupam o prédio da reitoria da Universidade Federal do Piauí (UFPI). A ocupação se soma a dezenas de universidades e institutos federais do Brasil, além de outras ocupações em escolas secundaristas. Priorizando a discussão nacional contra o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 241, e contra a Medida Provisória que altera o Ensino Médio, o movimento também elenca pautas locais.

O movimento, que realiza atividades de discussão e análise de conjuntura nos espaços da reitoria, não impedem o funcionamento da instituição, e objetiva chamar a atenção às medidas, que refletem em cortes de investimentos na UFPI e em demais instituições de ensino públicas no país.

Nós conversamos com os estudantes José Jonas e Joana Darc, discentes do curso de Comunicação Social, que participam do movimento, e falam sobre as atividades e o contexto em que se encontra o ato.

Estudantes ocupam reitoria da UFPIEstudantes ocupam reitoria da UFPIFoto: Roberto Araujo

PIAUÍHOJE: O que esta ocupação na UFPI representa, diante de um cenário nacional de ocupações em escolas e institutos e universidades federais?

JOSÉ JONAS: Nesse momento, já são mais de mil escolas e universidades ocupadas em todo país. Nesse sentido, a nossa ocupação se soma a elas nessa luta contra todos esses ataques que tão vindos do governo federal, a PEC 241, que faz o congelamento de investimentos nos setores públicos por até 20 anos, setores como educação, saúde, esporte, segurança, enfim, com reajuste somente em cima da inflação, não vai ter aumento real em cima deles, e também tem outras propostas que visam atacar a juventude e os trabalhadores, como a MP da reforma do Ensino Médio, que impõe um formato de ensino médio que ataca os trabalhadores e a juventude, passando por cima de disciplinas como sociologia, educação física, artes. Que deixam de ser obrigatórios em prol de uma educação puramente tecnicista. A PLP 257, que visa sobre o serviço público, que praticamente desmantela o serviço público, e são tantos outros ataques que a gente não consegue nem enumerar todos.

JOANA DARC: Como o José falou, são mil escolas, além dos institutos federais que também estão participando, de universidades estaduais. Universidades são 33 até agora, então a gente vê que é uma luta que está sendo combativa em várias instâncias do nosso ensino. Isso significa que a gente está combatendo um programa que precariza a educação em todo um conjunto. Então não é uma luta isolada, é uma movimentação unificada. E a gente está contra também a MP que precariza os serviços públicos, então a gente acaba tendo essa perspectiva de que essa luta se estende a outros setores como os setores trabalhistas, e muitos outros setores que também são afetados.

PIAUÍHOJE: Quais são as atividades que vocês desenvolvem aqui na ocupação?

Estudantes ocupam Salão Nobre da reitoria da Universidade Federal do Piauí (UFPI)

JOANA DARC: Aqui na ocupação a gente tem três dias completos, a ocupação começou quando estava acontecendo o Consun, Conselho Universitário, que foi a primeira tentativa mesmo de tentar um diálogo com a reitoria, e a gente tirou uma deliberação no conselho de bases, com os centros acadêmicos dos cursos, para a gente ocupar a reitoria. Ai a partir desse momento a gente começou a se organizar, então a gente tem quase a todo momento reunião, pra tentar tirar políticas do nosso posicionamento, mas claro, sem perder o caráter de mobilização nacional. A gente monta nossas atividades a partir de plenárias, discussões, que possa construir. A gente pensa duplamente aqui, o que vai contemplar as pessoas que estão durante as plenárias, e contemplar os estudantes que ainda não estão nos movimentos.

JOSÉ JONAS: A gente faz o convite para a galera da universidade, não só da UFPI, mas da Uespi, estudantes de faculdades, estudantes secundaristas também para virem colar na nossa ocupação. Estamos aqui na reitoria, 24 horas por dia, e a gente está aqui, se precisar de apoio na mobilização, porque aqui é só um começo. A gente está ocupando aqui hoje, mas não é só aqui hoje. E a gente quer que o Piauí exploda em ocupações, tanto os estudantes secundaristas, como os outros campi. A gente faz o chamado para a galera ocupar tudo mesmo, contra todos esses ataques do governo.

PIAUIHOJE: Como está sendo o apoio de outros movimentos sociais a essa ocupação?

JOANA DARC: A gente estava conversando com pessoas da UFT, Universidade Federal de Tocantins, que também ocuparam quase na mesma época da gente, e a gente percebe que as outras oportunidades também buscam o diálogo para fortalecer as lutas. Além disso, tem o apoio dos trabalhadores, dos sindicatos, e de outras lutas que querem se agregar.

PIAUIHOJE: E sobre as pautas locais, como tem sido o diálogo com a administração da UFPI?

Cartazes foram fixados com manifestos na porta da reitoria da UFPI

JOANA DARC: A gente não paralisou o funcionamento da reitoria. Temos promovido palestras, mesas, uma mobilização que faça os estudantes se atentarem para toda essa mobilização nacional que tá acontecendo. A gente não atrapalha os serviços que acontecem aqui na universidade. Então a gente não teve um diálogo tão tenso com os trabalhadores que trabalham aqui, mas também a gente não teve nenhum tipo de conversa com a reitoria.

JOSÉ JONAS: A gente conversou com a reitoria no dia da ocupação, quando a gente entrou durante o conselho universitário. O próprio reitor disse que viria discutir com a gente hoje, sexta-feira. O nosso objetivo é que o reitor venha e assine a carta em que ele venha a assumir um compromisso de que vai cumprir com nossas pautas, tanto de posicionamento nacional, quanto de própria pautas locais, aí a gente vai sentar e conversar com ele.

JOANA DARC: As nossas pautas locais também são importantes porque essas medidas vão precarizar ainda mais a educação. A nossa educação já é precária, a gente tem problemas de infraestrutura, tem problemas nos Restaurantes Universitários, tem problemas com seguranças em situações de opressão, então não dá para a gente dizer que não existem pautas locais. Como a gente reuniu vários cursos, a gente tem dimensão das reivindicações de cada um. Tem a questão das cotas raciais na pós-graduação, por exemplo, que é um assunto muito pouco discutido nas universidades do Piauí. E é uma demanda que precisa sim. Por que as cotas têm que parar durante a graduação? Na pós-graduação é tão importante quanto porque mexe com pesquisa. E a pesquisa muda toda uma perspectiva da universidade que a gente quer.

Fonte: Roberto Araujo

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