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Crônicas à mancheia

Por Wellington Soares

Terça - 23/04/2024 às 13:31



Foto: Capa do livro Delito intencional
Capa do livro Delito intencional

Em Delito intencional, Chagas Botelho reúne uma penca de crônicas da melhor qualidade. Daquelas que provocam boas gargalhadas, levando-nos a esquecer, mesmo por um tantinho de minutos, a grave crise em que nosso país anda metido ultimamente. E o humor, como sabemos, é algo importantíssimo nesse gênero textual.

Por falar em crônica, bom destacar que a literatura brasileira nasceu de uma crônica de viagem. Lembra da Carta de achamento, de Pero Vaz de Caminha, escrita em 1500? Lá encontramos, por incrível que pareça, algumas pitadas de humor. Daí ter sido retomada, parodisticamente, pelos modernistas de 1922. 

Além disso, outro aspecto que desponta nos textos do Chagas é a leveza, sem a qual não há crônica. As histórias são contadas de maneira descontraída, sem as formalidades de praxe. Dessa forma, registram a coloquialidade que permeia o diálogo entre amigos. São, portanto, narrativas que, diante das tensões do dia a dia, deixam a gente mais relaxado e de bem com a vida. 

A exemplos disso, destaco das maravilhosas crônicas, pra ficarmos apenas em três, "Somos um número", na qual as pessoas não passamos de "logaritmos ambulantes"; "Sofá pardo", em que se recorda um tempo marcado por uma "vida pequena, melancólica e insípida"; e, a mais hilária de todas, "Futum dos puns", ao deliciar-se o autor com as flatulências (peidos, no linguajar popular) liberadas por uma loira de parar o trânsito.  

No mais, dizer que Chagas Botelho tem desenvoltura nesse tipo de prosear, tem muita bagagem cultural e sabe, como ninguém, seduzir o(a) leitor(a) do primeiro ao último texto. Agora só depende de nós, claro, torná-lo um cronista de fato e de direito: lendo Delito intencional com sofreguidão. 

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Wellington Soares

Wellington Soares

Wellington Soares é professor, escritor e um dos editores da Revestrés. Tem uma longa atuação nas áreas da educação e da cultura no Piauí. Gosta de ouvir música, ver filmes, dormir em rede, ler livros e curtir os dois netos. Sem falar que é torcedor apaixonado do Flamengo.

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