A mansão de Regina Gonçalves, socialite de 88 anos e herdeira de uma das maiores fortunas do Brasil, foi alvo de uma operação policial nesta terça-feira, desdobramento de uma disputa judicial e familiar cheia de acusações graves. O ex-motorista e marido da idosa, José Marcos Chaves Ribeiro, é acusado de crimes como tentativa de feminicídio, furto e cárcere privado.
A operação, chamada "Dama de Ouros" e conduzida pela 12ª DP de Copacabana, tinha como objetivo prender Ribeiro, que está foragido, e recuperar parte dos bens de Regina. Mas as buscas na mansão de 7 mil metros quadrados, em São Conrado, na Zona Sul do Rio, revelaram mais do que a ausência do acusado: muitas obras de arte e objetos de valor também desapareceram.
Regina Gonçalves é viúva de Nestor Gonçalves, fundador da Copag, fabricante de cartas de baralho, e herdou uma fortuna estimada em 500 milhões de dólares, composta por imóveis, joias e obras de arte. Porém, desde 2021, segundo a família, ela viveu isolada, sem acesso a amigos ou parentes.
Patrimônio dilapidado
Os policiais encontraram a mansão em estado de abandono, com móveis amontoados na garagem e os salões vazios, um contraste com o que já foi um espaço luxuoso repleto de coleções valiosas. Entre os poucos itens que restaram, estava uma escultura barroca de Nossa Senhora Sant’Ana, do século XVII, avaliada entre R$ 200 mil e R$ 250 mil. Segundo João Chamarelli, porta-voz da família, a peça é especial para Regina. “A Regina sempre perguntava sobre a Sant’Ana, porque tem muito carinho e devoção por essa peça. Encontrá-la foi uma surpresa feliz em meio a tanta notícia ruim”, declarou.
Por outro lado, outras peças de grande valor não estavam mais lá. Quadros de artistas como Di Cavalcanti, Cândido Portinari e Abraham Palatnik, além de esculturas, foram retirados dos cômodos. O advogado de Regina, Marcelo Coelho Pereira, afirmou que, apesar de ainda possuir imóveis, a idosa está com as contas bancárias zeradas e enfrenta dívidas acumuladas, incluindo mais de R$ 1 milhão em impostos da mansão.
“Já está claro que houve dilapidação do patrimônio dela”, disse o delegado Ângelo Lages, da 12ª DP, informando que um novo inquérito foi instaurado para investigar as fraudes patrimoniais cometidas contra Regina.
Acusações
A história de José Marcos e Regina é cheia de versões contraditórias. Ele afirma que os dois tinham uma união estável desde 2012, reconhecida em cartório, enquanto Regina nega qualquer relacionamento amoroso e questiona a autenticidade da assinatura nos documentos. Além das fraudes patrimoniais, Ribeiro é acusado de manter Regina em cárcere privado em um apartamento no Edifício Chopin, em Copacabana.
De acordo com a polícia, em dezembro de 2021, Regina foi hospitalizada com uma grave lesão na cabeça, que precisou de cirurgia, e a família só descobriu o ocorrido muito tempo depois. No início de 2023, ela conseguiu fugir do apartamento e teve que enfrentar uma batalha judicial para retomar sua liberdade. Inicialmente, José Marcos obteve a tutela provisória da idosa, mas a decisão foi revertida, e o sobrinho dela, Carlos Aristophanes de Queiroz, foi nomeado curador.
Além de Ribeiro, outras oito pessoas estão sendo investigadas por participação nos crimes contra Regina. Todas estão proibidas de manter contato com ela ou de se aproximar de seus imóveis, segundo o delegado Ângelo Lages.
Fonte: Com informações do "O Globo"