
Cinco anos após a primeira morte por Covid-19 no Brasil, uma nova plataforma digital foi lançada para preservar a memória sobre a pandemia e sua gestão no país. O "Acervo da Pandemia", lançado nessa quarta-feira (12), reúne vídeos, documentos oficiais, reportagens e outros registros sobre as decisões políticas, estratégias sanitárias e os impactos sociais causados pela crise sanitária.
Desenvolvido pelo Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência (SoU_Ciência) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o acervo é um marco na preservação histórica, reunindo 140 registros já disponíveis e outros 100 em análise. A plataforma oferece uma visão detalhada sobre o enfrentamento da pandemia, com foco nas decisões tomadas pelo governo brasileiro e no impacto da desinformação no país.
"Não é apenas um repositório de documentos, é um testemunho de um dos períodos mais críticos da nossa história recente", afirmou Soraya Smaili, coordenadora do SoU_Ciência, sobre o objetivo do Acervo. "Ele serve como fonte para pesquisadores, jornalistas, e qualquer cidadão interessado em entender a resposta brasileira à pandemia", completou.
O Acervo é dividido em 17 temas, abrangendo questões como o negacionismo, as políticas de vacinação, a gestão federal da pandemia, e as tensões entre ciência e política. O material também examina o conceito de "Necrossistema", que descreve como as omissões governamentais e as estratégias de desinformação agravaram a crise sanitária e contribuíram para um número elevado de mortes evitáveis.
Entre os registros, destacam-se documentos que ilustram as posturas do governo Bolsonaro, como declarações oficiais e publicações nas redes sociais, que minimizavam a gravidade da pandemia. Além disso, o Acervo oferece uma análise sobre as ações da Fiocruz, do Instituto Butantan e dos governos estaduais, bem como os esforços da sociedade civil contra a desinformação.
A plataforma está disponível gratuitamente ao público, e o SoU_Ciência convida cidadãos e pesquisadores a contribuir com novos documentos e relatos. O projeto conta com a colaboração de universidades, grupos de mídia independente e entidades de vítimas da Covid-19, garantindo que a memória do período não seja apagada ou distorcida.
"O Acervo é um esforço fundamental para que os erros não sejam esquecidos, ajudando na formulação de políticas públicas mais eficazes em futuras crises sanitárias", concluiu Soraya Smaili.