Polícia

Suplente revela detalhes da tortura: apanhei muito

Francisca Alencar diz que agressoras vão pagar pelo que fizeram

Domingo - 18/02/2018 às 10:02



Foto: Montagem Francisca Alencar e as marcas da agressão
Francisca Alencar e as marcas da agressão

Agressão, sequestro, cárcere privado, tortura física e psicológica. A professora, microempresária e suplente de vereador Francisca Silvia da Silva Alencar, que mora com um filho adolescente no bairro Bulandeira, em Pio IX, a 449 km de Teresina, está abalada psicologicamente e traz no corpo as marcas da surra que levou de cinco mulheres de uma mesma família – a esposa, três filhas e sobrinha do seu suposto amante.

Francisca lembra com pavor a violência que sofreu no começo da tarde de sexta-feira (16), quando apanhou na frente do filho e foi arrastada para um veículo, um Chevrolet Onix vermelho, e levada para uma fazenda, onde continuou apanhando. A vítima conseguiu fugir no momento em que as agressoras pegavam uma tesoura para cortar o seu cabelo. Francisca derrubou uma delas, correu e se embrenhou na mata.  

Assistida por uma advogada, a vítima registrou Boletim de Ocorrência e deve vir a Teresina para exames de corpo de delito. Francisca já prestou depoimento ao delegado Aureliano Barcelos, que investiga os crimes de agressão, sequestro, cárcere privado  e tortura praticados contra a suplente de vereador. As acusadas foram presas em Tauá, no Cearpa, mas liberadas pouco tempo depois.

Para a polícia e para vários portais de notícia, Francisca Alencar contou em detalhes a sessão de tortura e toda a violência que sofreu durante mais de três horas e não esconde o medo que tem de ser novamente vítima de fúria das agressoras. A polícia registrou o caso como "agressão leve", mas a advogada da vítima vai denunciar todas elas por agressão, sequestro, cárcere privado, tortura e ameaça de morte.

Francisca Silvia é suplente de vereador em Pio IX
Francisca Silvia da Silva Alencar é professora, microempresária e suplente de vereador em Pio IX. [Fotos: Arquivo pessoal]

Guerra

“Eu estava em casa com o meu filho de 12 anos, que viu tudo. Se eu não tivesse escapado, elas tinham me matado. Eram cinco mulheres contra uma. Foi cena de guerra. [...]  “Elas entraram na minha casa, foi invasão de domicílio. Eu tenho uma lojinha e ela estava aberta para receber os clientes. Elas já entraram me esculhambando, xingando. Eu, desesperada, corri pra fora e elas vieram atrás: ‘pega ela, pega ela pra não fugir’, ficaram gritando. Alguns vizinhos ouviram, mas elas ameaçavam. Elas me derrubaram no chão, começaram a me dar socos e chutes. A rua que eu estava era sem saída. O meu filho de 12 anos pedia pra elas não me bater, mas ela falavam que se ele não se calasse iam levar ele também. Depois, me colocaram no carro e me levaram até uma fazenda, em todo o percurso fui agredida” 

Motivação

“Elas falavam que queriam a casa de volta, mas essa casa fui eu que construí com o meu ex-esposo. Eu não tinha os documentos pra mostrar a elas, e elas ficaram exigindo a escritura. Cinco mulheres, que eu só conhecia pelas redes sociais: a esposa dele, Marta Pessoa, as três filhas Jéssica, Gabriela e Larissa Pessoa, e uma sobrinha dela, que não sei quem é. O Josivaldo [marido de Marta e suposto amante de Francisca] eu conheço porque em interior todo mundo conhece todo mundo, e ele tem um posto de gasolina aqui”

Cárcere 

 “...me levaram até essa fazenda, que o Josilvaldo  Alves estava lá, trabalhando, não havia mais nenhum funcionário na hora. Elas falavam que iam me matar na frente dele. Ele só ficava falando que elas não podiam estar fazendo aquilo comigo; eu acho que ele também foi agredido por elas”.

Fuga

“Eu passei por debaixo das pernas de uma [quando ntentavam corta mo seu cabelo com uma tesoura] e corri, fugi para o mato, porque ao redor da fazenda é só mato. E me salvei. Fiquei escondida por uma hora até que vi elas saírem de lá no carro. Depois que eu vi o carro indo embora, eu me perdi na mata, e ouvi a voz dele [Josivaldo] me chamando, dizendo que eu podia sair que tinha um carro lá e ia me levar pra casa. Quando a gente chegou na casa [da fazenda para onde ela foi levada] já tinha esse carro me esperando”.
 
Medo

“Eu tenho medo disso não dar em nada. A polícia já localizou elas, mas só fizeram prestar esclarecimentos e foram soltas por ‘agressão leve’, mas o que aconteceu foi muito mais que isso: for sequestro, tortura, ameaça de morte. Minha advogada já está vendo tudo isso. Elas não podem se livrar do que fizeram comigo”.

Fonte: Polícia Civil/Cidadeverde.com

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