Política

Senadora Regina Sousa não esconde a desconfiança e o medo da traição de aliados

"O governador confia plenamente neles senão não estaria montando esse xadrez. A história, o tempo é quem vai dizer", afirma a senadora.

Terça - 08/11/2016 às 10:11



Foto: Cintia Lucas Senadora Regina Sousa
Senadora Regina Sousa

O Partido dos Trabalhadores vai reunir prefeitos, vice-prefeitos e vereadores eleitos no dia 2 de outubro passado para debater o exercício dos mandatos como forma de fortalecimento da sigla. O encontro do PT acontece no dia 8 de dezembro, no Hotel Cabana, em Teresina. Na pauta, a discussão de assuntos internos, como a perda de espaços políticos pelo PT dentro do governo Wellington Dias. Muitos petistas serão escanteados para abrir espaços para acomodar os novos aliados, como PMDB, PP, PSD. Outra polêmica em debate será o tratamento dado aos petistas pelos partidos que integram a base, "que se interessam pelo governador  e o PT que se dane", como reclama a senadora Regina Sousa, defensora assumida da tese de que os partidos é que devem ser fortes e não os políticos. Regina comentou sobre o "xadrez" político que o governador Wellington Dias vem montando já há algum tempo em nome da governabilidade. A senadora, única voz a se manifstar sobre as alianças em nível estadual, não esconde a desconfiança nos partidos que votaram pelo impeachment da presidente Dilma, que continuaram integrando a base ou que agora retornam para compor o governo de Wellington Dias. O tempo é quem vai dizer quem estava certo.  

Piauihoje: O PT concorda com a política de alianças, que vem sendo articulada pelo governador Wellington Dias?

Regina Sousa: A gente vai conversar para tentar convencer, o governador vai ouvir muita coisa, mas ele vai ouvir as críticas, vai ter alguns alertas, mas ele não vai mudar, ele já decidiu que quer. Eu não sei, talvez porque não acompanho muito o Wellington, mas não sei o que está perigando essa governabilidade aqui. Ele construiu uma maioria, trazendo um monte de gente... O que aconteceu para precisar vir agora o PMDB? Pensar em 2018? Para entrar uns teria que ter tirado outros, na minha opinião, senão esse barco vai ficar muito grande. Em 2018 não vai ter lugar para todo mundo”.

Como o PT pretende se manifestar, reagir a essa composição de forças? Como o partido vai agir para não perder tanto espaço no governo? DER, Justiça, Sasc... muito se fala sobre ocupação de cargos que hoje são do PT. 

“O PT não articula nada. Partido é partido, governo é governo. O PT não decide nada, dá palpite, mas não há deliberação do partido para mudança no governo, nunca teve, nem no governo do Lula, nem no da Dilma e nem no do Wellington. O PT ouve, analisa, critica, mas o partido em si, com opinião coletiva, não fez nada disso ainda. Nós pedimos que ele (Wellington Dias) converse com o partido e ele disse que vai conversar. Disse que as coisas ainda estão sendo esboçadas, sendo desenhadas, embora muita gente fale com a mais absoluta certeza, mas ele vai conversar com o partido, vai ouvir, claro que o partido dizer o que pensa disso, o partido não vai querer perder. Em tese, os cargos são todos do governador, mas a gente não pode sacrificar demais o PT porque Wellington sabe que na hora 'H' o PT é o único que ele tem certeza que fica com ele para o que der e vier. É preciso que ele considere isso também.

Senadora, há lugar para tanta gente na base? A aliança tem quatro vagas majoritárias para 2018. Não é gente demais para pouco espaço?

Eu acho assim, é minha opinião pessoal, fica grande demais. Será que em 2018 vai caber esse pessoal todo? Será que quando chegar lá em 2018 não vai haver defecções? Não cabe... São quatro cargos: governador, vice e dois senadores. Se você coloca uma arca muito grande, na hora de compor vai ter sempre alguém insatisfeito. Aí pode haver debandada. Esse é um cuidado que é preciso ter.

E a desconfiança? Como o PT vem negociando essa questão, depois do que houve com a presidente Dilma? O PT tem acusado o PMDB de ser o articulador do golpe... 

Não é só o PMDB. O Ciro (Nogueira, senador), o PP tinha um poder danado, ficou com a Dilma até faltando quatro dias para votação do impeachment e depois usou a tese da fidelidade partidária e votou contra ela. O PP pelo menos foi eleito com o Wellington... O PSD votou todo contra a Dilma. Ele (Dias) trouxe o PSD para compor a maioria, a governança na Assembleia. Então tem muita gente que votou contra a Dilma que está no governo do Wellington ou que está pretendendo vir. O problema é: eles vêm para ajudar, para construir ou vem para destruir, desmantelar, enfraquecer? Essa é a grande questão que se coloca. Gato escaldado tem medo de água fria. Vivemos um período muito recente de traição. Dilma foi traída, ninguém pode negar. Os caras ficaram no governo com ela conspirando para derruba-la. Como é que eu não vou ter desconfiança? Claro que eu tenho. Agora não é obrigado todo mundo concordar comigo. O governador confia plenamente senão não estaria montando esse xadrez. A história, o tempo é quem vai dizer.

Esse pensamento, essa desconfiança é voz geral no PT?

Acho que sim. Não digo a instância partidária, a Executiva, o diretório. Quando a gente anda no interior, é visível demais, a gente percebe a insatisfação, que não é de agora, dos petistas com o tratamento que se dá ao PT... é aquele coisa: Wellington é bom, mas o PT não presta. A gente está cansado disso. Os caras vêm pelo Wellington, não é pelo PT. Eles querem que o PT se dane. Isso precisa mudar.

Será que muda, se o PT também não confia nos aliados?

Essa relação precisa mudar. Sou da tese de que partido é que tem que ser forte. Só tem democracia com partido forte. Por isso que essa nossa democracia está fragilizada porque não existe partido forte. Como é que as pessoas te elogiam e esculhambam teu partido?

Como a senadora analisa as perspectivas do governador Wellington Dias para 2018?

Se não tiver nenhum acidente de percurso. [...] O Wellington Dias está bem. Não é céu de brigadeiro, mas é um dos melhores governadores do Brasil. Se o Wellington Dias continua dando conta do recado, e ele é uma pessoa que tem um carisma muito grande, onde chega as pessoas gostam muito dele, então, se não tiver nenhum acidente de percurso, de governança, que abale a popularidade dele, é traquila a perspectiva de reeleição".

Fonte: Redação

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