Polícia

Seis presos na Operação Natureza já estão em liberdade

Os funcionários da Semar também vão poder voltar a trabalho

Sexta - 31/08/2018 às 14:08



Foto: Alinny Maria Delegado Willame Moraes, coordenador da Divisão de Captura
Delegado Willame Moraes, coordenador da Divisão de Captura

O Grupo de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Civil do Piauí, em documento encaminhado nesta sexta-feira (31) à juíza Júnia Maria Feitosa Bezzera Fialho, da 4ª Vara Criminal, pediu o afastamento dos cargos e funções na Secretaria de Estado do Meio Ambiente, do superintendente da Semar, Carlos Moura Fé, e dos auditores ambientais Daniele Melo Vieira e Fabrício Napoleão. O pedido foi negado.

Os três foram presos ontem (30) durante a Operação Natureza e liberados mais tarde depois de serem ouvidos na sede do Greco, no bairro Cidade Nova, na zona Sul de Teresina.

“Nós solicitamos da autoridade judiciária que as os funcionários envolvidos não voltassem para as suas funções para não prejudicar as investigações, pedimos o afastamento das funções públicas, porque o ambiente que ocorreu a corrupção foi dentro da secretaria e eles retornaram para as mesmas funções de comando o que pode acarretar, não estou dizendo que vai, mas há possibilidade de dificultar a colheita de provas, a distribuição de provas, e continuar com as ações delitivas já que as pessoas estão na mesma função. O pedido de afastamento foi negado pelo Judiciário”, lamentou o coordenador do Greco, delegado Willame Moraes. De acordo com os delegados do Greco os suspeitos em liberdade podem subtrair ou alterar provas.

A juíza Júnia Maria Feitosa Bezzera Fialho, também determinou a não divulgação do conteúdo resultado da quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico dos acusados para não violar os direitos dessas pessoas.

 “A polícia na busca de provas usa várias ações. A prisão solicitada foi a temporária e serve para o delegado possa trabalhar com mais tranquilidade na coleta de provas, e uma vez atingido esse objetivo, pode ser determinado a soltura dos indivíduos. Foi isso que aconteceu. A delegada entendeu que já tinha provas o suficiente. As provas são bastante claras”, explicou Willame Moraes.. 

Nesta sexta-feira (31), dois servidores da Semar foram intimados para prestar esclarecimentos. O delegado Willame acrescentou que as provas coletadas serão analisadas, mais pessoas serão ouvidas e novas prisões poderão ocorrer. 

Silenciador

Um dos empresários presos ontem permanece detido. Carlos Alberto do Prado Tenório, o “Bebeto Tenório”, foi preso em flagrante pela posse de um silenciador de arma de fogo, o que exige uma autorização do Exército Brasileiro.

Entenda o caso

A Operação Natureza, deflagrada pelo Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), na manhã desta quinta-feira (30), cumpriu sete mandados de prisão, seis em Teresina e um em Brasília (DF), e dez mandados de busca e apreensão, inclusive na Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Piauí (SEMAR). O superintendente de Meio Ambiente da Semar, Carlos Moura Fé, e um parente dele, empresário César Luiz Barros dos Martírios Moura Fé, foram presos.

Carlos Moura Fé é dono da empresa Cmflorest Projetos Consultoria Ambiental Eireli, que presta consultoria para a Semar. César também é dono da M C Comércio Representacões e Distribuições Ltda. Outro empresário preso é Tiago Junqueira, dono da Real Regeneração Agroindústria, de Regeneração.

Vejam os nomes dos presos temporários:

Carlos Antônio Moura Fé - superintendente do Meio Ambiente da Semar 
Daniele Melo Vieira - auditora ambiental Semar 
Fabrício Napoleão Andrade - auditor ambiental Semar 
Carlos Alberto do Prado Tenório - empresário 
Cézar Luis Barros dos Matírios Moura Fé - empresário 
Ivoneta Gontijo dos Santos - empresária 
Tiago Maximiano Junqueira - empresário

Objetivo 

O objetivo da operação, segundo o Greco, é prender agentes públicos e empresários que cometeram crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, associação criminosa, advocacia administrativa, além de crimes ambientais. 

As investigações foram iniciadas em 2015, depois de denúncia anônima feita à Polícia Federal e encaminhada ao Greco. A investigação revelou atos ilícitos praticados por servidores da SEMAR-PI, tais como desvio de verbas públicas, o uso irregular de bens públicos, emissão de licenças ambientais de forma irregular, dentre outros. 

Mandados 

Os mandados foram expedidos pela Dra. Júnia Maria Feitosa Bezerra Fialho, titular da 4ª Vara Criminal de Teresina. Ao todo são 10 mandados de busca e apreensão e sete mandados de Prisão Temporária que foram cumpridos em Teresina-PI, Regeneração-PI, Guadalupe-PI e Brasília-DF.

O valor estimado de prejuízo à Administração Pública é de R$ 3.129.236,04 (três milhões, cento e vinte e nove mil, duzentos e trinta e seis reais e quatro centavos).

A operação contou como o apoio operacional da Diretoria de Inteligência da SSP e Polícia Civil (DINT), Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), Divisão de Operações Especiais (DOE), Delegacia de Repressão a Crimes de Internet (DRCI), Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), 4º Distrito Policial, Polícia Civil do Distrito Federal, 25º Batalhão do Exército Brasileiro e Tribunal de Contas do Estado.

Coletiva

O Delegado-geral de Polícia Civil, Riedel Batista; o coordenador do Greco, Willame Moraes, e a delegada Rejane Piauilino, também da Greco, concederam entrevista à imprensa às 11h, na sede da Delegacia Geral de Polícia Civil, para fornecer detalhes da Operação Natureza.

"Alguns empresários tinham acesso aos servidores da Semar que recebiam propinas em troca de facilidade nos licenciamentos nas áreas de carvoarias e plantação de eucalipto", revelou a delegada Rejane Piauilino.

“Há uma demora natural na apuração dos fatos, isso devido aos fatos complexos que demandam muita análise de dados, acompanhamentos também... e temos uma vasta quantidade de provas. A operação demandou muito tempo e esforço. Hoje estamos apresentando os resultados. Na operação, a gente sabe como iniciar, mas não sabemos como vai terminar", acrescentou o delegado-geral.

"É uma investigação onde infelizmente temos servidores públicos envolvidos que vinham praticando crimes, vendendo facilidades, principalmente relacionadas a licenças ambientais em várias situações. Essas facilidades eram oferecidas e em contrapartida existia o pagamento. Foi feito quebra de sigila bancário, fiscal, monitoramento, e todas essas provas estão no inquérito policial, onde algumas peças estão em sigilo e outras nós podemos divulgar”, adiantou Riedel Batista, na entrevista. "Os servidores era coptados dentro das suas respectivas áreas, de carvoarias, plantações, comercialização de objetos que necessitam de licenciamento por meio de pagamento monetário".

Nota do Governo do Estado:

"A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar) informa que está colaborando plenamente com a investigação em curso da Polícia Civil do Estado do Piauí, por meio do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), que investiga crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, associação criminosa, advocacia administrativa, além de crimes ambientais. 

As ações dos investigados ocorrem desde 2012 e a Semar se coloca à total disposição para esclarecer quaisquer questionamentos, sempre visando à transparência e o correto funcionamento da administração púbica".

Nota da Secretaria de Estado da Segurança Pública:

"A Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Civil do Estado do Piauí, através do Grupo de Repressão ao Crime Organizado – Greco, comunicam que na data de hoje (30), foi deflagrada a Operação Natureza que teve por objetivo prender agentes públicos e empresários que cometeram crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, associação criminosa, advocacia administrativa, além de crimes ambientais.

Foram expedidos pela Dra. Júnia Maria Feitosa Bezerra Fialho, titular da 4ª Vara Criminal de Teresina, dez mandados de busca e apreensão e sete mandados de prisão temporária que foram cumpridos em Teresina-PI, Regeneração-PI, Guadalupe-PI e Brasília-DF.

As investigações foram iniciadas em 2015, por meio de uma denúncia anônima feita à Polícia Federal e, posteriormente encaminhada ao Greco, visando apuração de ilícitos praticados por servidores da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Piauí (Semar-PI), tais como desvio de verbas públicas, o uso irregular de bens públicos, emissão de licenças ambientais de forma irregular, dentre outros.

As ações dos investigados ocorrem desde 2012 e o valor estimado de prejuízo à Administração Pública é de R$ 3.129.236,04.

A operação contou como o apoio operacional da Diretoria de Inteligência da SSP e Polícia Civil (DINT), Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), Divisão de Operações Especiais (DOE), Delegacia de Repressão a Crimes de Internet (DRCI), Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), 4º Distrito Policial, Polícia Civil do Distrito Federal, 25º Batalhão do Exército Brasileiro e Tribunal de Contas do Estado.

O Delegado Geral de Polícia Civil, Riedel Batista e o coordenador do Greco, Willame Moraes, receberão a imprensa hoje (30), às 11h, na sede da Delegacia Geral de Polícia Civil, para fornecer maiores detalhes sobre a Operação.

Teresina-PI, 30 de agosto de 2018".

Fonte: C

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