Saúde

INVESTIGAÇÃO

Lacen-PI faz descoberta inédita e detecta coronavírus no cérebro de paciente

O estudo foi feito em um paciente de Teresina, acometido recentemente pela síndrome de Guillain-Barré

Alinny Maria

Quarta - 21/10/2020 às 10:22



Foto: Divulgação Laboratório Central do Piauí ( Lacen)
Laboratório Central do Piauí ( Lacen)

Pesquisadores do Laboratório Central de Saúde Pública Dr. Costa Alvarenga, o LACEN Piauí, fizeram uma descoberta inédita relacionada ao novo coronavírus (SARS-CoV-2). Segundo o laboratório, foi detectado o material genético  do SARS-CoV-2  no líquido cefalorraquiano de um paciente vitimado recentemente por síndrome de Guillain-Barré em Teresina. 

Este é o primeiro caso documentado no mundo em que o vírus é detectado no sistema nervoso de um paciente com a doença. O exame foi realizado no setor de biologia molecular do LACEN-PI, através da técnica RT-PCR.

O líquido cefalorraquidiano é um fluido que envolve e protege o cérebro, a medula espinhal e as raízes de todos os nervos do corpo humano. Esse líquido é coletado por punção na região da coluna lombar, nos casos suspeitos da doença. A síndrome de Guillain-Barré é caracteriza-se pela perda aguda da força muscular e da sensibilidade nas pernas, nos braços, na face e até mesmo nos músculos da respiração. Geralmente, a doença é deflagrada por infecções virais ou bacterianas – especialmente a bactéria intestinal Campylobacter jejuni e o vírus Zika.

"Diante de uma infecção, por vezes o sistema imunológico do paciente confunde-se e passa a atacar os próprios nervos do indivíduo, reconhecendo erroneamente os seus envoltórios (bainha de mielina) como se fossem vírus ou bactéria a serem eliminados. Nessas situações, indica-se o uso da medicação “imunoglobulina humana hiperimune” (disponível pelo SUS), na tentativa de interromper o processo de lesão dos nervos pelo próprio sistema imunológico", diz trecho da nota informativa divulgada pelo Lacen-PI.

Investigação

Diante dos indícios iniciais de que a COVID-19 poderia atacar o sistema nervoso dos indivíduos, o programa local de vigilância epidemiológica dos agravos com manifestações neurológicas passou a incluir a pesquisa do SARS-CoV-2 no líquido cefalorraquidiano dos pacientes a partir de maio de 2020, no LACEN-PI. 

O exame de RT-PCR para o novo coronavírus foi adicionado ao painel de investigação laboratorial de herpes vírus, enterovírus e arbovírus  - dentre eles: Zika, dengue, chikungunya e vírus do Nilo Ocidental. O programa de vigilância foi iniciado pela Fundação Municipal de Saúde de Teresina (FMS) em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (SESAPI) e com o Instituto Evandro Chagas. 

Essa estratégia foi responsável pela detecção do primeiro caso de encefalite pelo vírus da febre do Nilo Ocidental do país, em 2014. Em 2019, o Piauí foi alvo de uma visita de uma equipe de neuroepidemiologistas do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), dos Estados Unidos, por conta dos resultados positivos do programa. 

Agora, o  Ministério da Saúde estuda a ampliação dos procedimentos de vigilância executados no Piauí para outros estados da federação.

Os testes realizados pelo Lacen-PI detectou Liquor positivo no paciente mencionado. A análise foi repetida três vezes e a amostra será enviada para o Instituto Evandro Chagas (IEC). Também foi feito procedimento de quimioluminescência do soro do paciente e detectado IGM e IGG. 

O Lacen-PI realiza coletiva de imprensa nesta quarta-feira (21) para repassar maiores detalhes sobre a descoberta inédita.

Fonte: Com informações do Lacen-PI

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