Economia

Roseana Sarney fala sobre sua saúde e se prepara para a 21ª cirurgia

Piauí Hoje

Segunda - 02/03/2009 às 04:03



Neste ano, 466.730 brasileiros receberão o diagnóstico de câncer. A doença, que avança em todo o mundo, deverá atingir 234.870 mulheres e 231.860 homens, segundo a estimativa mais recente do Instituto Nacional do Câncer (Inca). A taxa de mortalidade dos portadores das chamadas neoplasias malignas está em alta, de acordo com o Ministério da Saúde. De 2000 a 2005, o número de óbitos em cada 100 mil provocados pelos mais variados tipos de câncer cresceu 14,5%, no caso de mulheres; e 11,4%, em relação aos homens. O alto índice de morbidade faz com que os tumores malignos ocupem o segundo lugar no ranking das doenças que mais matam no país, perdendo apenas para as complicações do aparelho circulatório.O tipo de câncer que mais vai afetar os brasileiros neste ano é o de pele não-melanoma, com 115.010 incidências previstas. Em seguida, vêm os de próstata (49.530) e de mama (49.400). Entre as mulheres, depois do câncer de mama, o que terá mais ocorrências é o de colo de útero (18.680), e cólon e reto (14.500). Já entre os homens, os cânceres de traqueia, brônquio e pulmão (17.810) serão os de maior incidência, seguidos por estômago (14.080), cólon e reto (12.490), e cavidade oral (10.380).Para calcular a estimativa de novos casos, o Inca utiliza o Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde e os registros de base populacional, passados pelos municípios. Como somente 20 cidades brasileiras abastecem o banco de dados, não é possível fechar números concretos de incidência, apenas estimativas. Já a mortalidade é comprovada pelos atestados de óbito.LongevidadeDe acordo com o oncologista Ricardo Caponero, do Hospital Professor Edmundo Vasconcelos, de São Paulo, o aumento no número de casos está relacionado à longevidade da população, cada vez maior. Como um dos fatores de risco do câncer é a idade do paciente - quanto mais velho, maior a probabilidade -, é natural que a incidência cresça. "Para se ter uma ideia, calcula-se que, em todo o mundo, haverá o dobro de casos em 2023", diz. Caponero também explica que a cura de outras doenças que antes eram fatais, como a pneumonia, ajuda a elevar as estatísticas de câncer.O médico alerta que a doença também tem como causas a pré-disposição genética e a exposição ambiental a fatores como cigarro e poluição. Embora mudanças de hábitos possam ajudar a combater o aparecimento das neoplasias malignas, a medicina ainda não conseguiu prevenir o surgimento do câncer. O diagnóstico precoce, um aliado na luta contra a doença, ainda é um problema no Brasil. De acordo com Caponero, o tempo médio de espera para o resultado de uma biópsia feita pelo Sistema Único de Saúde é de um mês. E, quando se trata de câncer, cada minuto é importante para o paciente. A rapidez no diagnóstico é fundamental para se chegar à cura da doença.CautelaO oncologista do Hospital Sírio-Libanês Celso Massumoto observa que é preciso cuidado ao se falar na cura da doença. De acordo com ele, o acompanhamento do paciente deve ser permanente, para evitar que o tumor sofra metástases e se torne reincidente, como o câncer do vice-presidente da República, José Alencar, que, desde 1997, já fez oito cirurgias para retirada de tumores malignos. Descoberto em 2006, o câncer na região abdominal foi responsável pelas últimas cinco operações.O equilíbrio emocional e a força de vontade de Alencar, que comoveu o país com suas declarações ao deixar o hospital, são fundamentais para o restabelecimento do paciente.A superação de RoseanaCom uma voz mansa e olhar penetrante, algumas vezes sem rumo, a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) falou abertamente ao Correio em sua casa sobre todos os seus problemas de saúde. Dura na queda, a parlamentar se prepara para a 21ª cirurgia (leia cronologia), que deve ocorrer em março próximo. Ela vai tratar um aneurisma cerebral, descoberto num exame de rotina em novembro de 2008. "Era para ter feito isso logo no Natal e ano-novo, mas não quis deixar minha família preocupada", afirma.A senadora, que tem uma tendência a tumores, viveu seu pior momento em 1998. Naquele ano, ela retirou nódulos do pulmão, dos ovários, útero e trompas e um papiloma na mama direita, além de ter sofrido uma obstrução intestinal grave. Chegou a ser desenganada pelos médicos. "Não me entrego nunca. As pessoas que passam dificuldades também deveriam fazer o mesmo", aconselha.Filha do ex-presidente da República e atual presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney (PMDB-AP), Roseana recebeu em 2001 a notícia de que tinha dois carcinomas incito (câncer inicial) em uma das mamas. "Eu sempre tive a sorte de descobrir esses tumores e nódulos em estágio inicial e antes que se transformassem na doença", revela. Por isso, nunca precisou fazer quimioteria e radioterapia. "Mas se fosse necessário, eu enfrentaria tranquilamente", conta. Bem-humorada, a senadora diz que conhece tudo de hospital e dá até algumas dicas. "Nunca saio do hospital nos fins de semana. Porque se ocorre um problema, é difícil encontrar um médico para prestar uma assistência de emergência", ensina.Das 20 cirurgias que Roseana fez, apenas uma foi para fins estéticos. Em 2000, quando operou o joelho, ela se submeteu a uma lipoaspiração interna das coxas e na parte superior da barriga e ainda fez um preenchimento em volta da boca. "Como não podia mexer na parte inferior da barriga, decidi fazer em cima. Pelo menos uma cirurgia para me sentir mais bonita", ironiza.Um dos seus maiores prazeres - o cigarro - foi deixado de lado, por indicação médica, para se preparar para a cirurgia que vai fazer em março. "Gosto do cigarro e sempre tento negociar com os médicos uma forma de continuar fumando, mesmo que de forma moderada. Mas agora eu quero parar de vez. Para amenizar a vontade, procuro ingerir alimentos gelados, como picolé de limão", conta Roseana, que fixou residência há dois anos em Brasília.Rotina de Cirurgias e dores1973 - Aos 19 anos, estudante em Genebra, na Suíça, tem cistos no ovário e no apêndice1977 - Com 23 anos, faz várias cirurgias para engravidar1982 - Tem um tumor no intestino quando a filha adotiva tinha apenas 2 anos (hoje tem 29)1985/1989 - Durante o mandato de seu pai, José Sarney, na Presidência da República, descobre um pólipo no intestino1994/1998 - Em seu primeiro mandato como governadora do Maranhão, sente dores abdominais fortes e constantes1998 - Faz cirurgia para retirada de nódulos no pulmão, ovários, útero, trompas e papiloma na mama direita, além de obstrução intestinal grave. É desenganada pelos médicos2001 - Tem a patela esmigalhada ao cair em casa2002 - Diagnosticado outro nódulo na mama direita2004 - Descobre um tumor nas nádegas. Faz duas cirurgias para retirá-lo2005/2006 - Sente dores violentas de cabeça e o diagnóstico é de microfissuras na coluna por descalcificação provocada pelo encurtamento do intestino2007 - Sofre fratura no pulso esquerdo. Realiza cirurgia para implantação de três pinos. Consequência da fratura: Distrofia do Simpático Reflexo (DSR) - dores e deformação da mão2008 - Descobre num check-up de rotina um aneurisma cerebral2009 - Em março, será submetida a uma cirurgia para tratar o aneurisma. O procedimento será o 21º em seu corpo

Fonte: oimparcial

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