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Rio Grande do Norte construirá muro para separar facções em presídio de Alcaçuz

Nesta segunda (16), policiais militares entraram no presídio e retiraram cinco homens que, segundo o governo do Estado, lideraram o massacre que matou 26

Terça - 17/01/2017 às 14:01



Foto: agencia Brasil Rebelião Presídio Rio Grande do Norte
Rebelião Presídio Rio Grande do Norte

Detentos do presídio de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, seguem livres dentro dos pavilhões e ainda ocupam os telhados da detenção na manhã desta terça (17). O governo do Estado afirma que vai reformar o presídio para construir um muro separando as duas facções que controlam o local.

Nesta segunda (16), policiais militares entraram no presídio e retiraram cinco homens que, segundo o governo do Estado, lideraram o massacre que matou 26 presos no último sábado (14). Eles foram transferidos. O governo do Estado, no entanto, não revelou qual foi o destino.

A maioria dos mortos pertence ao Sindicato do Crime do Rio Grande do Norte, facção criminosa que domina a maioria dos presídios do Estado. O Sindicato é uma dissidência do PCC (Primeiro Comando da Capital) surgida por volta de 2012 da qual todas vítimas faziam parte. A detenção está dividida em dois setores. Em um lado estão detentos do PCC e do outro, do Sindicato do Crime.

O secretário de Justiça e Cidadania do Estado, Wallber Virgulino, afirmou nesta segunda que a polícia controla o presídio com agentes nas guaritas, mas reconheceu que a situação da estrutura é precária. "Os pavilhões estão destruídos e eles sobem nos telhados para tentar se defender", disse.Segundo ele, a intenção do governo é construir um muro para separar as duas fações. "No atual momento de crise, e com a superlotação, não podemos nos dar ao luxo de fechar uma unidade prisional no Rio Grande do Norte", afirmou.

As celas controladas pelo PCC estão quebradas ao menos desde 2015. Do lado de fora, policiais da Força Nacional seguem fazendo a segurança no entorno. "A guerra só vai acabar quando tirarem o PCC sair daqui, do presídio e do estado. Isso não vai ficar assim. Nós vamos atacar", gritou um preso que estava no telhado para a reportagem.

O governo do Rio Grande do Norte afirmou que o trabalho de identificação dos corpos deve levar cerca de 30 dias. Em Roraima, onde um motim deixou 33 mortos no dia 6, o governo demorou pouco mais de um dia para divulgar uma lista com os nomes de 31 vítimas.

Dois dos presos mortos no Rio Grande do Norte foram carbonizados e todos os outros foram decapitados. Segundo o diretor do Itep (Instituto Técnico Científico de Perícia), Marcos Brandão, não há marcas aparentes de perfuração por balas nos corpos, apenas por instrumentos cortantes - ainda é preciso fazer necropsia nos corpos para identificar as causas de morte.

A rebelião foi motivada por uma briga nos pavilhões 4 e 5 do presídio envolvendo as facções PCC e Sindicato do Crime. Segundo o governo, todos os mortos são ligados ao Sindicato do Crime. Houve uma invasão de um pavilhão por presos inimigos, o que deu início ao motim.

MORTES EM PRESÍDIOS

Com mais essas 26 mortes, o número de assassinatos em presídios pelo país chega a 134 casos nas primeiras duas semanas do ano. As mortes já equivalem a mais de 36% do total registrado em todo ano passado. Em 2016, foram ao menos 372 assassinatos -média de uma morte a cada dia nas penitenciárias do país. O Estado do Amazonas lidera o número de mortes em presídios com 67 assassinatos, seguido por Roraima (33).

No dia 1° de janeiro, um massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) deixou deixa 56 mortos em Manaus (AM), após motim que durou 17 horas. No dia seguinte, mais quatro detentos morrem na Unidade Prisional de Puraquequara (UPP), também em Manaus.Seis dias depois, uma rebelião na cadeia de Raimundo Vidal Pessoa deixou quatro mortos. Logo em seguida, três corpos foram encontrados em mata ao lado do Compaj. Com isso, subiu para 67 o total de presos mortos no Amazonas.

No dia 4 de janeiro, dois presos são mortos em rebelião na Penitenciária Romero Nóbrega, em Patos, no Sertão da Paraíba. Dois dias depois, 33 presos são mortos na maior prisão de Roraima, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista.Na tarde de quinta (12), dois detentos foram mortos na Casa de Custódia, conhecida como Cadeião, em Maceió (AL).

O presídio, destinado a abrigar presos provisórios, fica dentro do Complexo Penitenciário, em Maceió (AL). Jonathan Marques Tavares e Alexsandro Neves Breno estavam nos módulos 1 e 2 da cadeia, respectivamente.No mesmo dia, dois presos foram mortos em São Paulo, na Penitenciária de Tupi Paulista (a 561 km da capital paulista).

A Secretaria da Administração Penitenciária informou que eles morreram durante uma briga em uma das celas.Neste domingo (15), uma fuga na Penitenciária Estadual de Piraquara, no Paraná, deixou dois mortos. Um grupo explodiu, pelo lado de fora, um muro da penitenciária, que concentra membros da facção PCC (Primeiro Comando da Capital), segundo agentes penitenciários ouvidos pela Folha.

Fonte: Noticias ao Minuto

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