Política

PRISÃO

Motivação do assassinato de Marielle seria por divergências com grupo político

A motivação do assassinato de Marielle Franco teria sido pela disputa de regularização de territórios no Rio de Janeiro

Da Redação

Segunda - 25/03/2024 às 09:16



Foto: José Cruz/Agência Brasil Divulgação
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A motivação do assassinato de Marielle Franco teria sido pela disputa de regularização de territórios no Rio de Janeiro. Em coletiva de imprensa, nesse domingo (24), para apresentar os resultados da investigação, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, citou as divergências entre Marielle Franco e o grupo político do então vereador Chiquinho Brazão em torno do projeto de lei (PL) 174/2016, que buscava formalizar um condomínio na Zona Oeste da capital fluminense.

A citação foi durante a leitura de trechos relatório do Polícia Federal (PF) com mais de  470 páginas, além do destaque sobre as divergências de Marielle com o grupo, o ministro Ricardo Lewandowski, cita uma reação descontrolada de Chiquinho Brazão pelo resultado da votação da PL no Plenário da Câmara Municipal. Segundo relatório da PF, o ministro ainda afirmou que o crime começou a ser preparado ainda no segundo semestre de 2017. 

"Me parece que todo esse volumoso conjunto de documentos que recebemos, esse é um trecho extremamente significativo, que mostra, pelo menos, a motivação básica do assassinato da vereadora Marielle Franco, que se opunha, justamente, a esse grupo, que, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, queria regularizar terras, para usá-las com fins comerciais, enquanto o grupo da vereadora queria usar essas terras para fins sociais, de moradia popular", afirmou Lewandowski.

De acordo com o ministro, a PF apontou que Domingos Brazão, um dos envolvidos, possui longa relação com grilagem de terras e ação de milícias. O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, mencionou elementos apurados na investigação. 

"Motivação tem que ser analisada no contexto. O que há são várias situações que envolvem a vereadora Marielle Franco, que levaram a esse grupo de oposição, que envolve também a questão ligada a milícias, disputa de territórios, regularização de empreendimentos. Há seis anos, havia um cenário e culminou nessa disputa", afirmou o delegado.

A investigação da Polícia Federal concluiu que os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão contrataram o ex-policial militar Ronnie Lessa para executar a vereadora Marielle Franco, em 2018. Na ocasião, o motorista dela, Anderson Gomes, também foi morto. Fernanda Chaves, assessora da vereadora, sobreviveu ao atentado.

A conclusão está no relatório final da investigação, divulgado após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirar o sigilo do inquérito.

Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, e Chiquinho Brazão, deputado federal, foram presos na manhã de domingo (24), por determinação de Moraes.

Segundo o ministro da Justiça, o crime é relevador do "modus operandi" da milícia e do crime organizado no Rio de Janeiro.

"A partir desse caso, nós podemos talvez desvendar outros casos, ou seguir o fio da meada cuja dimensão não temos clara. Essa investigação é uma espécie de radiografia de como opera a milícia e o crime organizado no Rio de Janeiro". 

Delegado Envolvido

No documento da PF, os investigadores mostram que o plano para executar Marielle contou com a participação de Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Policia Civil do Rio. Segundo a PF, Rivaldo “planejou meticulosamente” o crime. Barbosa também foi preso na operação. De acordo com a PF, Rivaldo foi nomeado dez dias antes do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. 

Agência Brasil 


Ainda segundo a PF,  Richard Nunes bancou a nomeação de Rivaldo mesmo diante de um parecer da área de inteligência da pasta que não recomendava a efetivação. O general Richard Nunes também prestou depoimento aos delegados e negou ter ingerência na escolha de Rivaldo. 

"O que pode ser dito é que, antes do crime, havia uma relação indevida desse [Rivaldo], que era então chefe da Delegacia de Homicídios, depois, chefe de Polícia, para desviar o foco da investigação daqueles que são os verdadeiros mandantes do crime", observou o diretor-geral da PF.

Fonte: Agência Brasil

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