PF: ex-ministro Yomura era testa de ferro de caciques do PTB

Advogado foi indicado para dar continuidade às fraudes com registro sindical


Roberto Jefferson e Cristiane Brasil

Roberto Jefferson e Cristiane Brasil Foto: Reprodução/FB

Aliado da deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) e de seu pai, o ex-deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ), o ministro do Trabalho, Helton Yomura, é “testa de ferro” da cúpula do PTB, aponta a Polícia Federal. No relatório que resultou na suspensão de Yomura do ministério, a PF sustenta que o advogado foi alçado ao cargo para dar continuidade às fraudes na concessão de registro sindical, desarticuladas pela Operação Registro Espúrio.

Segundo a PF, Yomura tinha o papel de "viabilizar a ingerência" de Cristiane Brasil na pasta e "dar continuidade aos desmandos" do presidente do PTB, Roberto Jefferson, destaca a TV Globo. Nomeada para o cargo no início do ano pelo presidente Michel Temer, a deputada foi obrigada a desistir da indicação após decisões judiciais que a consideraram inapta para a função por causa de uma condenação trabalhista.

A terceira fase da Registro Espúrio, deflagrada nesta quinta-feira (5), resultou ainda na prisão do chefe de gabinete de Yomura e em buscas no gabinete do deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP). As residências do ministro afastado em Brasília e no Rio também são vasculhadas, assim como seu gabinete.

"O PTB hoje administra o Ministério do Trabalho. Houve denúncias, várias denúncias e a policial me informa que todos os deputados do PTB serão investigados, seus gabinetes, para ver se tem alguma ligação com concessões de registros de sindicatos", afirmou Marquezelli, que estava presente no momento das buscas.

Além de estar suspenso do cargo, Yomura está proibido de frequentar o ministério, de manter contato com outros investigados na Registro Espúrio e funcionários da pasta. A mesma restrição vale para Marquezelli. Ao todo são cumpridos dez mandados de busca e apreensão e três de prisão temporária em Brasília e no Rio.

Anunciada em maio, a operação desarticulou organização criminosa integrada por políticos e servidores acusados de cometer fraudes na concessão de registros de sindicatos pelo Ministério do Trabalho. Na ocasião foram vasculhados os gabinetes dos deputados Jovair Arantes (PTB-GO), Wilson Filho (PTB-PB) e Paulo Pereira da Silva (Solidariedade-SP).

Na segunda fase da operação, houve buscas nas residências e no gabinete de Cristiane Brasil. O Ministério Público chegou a pedir a prisão de Roberto Jefferson (RJ), mas a solicitação foi negada pelo ministro Edson Fachin.

Segundo a PF, as investigações e o material coletado nas primeiras fases da operação Registro Espúrio indicam a participação de “novos atores” e indicam que cargos da estrutura do ministério foram preenchidos por pessoas comprometidas com os interesses do grupo criminoso.

Entre outras irregularidades apontadas pelo Registro Espúrio estão a concessão de registros de entidades sindicais pelo ministério mediante o pagamento de propina e a prioridade dada a pedidos feitos políticos.

Fonte: Congresso em foco

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