Política

Juizes federais reagem: Renan Calheiros se acha acima da lei e da ordem

A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) reagiu de pronto aos ataques do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros

Terça - 25/10/2016 às 13:10



Foto: Reprodução Juiz federal Roberto Veloso, presidente da AJUFE
Juiz federal Roberto Veloso, presidente da AJUFE

A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) reagiu de pronto aos ataques do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao juiz federal da 10ª Vara Federal de Brasília/DF, Vallisney de Souza Oliveira, responsável pela Operação  Métis, inclusive pela decretação da prisão de quatro policiais legislativos na semana passada. Renan chamou Vallisney de "juizeco".

O presidente da AJUFE, juiz federal piauiense Roberto Veloso, divulgou nota ainda na noite de ontem (24) rebatendo as declarações do presidente do Senado, Renan Calheiros, contra a ação da Polícia Federal no Senado, durante a Operação Métis. Veloso reclama que Renan adotou comportamento típico de quem se acha acima de lei e da ordem.

“Comportamento típico daqueles que pensam que se encontram acima da lei, só leva à certeza que merece reforma a figura do foro privilegiado, assim como a rejeição completa do projeto de lei que trata do abuso de autoridade, amplamente defendido pelo senador Renan Calheiros, cujo nítido propósito é o de enfraquecer todas as ações de combate à corrupção e outros desvios em andamento no País”, diz a nota.

A íntegra da nota da Ajufe:

“Nota pública sobre declarações de Renan Calheiros acerca da Operação Métis. A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) vem a público manifestar repúdio veemente e lamentar as declarações do presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, que chamou de "juizeco" o juiz da 10ª Vara Federal de Brasília/DF, Vallisney de Souza Oliveira, responsável pela Operação  Métis, a quem se presta a mais ampla e irrestrita solidariedade.

Vale lembrar que tal operação refere-se a varreduras, por agentes da polícia legislativa, em residências particulares de senadores para identificar eventuais escutas telefônicas instaladas com autorização judicial, com o propósito de obstruir investigações da Operação Lava Jato, o que, se confirmado, representa nítida afronta a ordens emanadas do Poder Judiciário.

Tal operação não envolveu qualquer ato que recaísse sobre autoridade com foro privilegiado, em que pese o presidente do Senado Federal seja um dos investigados da Operação Lava Jato, senão sobre agentes da polícia legislativa de tal casa, que não gozam dessa prerrogativa, cabendo, assim, a decisão ao juiz de 1ª instância.

De outro lado, havendo qualquer tipo de insurgência quanto ao conteúdo da referida decisão, cabem aos interessados os recursos previstos na legislação pátria, e não a ofensa lamentável perpetrada pelo presidente do Senado Federal, depreciativa de todo o Poder Judiciário.

Esse comportamento, aliás, típico daqueles que pensam que se encontram acima da lei, só leva à certeza que merece reforma a figura do foro privilegiado, assim como a rejeição completa do projeto de lei que trata do abuso de autoridade, amplamente defendido pelo senador Renan Calheiros, cujo nítido propósito é o de enfraquecer todas as ações de combate à corrupção e outros desvios em andamento no País. Roberto Veloso - Presidente da Ajufe”

Fonte: Redação

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