Política

Judiciário reage à manobra do Congresso para barrar investigação do MP

Força Tarefa da Lava Jato ameaça parar as investigações em curso para apurar a corrupção no país.

Quinta - 01/12/2016 às 11:12



Foto: STF Presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia
Presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia

O Judiciário reagiu, de pronto, à manobra da Câmara dos Deputados - e que por muito pouco não foi ratificada ontem (30) pelo Senado Federal - que aprovou emenda ao pacote de medidas contra a corrupção que prevê as condutas pelas quais juízes e membros do Ministério Público poderão responder por abuso de autoridade. A Força Tarefa da Operação Lava Jato chegou a ameaçar parar as investigações em curso que apuram atos de corrupção cometidos por autoridades, políticos e empresários no país.

A presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, ministra Cármen Lúcia, divulgou nota oficial lamentando que a aprovação de proposta legislativa que prevê medidas de combate à corrupção venha a ameaçar a autonomia dos juízes e a independência do Poder Judiciário. 

A íntegra da nota:

“A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, reafirma o seu integral respeito ao princípio da separação de poderes. Mas não pode deixar de lamentar que, em oportunidade de avanço legislativo para a defesa da ética pública, inclua-se, em proposta legislativa de iniciativa popular, texto que pode contrariar a independência do Poder Judiciário. Hoje, os juízes respondem pelos seus atos, na forma do estatuto constitucional da magistratura. A democracia depende de poderes fortes e independentes. O Judiciário é, por imposição constitucional, guarda da Constituição e garantidor da democracia. O Judiciário brasileiro vem cumprindo o seu papel. Já se cassaram magistrados em tempos mais tristes. Pode-se tentar calar o juiz, mas nunca se conseguiu, nem se conseguirá, calar a Justiça”.

A presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Conselho da Justiça Federal (CJF), ministra Laurita Vaz, também reagiu à aprovação, pela Câmara dos Deputados, de normas que “visam a atingir a independência da magistratura e do Ministério Público”.

A íntegra da nota:

O fortalecimento do combate à corrupção e aos desmandos que insistem em promover uma sangria no Estado brasileiro necessita da colaboração de todos os Poderes.É lamentável que, em plena crise política, quando inúmeros crimes são investigados e seus autores punidos, haja iniciativa legislativa no sentido de aprovar normas que, claramente, visam a atingir a independência da magistratura e do Ministério Público. Utilizar-se do falso pretexto de reforço às investigações para, na verdade, adotar medidas no sentido de embaraçá-las configura inaceitável descompasso com o clamor da sociedade. Laurita Vaz - Presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Conselho da Justiça Federal (CJF)”.

Fonte: Paulo Pincel

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