Municípios

Grito da Terra reúne milhares de trabalhadores rurais em Teresina

A pauta de reivindicações foi entregue ao governador Wellington Dias pela Fetag

Terça - 23/08/2016 às 12:08



Foto: Samuel Brandão 21º Grito da Terra Piauí em Teresina
21º Grito da Terra Piauí em Teresina

O 21° Grito da Terra Piauí reúne milhares de trabalhadores rurais de vários municípios do estado, nesta terça-feira (23), em Teresina. A abertura aconteceu por volta das 7h na Avenida Marechal Castelo Branco, em frente à Assembleia Legislativa. Depois da concentração, a caminhada seguiu pela Avenida Fbrei Serafim até a Praça Pedro II e depois para o Palácio de Karnak, no Centro, onde houve concentração organizada pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Piauí (Fetag-PI). 

Ontem (22), o governador Wellington Dias, acompanhado de vários auxiliares, recebeu em audiência no PAlácio de Karnak, representantes da Fetag-PI para discutir a pauta de reivindicações do 21º Grito da Terra Piauí 2016, entre elas a consolidação dos direitos sociais e previdenciários, regularização fundiária, fim da violência contra a mulher, agricultura familiar, economia solidária, descentralização dos serviços de saúde e educação no campo.

Durante a reunião, o governador apresentou à Fetag as ações do Governo do Estado para a agricultura familiar. Dias informou que o Estado já entregou 2.936 títulos definitivos de doação para agricultores familiares em diversos municípios e já existem cerca de 635 títulos prontos para serem entregues; está implementando um programa de produção e distribuição de sementes tradicionais para os agricultores familiares e executando políticas de convivência com a seca através da construção de pequenas barragens e perfuração de poços.

“Recebemos as pautas da Fetag, das quais grande parte o Estado já está atendendo. Estamos tratando com o Poder Judiciário a estruturação da vara agrária de Bom Jesus, incluindo a agricultura familiar nas políticas de desenvolvimento territorial, elaborando projetos técnicos para fomentar a produção e certificação de sementes crioulas junto às comunidades rurais, dentre outras ações importantes para a população rural”, explicou o governador.

Presente ao encontro, o secretário estadual de Governo, Merlong Solano, reiterou que acompanha de perto as políticas públicas sociais junto à Superintendência de Relações Sociais (Supres) da Secretaria de Governo (Segov) e que o Estado vem avançando a passos largos na regularização fundiária, no desenvolvimento rural com a criação das Câmaras Setoriais voltadas para a apicultura, cajucultura, ovinocultura, etc., na estruturação dos escritórios do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) no interior  do estado a fim de oferecer assistência técnica qualificada e estruturando os órgãos estaduais para a Execução do Cadastro Ambiental Rural (CAR).

“Estamos empenhados em atender as demandas dos agricultores familiares e dar os encaminhamentos com a celeridade necessária garantir a implementação de ações que possibilitem a convivência com a estiagem sem prejudicar a produção agrícola”, garantiu Solano. O secretário explicou que o Estado irá beneficiar famílias com um plano de recuperação para as unidades produtivas do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF) em 33 municípios, está fomentando a economia solidária e oferecendo educação no campo através do Programa Viva Semiarido.

Nubia Lopes, superintendente de Relações Sociais e Institucionais da Segov destacou que a superintendência é a responsável por aproximar movimentos sociais e Governo do Estado e ficou responsável por receber as demandas da Fetag e encaminhar aos órgãos competentes. “Nos reunimos com Adapi, Emater, Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), da Saúde (Sasapi), da Educação (Seduc), da Assistência Social (Sasc) e Interpi para estabelecer esse diálogo”, explicou a superintendente.

A presidente da Fetag, Elisangela Moura, avaliou como positiva a reunião com os gestores e explicou que a Federação está se articulando para criar grupos de trabalho para discutir soluções para a estiagem no Piauí. “O Governo ouviu nossas solicitações e apresentou suas propostas e as ações que já vem executando. Acreditamos que juntos podemos planejar políticas públicas importantes para os trabalhadores rurais”, afirmou Elisangela Moura. 

Confira a pauta de reivindicações:


OS POVOS DO CAMPO GRITAM. NÃO ABRIMOS MÃO DE NOSSOS DIREITOS!


Do direito à terra, a justa regularização fundiária a produção de alimentos com respeito as pessoas e não aos produtos/commodities agrícolas, do direito à educação, saúde e ao trabalho digno, do direito a segurança, do direito à vida. Basta de violência contra a pessoa humana, em especial as mulheres.

Nesta 21ª edição do GTB, com o tema: Democracia Sim, Retrocesso Não, apresentamos nossas reivindicações, construídas por muitas vozes do campo com a perspectiva de serem consideradas e implementadas.

POR JUSTA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA

1. Elaboração do plano estadual de regularização fundiária dos imóveis de agricultores/as familiares do estado do Piauí para fins de titularidade.

2. Implementar de modo amplo e urgente o processo de regularização fundiária e de arrecadação das terras públicas irregularmente ocupadas, bem como, de reconhecimento e titulação das terras para por fim ao caos fundiário que impõe entraves a dinamização da política agrária e agrícola e, consequentemente à vulnerabilidade social dos trabalhadores e trabalhadoras rurais do nosso Estado.

3. Garantir que áreas não arrecadadas e que estão em processo de regularização fundiária não seja atingidas pelo projeto MATOPIBA.

4. Manter e Estruturar a Vara Agraria de Bom Jesus e Criar mais 02 (duas) varas agrárias, sendo uma, em Teresina e a outra em Picos, com plena estrutura para seu funcionamento.

5. Construir e implementar um Plano de Recuperação para as unidades produtivas do PNCF, que ainda não se viabilizaram, inclusive com a retomada das unidades produtivas vendidas ou repassadas a pessoas que não tenham perfil de beneficiário, transferindo-as às famílias que obedeçam aos critérios do Programa.

AGRICULTURA FAMILIAR, AGROECOLOGIA, ECONOMIA SOLIDÁRIA E SEGURANÇA ALIMENTAR

6. Priorizar as ações inerentes à Agricultura Familiar nas políticas de desenvolvimento territorial.

7. Implementar projetos voltados à produção e certificação de sementes crioulas, bem como o acompanhamento técnico e incentivo a criação de bancos comunitários.

8. Estruturar os escritórios locais do EMATER-PI, com infraestrutura operacional que possa garantir assistência técnica qualificada, bem como a qualificação do quadro funcional.

9. Implementação imediata da Lei 6.057 de 17 de janeiro de 2011, que institui a política estadual de fomento a economia solidária no estado do

Piauí, priorizando o cumprimento do Art. 17, que trata de lei especifica para criação do fundo estadual de fomento ao desenvolvimento da economia solidária.

10. Estruturação da ADAPI para garantir o acesso à certificação dos produtos da agricultura familiar em nível estadual (SIE- Selo de Inspeção Estadual), facilitando a inserção no mercado institucional como PAA e PNAE.

11. Estruturação dos órgãos estaduais para a execução do Cadastro Ambiental Rural – CAR, em caráter de urgência.

12. Criação de um Programa de Revitalização e Reflorestamento das matas ciliares dos Rios perenes e intermitentes no Estado.

13. Garantir um conjunto de ações voltadas ao combate à desertificação de áreas críticas no Estado, junto às secretarias de governo e órgãos vinculados.

14. Garantir políticas estruturantes de convivência com a seca no estado a exemplo de pequenos sistemas de irrigação, perfuração e equipamento dos poços tubulares, cisternas de placas para capitação de água para consumo e produção.

15. Criação de um laboratório para analises de solos que atenda agricultura familiar.

DIREITOS SOCIAIS E TRABALHO DIGNO

16. Assegurar o acesso à educação básica, contextualizada, à população do campo.

17. Priorizar ensino integral na zona rural, bem como o não fechamento das escolas do campo.

18. Garantir o acesso à saúde integral da população do campo, estruturando e ampliando o quadro funcional de médicos e especialidades nos hospitais regionais.

19. Criar coordenadoria da pessoa idosa, para implementação dos direitos e políticas voltadas para este segmento da sociedade,

20. Criação do CEREST´s Regional de Corrente e funcionamento imediato do CEREST´s de Uruçuí (dado à expansão do agronegócio no cerrado

piauiense com alto índice de contaminação por agrotóxicos), com qualificação de seus quadros para atender as especificidades e demandas dos trabalhadores rurais;

21. Equipar laboratórios públicos para a realização de exames toxicológicos visando à identificação imediata de intoxicação por produtos químicos (insumos, agrotóxicos e defensivos) garantindo vida e saúde do trabalhador e trabalhadora rural.

22. Elaborar e implementar um plano estadual de qualificação profissional para Juventude rural, que atenda a demanda da Agricultura Familiar.

23. Criação da câmara setorial da cera de carnaúba, para organizar a cadeia produtiva do extrativismo da palha de carnaúba.

24. Implementação do plano estadual de combate a trabalho escravo com a garantia de recursos no PPA e repasse para a execução das ações.

25. Ampliação do Programa de Saúde Básica na Área Rural – PROSAR, para outras regiões.

EM DEFESA DA VIDA E CONTRA A VIOLÊNCIA

26. Criar Delegacia regional do Idoso em Bom Jesus e Parnaíba, em 2016.

27. Ampliar a criação das delegacias regionais da mulher, priorizando a contratação de quadro funcional feminino, bem como, estruturar as existentes.

28. Estruturar a Delegacia da Mulher de Teresina com equipe multidisciplinar.

29. Ampliar o efetivo de policiamento em área rural.

30. Que o Governo do Estado priorize a implantação e imediato funcionamento da Casa da Mulher Brasileira.

Fonte: Redação/CCom

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