Foto: Reprodução
Idosa foi mantida em trabalho análogo ao de escravidão por 72 anos
Maria de Moura, de 87 anos, foi resgatada de uma situação análoga a de escravidão após passar 72 anos trabalhando sem remuneração para uma família em Vassouras, no interior do estado do Rio de Janeiro. Mesmo quase cega e com traços de demência Maria era privada de seu celular e de sair da residência da família. A situação de exploração veio à tona em março de 2022, quando o Ministério Público Federal (MPF) descobriu que ela estava sendo mantida em condições análogas à escravidão.
Nesta semana, a Justiça aceitou a denúncia do MPF (Ministério Público Federal) contra Yonne Mattos Maia e seu filho André Luiz Mattos Maia Neumann, os antigos patrões de Maria. Eles são acusados de trabalho escravo.
Controlada em suas visitas à própria família e privada de seu celular, Maria passou todos esses anos sem liberdade e sem remuneração pelo trabalho. O Ministério Público do Trabalho (MPT) a resgatou após uma denúncia anônima, encontrando-a em estado debilitado e sem plano de saúde.
A denúncia revela ainda que, no momento da inspeção, o cartão do INSS de Maria estava em posse de André, que admitiu ter a senha. Embora Maria tenha uma aposentadoria como autônoma, graças ao apoio de sua irmã, André estava se apropriando indevidamente de seus recursos.
A defesa alega que Maria era tratada como “parte da família”, frequentando eventos sociais e viagens. Na realidade, era mantida em condições desumanas, trabalhando exaustivamente sem receber pagamento e sem liberdade de ir e vir.
Atualmente, ela recebe um salário mínimo da família Mattos Maia por decisão judicial enquanto aguarda o desenrolar do processo. A defesa dos acusados insiste que Maria seja ouvida no julgamento, mas seu estado de saúde, marcado por sinais de demência, complica esse pedido.
Embora o caso tenha se passado no Rio de janeiro, a situação de diversos trabalhadores resgatados de situações análogas a de escravidão não é tão diferente no Piauí. Em 2023, o Piauí teve 159 trabalhadores resgatados, tornando-se o primeiro lugar do Nordeste com mais registros de trabalhadores resgatados de condições análogas à de escravidão.
A produção de carnaúba representa o cenário com mais resgates. Foram 86 pessoas resgatadas, 54% do total. Em seguida vem extração de pedra, com 39 pessoas (24,5%); catação de raízes, com 19 pessoas (11,25%); pecuária, 5 pessoas (3,15%); produção de concreto, 8 pessoas (5%) e trabalho doméstico com 2 pessoas (1,25%).
Fonte: Mídia Ninja
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